quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Antes só...

Uma amiga fez um comentário ontem que me fez refletir sobre a minha atual (e recente) condição de solteira. Ela disse que eu sou igual a Isabel da novela do Manoel Carlos. Pra quem não sabe, a Isabel é a personagem da Viviane Pasmanter, uma fotógrafa bem sucedida que vive sozinha com um cachorro e parece ser bem feliz assim. Tirando a parte do "bem sucedida", eu acho que pareço mesmo com a Isabel. Cheguei a conclusão que não preciso de namorado, marido, ou afins, pelo menos não agora. Estou me sentindo assim...livre!! Ficar solteira, definitivamente, é uma maravilha...

No domingo, por exemplo, eu tive um dia que seria impossível se estivesse namorando. Aproveitei que estava em casa sozinha (coisa raríssima) e peguei um filme, comprei um vinho e umas coisinhas pra preparar um almoço (só pra mim). Fiquei lá, ouvindo um Fundo de Quintal nas alturas (sem homem pra reclamar que prefere rock), preparando meu almoço (sem homem pra perguntar "falta muito pra ficar pronto?" a cada cinco minutos) e tomando meu vinho (sem homem pra insinuar "vai ficar doidona, hein"). Depois vi o meu filme, li um pouco e dormi até dizer chega. Perfeito!!!

Pros que estão achando que é papo de mal amada ou falso discurso de "mulher-metida-a-bem-resolvida-que-no-fundo-tá-doida-pra-casar", apresento alguns argumentos que confirmam minha tese. É perfeito estar solteira porque:

1- Não preciso depilar a virilha semanalmente;
2- Posso sair com um grupo de amigos na sexta e com outro no sábado, sem dar satisfações a ninguém;
3-Não preciso dar desculpas esfarrapadas para não fazer sexo quando não estou a fim;
4- Não preciso me preocupar com meu hálito quando acordo;
5- Posso programar viagens, fugidas e passeios sem ter que consultar a agenda de ninguem;
6- Vou sozinha a encontros de colegas de profissão, o que significa que não terei que passar pelo constrangimento de incluir um namorado num assunto sobre o qual ele não entende porra nenhuma;
7- Não corro o risco de ser traída ou de levar um pé na bunda;
8- E, o melhor, posso paquerar a vontade...hehehe


Portanto...mulheres encalhadas, sorriam! Ficar sozinha pode sim ser a melhor opção.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Issaaaaaaaaaaa

Tinha que ser na província de Araribóia...

Quem é de Niterói sabe: período eleitoral é época da Kombi do Issaaaaaaaaaaaaaaaa circular pela cidade. Quem é Issaaaaaaaaaaaa? De longe, o maior figuraça deste pleito. Alias, deste e de outros. Em 2002, estava lá. Em 2004, também. Vereador ou deputado, não importa! Issaaaaaaaaaa quer um cargo eletivo! E tenta chegar lá da forma mais prosaica possível. O cara não tem cabos eleitorais distribuindo seus panfletos nas ruas ou tremulando bandeiras com seu numero. Também desconheço a existência de placas, faixas e qualquer tipo de material expositivo da candidatura Issa na cidade.

Ele divulga sua candidatura circulando pelas ruas da Província em uma Kombi branca. Durante as viagens, acena sorridente pras pessoas, enquanto um irritante jingle ecoa dos alto falantes do carro:

Chegou a hora
Faça justiça
Pra estadual vamos votar no Issa
Ele só pensa no bem comum
Vote 11 621


E o refrão (surreal):

Issaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

O jingle é o mesmo em todas as campanhas. Ele deve ter gravado em outros tempos e reaproveitado pra economizar. Seria cômico, se não fosse trágico. Não sei porque, mas Issaaaaaaaaaa incluiu minha rua em seu itinerário diário. Portanto, ouço esta merda diariamente, e o que é pior, às 8h da manha. Inclusive aos sábados e domingos!!!!

