terça-feira, 31 de outubro de 2006

Frases que li ainda há pouco na porta de um banheiro na Cobal do Humaitá:

"Nomear as coisas é tirar 80% da essência que elas têm"

E uma outra, abaixo, com uma setinha indicando para a primeira:

"Pega a minha essência e balança"

sábado, 21 de outubro de 2006

Ainda bem que não é hereditário...

Minha família é mesmo fantástica! Vejam só que papo edificante entre mamãe e meu irmão durante o almoço de hoje:

Meu irmão:
-Vai votar no Sérgio Cabral?
Eu:
-Tá maluco. Não voto em ladrão!
Meu irmão:
-E daí! Todo mundo rouba! Eu mesmo, se tivesse lá, roubaria muito!

Nesse momento, mamy, que até então estava na cozinha (de onde não deveria ter saído), aparece para, como sempre, dar razão e reforçar os impropérios que o meu irmão diz:

-Tá é certo! O importante é fazer. Se roubar e fizer, não tem problema nenhum. O Sérgio Cabral rouba, mas fez o alargamento do canal do Cajuru (???). Vou votar em quem? Na sapatão da Denize Frossard?

Meu irmão(em tom mais elevado, depois de ganhar uma aliada):
-E digo mais. Não só roubaria muito como também empregaria minha família toda. Até o Dudu (um primo nosso de caráter duvidoso). Aliás, o Dudu seria meu chefe de gabinete! (gargalhadas)

Mamy:
-Errado é desviar dinheiro de merenda escolar e hospital. Mas qual é o problema em superfaturar uma obra? O fulano, amigo do seu pai, superfaturou uma obra na prefeitura de Macaé e comprou logo uma cobertura em Ipanema. Tá com a vida ganha! E você (pra mim)? Fica aí com esse papo ético, por isso é que tá pobre e devendo ao banco!

Meu irmão:
-Não adianta falar, mãe. Ela é otária! Trabalha com político e ainda não conseguiu tirar nenhum proveito

E pra finalizar, muito puto, me pergunta:
-Em que mundo você vive? Não existe mais ninguém igual a você hoje em dia

Nesse ponto, ele não deixa de ter uma certa razão...

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Desventuras amorosas- mais uma da série

O micareteiro

No começo ele era como os outros. Lindo, gentil, interessante...Se referia a mim como "amor da minha vida" e outros clichês do gênero que, apesar do lugar comum, sempre funcionam. Mas o final dessa história não poderia ser mais desastroso: o referido sujeito me trocou por uma micareteira num carnaval em Salvador!

Ele era policial da Core (odeio policiais, mas abri uma exceção). O conheci na época de repórter, quando cobria uma incineração de drogas no Aeroporto do Galeão (não consigo me acostumar a chamar de Internacional Tom Jobim). Ele estava no grupo que fazia a segurança do secretário de segurança (desculpem, mas não achei um sinônimo para segurança).

Cheguei atrasada na pauta- o que sempre acontecia no jornal de ótima estrutura em que trabalhava- e fui pedir uma informação a ele. Juro que o escolhi aleatoriamente. Tudo bem, o cara era gato. Mas quem é do Rio sabe. A Core é composta por homens gatos. Aliás, gatíssimos. O que significa que se tivesse adotado o critério beleza pra escolher minha fonte, teria pedido informações aos 20 que estavam lá. Enfim, foi ele...

Embora fosse impossível ignorar que a minha fonte era um belo exemplar da espécie, estava tensa por ter me atrasado, por ainda ter duas pautas pra apurar, enfim...Sem clima pra puxar qualquer assunto que não fosse o diabo da informação de que precisava pra matéria. E foi justamente isso que intrigou o rapaz. Acostumado a ouvir com freqüência todo tipo de cantada, ele deve ter se sentido ofendido quando uma moça se aproximou dele apenas pra perguntar se "estavam incinerando só maconha ou havia cocaína também".

Acho que mexi mesmo com o ego do rapaz. O fato é que me ligou três dias depois. E antes que pensem que eu dei meu cartão ou coisa assim, acreditem: ele descobriu sozinho! Viu meu nome no crachá, ligou pra redação é pediu. Tava muito afim de mim, né? Pois é...Era o que parecia, até o bendito carnaval.

Depois do tal telefonema, começamos a sair. Como já havia dito, o homem prometeu amor eterno e outras bobagens que a gente acredita quando quer. Era um doce e razoavelmente inteligente, embora insistisse em colocar um maldito cd do Asa de águia (urgh) no som do carro. A trilha sonora acabava com o meu humor, e ele percebia. Talvez por isso, não tenha me convidado pra ir passar o carnaval com ele em Salvador.

Tá certo! Eu não poderia ir porque estava trabalhando. E porque odeio axé e trio elétrico! Mas ia gostar de ser convidada...Até pra dar uma de liberal! "Não posso, querido, estou de plantão. Mas não se prenda por minha causa. Vá e divirta-se. Fico te esperando"

A última frase ao menos eu tive o gostinho de falar, quando ele me ligou horas antes de viajar dizendo que me "amava". Achei tão convincente que decidi, seguindo o conselho da minha amiga Flavinha Risso, ignorar que ele iria beijar várias e recebê-lo de volta na quarta-feira com "cara de paisagem". Afinal, pegação de carnaval começa e termina no carnaval, não é mesmo? Sim, quando trata-se de outras pessoas. Mas como era comigo...