O mais impressionante é que o troço pegou. Efeito osmose! Outro dia, tomava um café numa lanchonete do meu bairro quando passa a famigerada Kombi. Todos repetiam, as gargalhadas, o refrão Issaaaaaaaaaaaaaaaaa. Hoje, quando vinha trabalhar, presenciei o mesmo fenômeno. Dezenas de pessoas...Casaizinhos, idosos, vendedores de loja, entregadores de papeizinhos. Quase todos gritavam Issaaaaaaaaaaaaa quando a Kombi passava no centro de Niterói!! Impressionante...

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Para reflexão de todos, uma frase dita com freqüência por um amigo, o jornalista Antônio Figueiredo:

- De concessão a concessão, se chega a prostituição.

Sábio Figueiredo...

Musa de caminhoneiro

Muita gente tem me perguntado o porquê do nome deste blog e decidi que está na hora de explicar. Quem deduziu que se trata de uma referência a minha pessoa, estava certo. A musa em questão sou eu mesma. E antes que pensem que estou "me achando" por ter me intitulado musa, quero deixar claro que o pseudônimo não é uma auto-exaltação. Ao contrário! Bem, vamos a explicação...

Quem me conhece sabe que incorporei alguns centímetros à minha silhueta de uns tempos pra cá. Fenômeno, aliás, que meu amigo e ex-chefe Ostiano, profético, havia previsto na distante copa de 2002, quando eu era estagiária de esportes de O Fluminense, e modéstia à parte, dona de um ajeitadinho manequim 38. Nessa época, devorava sem medo significativas fatias de pizza e generosos raposões do Riviera (um clássico da redação de O Flu) e não engordava um grama sequer.

Pois Osti (para os íntimos)- que é flamenguista e pegava no meu pé porque era estagiária e tricolor- praguejava:

"Tati gorda! Pensa que vai ser magrinha assim pro resto da vida? Você vai engordar"!

E citava como exemplo uma ex-repórter do jornal que, segundo ele, ostentava uns 150 kg depois de ter sido eleita, nos tempos da máquina de escrever,"a mais gostosa da redação".

Bem...o fato é que, como sempre desconfiei, praga de flamenguista costuma ser forte. Porra, Osti! Não é que as calorias ingeridas no período de sedentarismo da redação começaram a fazer efeito mesmo? Dos tempos de manequim 38, só restaram minhas calças jeans aposentadas no cabide...Hoje não passam da coxa!

É verdade que não me tornei necessariamente uma baleia (ainda) mas fiquei assim, digamos, "bem fornida de carnes". Como a maioria das mulheres brasileiras, não faço o tipo esguia como a aquela exígua modelo da abertura de Belíssima. O que significa que grande parte dos 10 kg adquiridos nos últimos dois anos (sim, foram 10 kg) concentraram-se cruelmente no meu quadril (vulgo culote) e na..."parte traseira" da minha anatomia! Conclusão: virei o tipo que ouve aquelas cantadas de pedreiro, caminhoneiro, entregadores de água...Pérolas do tipo: "Que saúde, hein morena?!" ou ainda: "Que coxão, hein?!" O fato é que meu ibope anda alto junto às classes populares. Em outro jornal onde trabalhei, poderia ter sido eleita a "Miss Garagem", tal era o sucesso que fazia com os motoristas.

Constatei definitivamente esse "dom" num episódio ocorrido recentemente. Era um periodo em que estava quase esférica, com minha auto-estima lá em baixo, me achando roliça e fora de forma. Sempre que saía de casa, ouvia os mais variados tipos de elogio dos peões da obra da Ceg que acontecia na minha esquina. Já havia até me acostumado e atétirava de letra. Até que um dia, um dos peões- um rapaz desprovido dos dentes incisivos, coitado- vira-se sorridente para outro que trabalhava ao lado e diz:

-Alá, fulano. Ela hoje tá cheia de graça!

O que já era um drama, virara então motivo para pensar em suicídio. Me tornara a musa dos peão da Ceg!

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Shopping e celular: O inferno existe


Superado o trauma de ver meu celular comprado há dois meses submergir numa poça d`água, tomei coragem pra ir compra outro aparelho, já que enquanto jornalista assoberbada, atarefada e cheia de compromissos, não posso viver sem o bendito aparelhinho.