O fato é que o cidadão voltou de viagem, me ligou e disse que tinha conhecido uma mulher no bloco do Chiclete (urgh), ela era do Rio, morava no bairro dele (olha só!!) e a coisa teve um happy end. Agora digam: sou ou não um ser azarado no quesito amoroso? Só um ser azarado tem um peguete empolgadíismo, quase a seus pés, que conhece uma mulher da mesma cidade ( e do mesmo bairro) no carnaval da Baía e resolve levar a frente um romance de carnaval! Aaaaaaaaaa

Bem, mas como dizia meu ex-chefe Celso Junior... "melhor dar azar do que dar a Zé". Certamente, não teria muito futuro com um sujeito que escuta Asa de Águia no carro e compra abadá pro Chiclete. Definitivamente, não perdi muita coisa...

terça-feira, 10 de outubro de 2006

"Só proteína"

Ainda estou feliz solteira, mas um momento de carência recente até me fez pensar em rever meu fechamento pra balanço. Vontade que deu e passou depois de uma constatação que tive na primeira noite em que sai com essa intenção: a quantidade de homens babacas disponíveis é maior que a demanda. Odeio generalizações, mas começo a desconfiar que aquelas máximas de revista feminina são verdadeiras: os homens interessantes da minha faixa etária, ou estão casados, ou não são chegados! Impressionante...

Relatarei um episódio que ilustra minha teoria. E mais uma vez, mostra que não tenho mesmo sorte com o sexo oposto...

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

"Só proteína"-continuação

Fomos curtir um sambinha no Carioca da Gema, eu e duas amigas. Sem qualquer intenção que não fosse a de curtir o samba e tomar umas cervas, juro! Ao contrário dos homens que estavam lá, uns mauricinhos metidos a cult que te chamam pra dançar (embora dancem mal pra cacete) e, se aproveitando da proximidade natural ao ato, tentam te tascar um beijo no final. Não existe mais dança despretensiosa na night...um saco!

O fato é que acabei vítima de um espécime desses. Descia as escadas que dão pro salão, quando o cidadão me abordou. Apesar da cara de playboy limpinho, incorporou uma batinha hype ao visual, certamente pra parecer um autêntico boêmio moderninho da Lapa. Como era de se esperar, ele me chamou pra dançar, mas não sabia dançar. E tentou me tascar um beijo no fim da dança...o que na verdade, acabou conseguindo, confesso! Sabem como é...cerveja, uma dose de carência (mais física que afetiva)...fudeu!

Bem, dei lá o beijo no carinha, mas, assim como a dança, achei meio mais ou menos. E dei a velha desculpa do banheiro pra sair fora. Mas, como o lugar era pequeno, o figura acabou me achando. Conversava com minhas amigas numa mesa e, quando me dei conta, ele estava sentado do meu lado, ignorando o fato de eu passara meia hora "no banheiro". Enfim...

Justiça seja feita, o escovadinho até que era boa gente. Não chegava a atrapalhar...então, deixei ele por ali.

Quando fomos embora, ele percebeu que íamos fechar a noite em outro lugar e fez uma carinha de "posso ir junto" que acabou me convencendo...dei o nome do lugar e, cinco minutos depois, lá estava ele!
Papo vai, papo vem, fui até achando o sujeitinho agradável e cheguei a deixar de lado minha implicância inicial, até que...veio a comida que havíamos pedido. Um cabrito com arroz de brócolis, uma delícia. Reparei então que ele comia só a carne e nem tocava no arroz. Intrigada, perguntei o motivo. "Estou fazendo a dieta da proteína, não como nenhum carboidrato", respondeu o cidadão.

Puta que pariu! O que eu podia esperar de um ser que, além de fazer a dieta da proteína, ainda segue dieta num fim de noitada, em plena sexta-feira???????? Num fode...

Na hora da despedida, a velha estratégia: dei o telefone errado!

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Que decepção, bonitão...


Ele era o menino mais bonito da cidade. Não acho que era o mais bonito do estado, do país, do sistema solar! Nossa, um Deus! E era rico! Tinha jet ski, lancha, um carro cheio de sacanagem...

Eu estava no 1º ano do segundo grau (na minha época, já disse aqui, ainda não era "ensino médio"). Ele acabara de chegar do Rio pra passar um ano em Araruama, cidadezinha provinciana da Região dos Lagos Fluminense onde eu morei durante parte da minha vida. Desnecessário dizer que o galãzinho provocou um furor sem proporções entre as menininhas da cidade. Pra nós, acostumadas a ver sempre as mesmas caras, nos mesmos lugares ( a cidade é tão pequena que, quando calhava de acontecer duas festas no mesmo dia, uma delas ficava as moscas), qualquer novidade masculina era um acontecimento. Imagina então uma novidade daquele quilate? Bem...mas como nada é perfeito, esse cidadão também não podia ser. E eu descobri isso da pior forma possível! Explico...