Já sai de casa de péssimo humor por ter que entrar num shopping em pleno sábado, coisa que eu odeio. Chegando lá, percebi que o meu calvário seria pior que o imaginado. Era véspera do dia dos pais! Como não tenho mais pai, havia me esquecido completamente deste detalhe. Puta que pariu! Era a visão do inferno!!

Fila na escada rolante, lojas absurdamente lotadas. E a loja da Tim, onde eu deveria ir, era uma das mais cheias. Por que caralhos virou moda presentear pai e mãe com celulares nos seus respectivos dias? Coisa mais cafona! Enfim...

Depois de meia hora de espera, consegui ser atendida e, pra minha total decepção, fui informada que não ganharia desconto em novo aparelho, pois meu contrato tem menos de seis meses. Conclusão: embora meu plano seja de conta, teria que pagar o preço de aparelho pré-pago. Usei de um eufemismo pra mandar a gerente tomar no cu e me dirigi a outra sucursal do inferno aqui na Terra, a Casa & Vídeo, pra comprar um daqueles aparelhos desbloqueados.

Não preciso nem dizer que fiquei meia hora numa fila pra escolher o aparelho, outra meia hora na fila pra pagar, uma encarnação esperando a aprovação do credito e mais um equinócio aguardando o vendedor voltar do maldito estoque. E sai de lá com mais uma prestação...

Como dizia vovó, todo castigo pra pobre é pouco!

O presidente e a Província de Araribóia

Lula ama Niterói. Compreensível, já que a cidade, além ficar pertinho da capital, é cheia de estaleiros e, portanto, cheia de petroleiros e metalúrgicos, o "eleitorado trabalhador" tão fiel ao presidente! Também atrai o chefe maior o fato de a nossa cidade ser governada por um petista. E aí que eu me ferro! Como funcionária de cargo comissionado da prefeitura, sou inevitavelmente "convidada" a participar das solenidades lulísticas aqui na Província de Araribóia.

Já fui à inauguração de plataforma (que ainda não estava pronta), assinatura de acordo para encomenda de petroleiros, e ainda despenquei pro Clube Mauá, na vizinha São Gonçalo, para assistir a uma incrível solenidade de "lançamento de pedra fundamental" de uma nova refinaria da Petrobrás. Nossa! Se existe inferno, acredito que tenha um cenário parecido com aquele.

A temperatura chegava a 40º (quem conhece São Gonça sabe o que significa um dia de calor na cidade)! Centenas de criancinhas (que chegaram em ônibus fretado pela prefeita, que é do PFL, mas afaga o presidente) corriam e gritavam pelo lugar, enquanto mamães e professoras assistiam empolgadas ao discurso do nosso presidente num telão (isso mesmo, não coube todo mundo na parte interna do clube. Grande parte ficou de fora vendo tudo no telão). Enfim...

Mas no quesito perrengue, nada se compara ao que eu passei durante a última passagem do ilustre representante maior da nação por essas bandas...Dessa vez, ele não veio como presidente, mas como candidato, pra fazer um comício. Num fim de tarde de sexta-feira, era prenuncio de um programa inesquecível! E foi...

Quando cheguei, já me deram uma bandeira pra eu incorporar o clima de cabo eleitoral. Com o adorno em punho, pensei que bastava esperar a chegada no presidente-candidato e partir para minha noitada sagrada de sexta-feira. Ledo engano...a organização do comício preparou uma prévia: os candidatos a deputado fariam discursos. Mais de 20 candidatos! Meu consolo foi o discurso de um candidato a deputado estadual campista totalmente fanho, que me rendeu boas risadas naquele momento de mau-humor.

Terminada esta etapa, achei que terminaria também meu calvário. "O presidente vai chagar logo, vai fazer sua fala e eu vou poder ir embora me preparar pro meu sambinha", pensei. Mais uma vez, estava enganada...
O homem só chegou meia hora depois. O que ficamos fazendo nesse ínterim? Ouvindo exaustivamente o jingle É lula de novo, com a força do povo enquanto um cara, que mais parecia um animador de programa de auditório, clamava aos berros:

-Quem vota em Lula, levanta a mãããããão!

Pedido intrigante. Será que algum eleitor do Alckmin sairia do trabalho numa sexta-feira e, ao invés de tomar seu chopp, iria direto para um comício do PT? Bem...

Por volta de 8h da noite, o comício, enfim, acabara. Me preparava pra ir pra casa, me arrumar pro meu sambinha, quando alguém esbarra na minha bolsa, fazendo meu celular ser projetado direto pra uma poça d'água, onde submergiu e...morreu. Era tudo que eu precisava. Com minha conta no vermelho e meu limite do cartão de crédito estouradíssimo, ter que comprar um celular novo. Mas essa história fica pro outro post...

Pelo menos, consegui ir pro meu sambinha...

Sambinha de sexta

Às vezes acho que a proximidade dos 30 me deixou meio chata. Não tenho mais nenhuma tolerância com lugares muito cheios, tumulto, playboysada, musica ruim...por isso não vou mais a boates, chopadas e recuso educadamente convites para churrascos onde eu sei que vai tocar axé (tenho vontade de cometer atentados quando ouço coisas do tipo "Sou praieiro, sou solteiro...".

E como hoje em dia é difícil encontrar lugares que fujam desse estereótipo, quase não saio mais. Até o Candongueiro-antigo reduto da boemia sambista- passo a ser freqüentado por seres fortinhos de abadá!! Mas felizmente, ainda há lugares que se salvam no Rio de Janeiro. E um deles é o Trapiche Gamboa, no Centro da cidade, para onde fui na sexta à noite com uma amiga.

Lugarzinho simpático esse! Logo que cheguei, fiquei impressionada com a decoração. O lugar é uma espécie de galpão bem antigo, que foi restaurado e ficou uma graça. E a cozinha faz umas comidinhas maravilhosas e baratas. Comemos uns bolinhos de aipim com camarão tentadores. E a música? Sempre tem uma roda de samba, cada dia com um grupo diferente. Não me lembro o nome do que tocou na sexta, mas era simplesmente perfeito. Formado por uns coroinhas simpaticíssimos, tocava sambas de Cartola e Noel a Zeca Pagodinho e Roberto Ribeiro. Dancei até com um garçom!

Mas o melhor do lugar era o público. Gente mais velha, alguns da minha faixa etária... mas ninguém de 18 anos!! Não havia menininhas saradas, de cabelo liso e argolão, que parecem produzidas em série. Nem tampouco bombadinhos de abadá ou hypes de cabelo cacheado. Definitivamente, não é um lugar de "gente bonita". Que bom! Credenciado pra ser frequentado por uma pré-balzaca ranzinza!

Já quis ser a Clarice Lispector

Sempre gostei de escrever, mas nunca fui assim...uma Clarice Lispector. No entanto, a família elogiava minhas "obras". Minhas tias levavam meus escritos para mostrar aos amigos do trabalho e as professoras do primário (sim, na minha época ainda não era "ensino fundamental") diziam pros meus pais que eu tinha um "precoce talento literério".

Deveria ser crime inafiançável enganar crianças...eu acabei acreditando que era aquilo tudo mesmo! E me tornei uma adolescente meio metida a intelectual e chatinha pra cacete! Tinha um livro em que escrevia umas poesias toscas (o qual minha mãe guarda até hoje como se fosse uma obra-prima), fazia o jornalzinho da escola, escrevia peças teatrais (inacreditavelmente ruins) e ganhava com freqüência os concursos escolares de redação, o que levou meu pai a pensar que seria uma escritora famosa.

Bem...se meu pai ainda estivesse por aqui, ele não teria muitos motivos pra se orgulhar, a não ser o fato de eu ter caído na real. Nunca ousei publicar nem um daqueles livrinhos vendidos por hipongas na Lapa. Virei jornalista. Não que todo jornalista seja um escritor medíocre. Até tenho uns coleguinhas que escrevem contos fantásticos.

Mas meu "precoce talento literário", que já não era lá essas coisas, sucumbiu aos exercícios de técnica de reportagem praticados exaustivamente na faculdade...Hoje, só sei fazer um texto que tenha lead. No entanto...vou tentar escrever algumas besteiras por aqui. Escrever diariamente num blog vai, ao menos, justificar a dívida que contraí pra comprar este pc...