Era um sujeitinho meio esnobe. As feias, as mais ou menos, as lindas...todas as meninas da cidade se ofereciam explicitamente! Mandavam recadinhos na cara dura, jogavam charme...enfim, algumas, como se diz no linguajar de boteco "abriam as pernas" pro cara! E ele? Nada. Não só não pegava ninguém, como ignorava solenemente a mulherada. Nem um sorrisinho, um oi...nada! Estava sempre com o mesmo grupinho de amigos homens e não se dirigia a nenhum outro ser que não pertencesse a trupe, comportamento que não tardou a provocar comentários maldosos sobre sua masculinidade entre os meninos da cidade.

Ocorre que um membro do tal grupinho de amigos puxa-sacos dele (sim, eram todos baba-ovos incansáveis do bonitão) namorava uma grande amiga minha na época. E foi assim que eu tive o privilégio de conhecer o figura. Fui a uma festa com o casal de amigos e ele estava lá. E falou comigo! Não só falou comigo, como sorriu pra mim!! Se não fosse uma adolescente tão modesta e cheia de complexos, perceberia até que ele deu um molezinho pra mim!! Nossa...será? Todas as bonitonas da cidade querendo o cara e ele de olho em mim?? Mas e o meu cabelo sofrível, o meu diastema dentário, será que ele não reparou??? Não, eu estava vendo coisas...

Tava nada! Deu mole pra mim mesmo! Mandou recado pela minha amiga!! AAAA! Queria que chegasse logo a segunda-feira pra eu contar pra todo mundo na escola. Me sentia fodaça, todos os meus complexos de adolescente haviam desaparecido.

Uma semana de expectativa e chegou o sábado, dia em que havíamos marcado de sair. Fui prum barzinho com a minha amiga e o namorado e ele chegou pouco depois. Não dá pra descrever meu deslumbre quando vi o bonitão descendo do carro e vindo em nossa direção. Eu o via meio em câmera lenta, feito aqueles galãs de filme água com açúcar. Imaginava uma cena romântica, eu e o bonitão, trocando beijos na beira da praia (só beijos mesmo, visto que na época ainda era uma menina pura e intocada) ao som de uma musica do Bom Jovi (sim, já gostei de Bom Jovi, e daí?). Pobre de mim...não imaginava a desilusão que estava por vir...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Que decepção, bonitão...Capítulo final

Percebi que o clipezinho romântico que eu idealizara viraria filme de terror tão logo o bonitão chegou. Éramos quatro na mesa do bar. Eu, minha amiga e o namorado e mais um carinha, de quem não me lembro bem. Depois de falar com todos, calorosamente, passou por mim como se não me conhecesse e foi pegar uma bebida. Ao voltar, se limitou a me olhar e dar uma sorrisinho amarelo, daqueles que não deixam aparecer os dentes à mostra. Não sabia se sentia raiva ou vergonha. Todos na mesa me olhavam como se dissessem: se fudeu! Não sabia onde enfiar a cara.

E assim se passaram horas...ele falava com todo mundo e mal olhava pra minha cara. "Deve ter percebido que não sou lá essas coisas", pensava. "Vai ver que minha amiga mentiu, ele não mandou recado nenhum! Quis me sacanear, a filha da puta"...

Bem, o fato é que, apesar de todos os prognósticos me desfavorecerem, a coisa acabou mudando de figura...

O meu casal de amigos foi embora e, desiludida, decidi ir com eles. No meio do caminho, supresa!! O bonitão parou o seu carrão ao lado no nosso e me chamou pra dar uma volta com ele. Até pensei em recusar, fazer um cu doce...ah! Que orgulho o que! Vou lá!

Saí toda saltitante e entrei no carro dele. Não vou descrever aqui como se sentia no momento pra evitar clichês ridículos como "minha pernas tremiam", ou "meu coração ficou acelerado". Além de tudo, vocês devem imaginar como se sente uma adolescente de 16 anos ao ser convidada para "dar uma volta" por um carinha bonito, rico, popular e cobiçado por todas as suas amigas...

Porém, como disse no começo da história, o clipezinho romântico virou filme trash. A começar pelo local escolhido pelo bonitão para a nossa noite romântica. Estávamos pertinho da praia, com o reflexo da lua cheia...mas o cidadão, sabe-se lá porque, parou o carro numa mísera ruazinha inexpressiva. Pros que pensam que ele queria ficar num lugar deserto para aproveitar-se sexualmente de mim, esqueçam. A rua era sem graça, mas não necessariamente deserta. Um grito, e apareceria alguém pra me salvar do tarado.

Mas definitivamente, não era o caso dele...Aliás, muito pelo contrário. A única tara que o bonitão tinha era por ele mesmo e por brinquedinhos de menino rico. "Tá vendo esse som do carro? Custou $$$! Meu pai trouxe dos EUA", propagandeou ao colocar a música.

Depois alguns minutos falando do som (e sem me dar um beijinho sequer) ele resolveu mudar de assunto. O tema agora era o cachorro, "de raça raríssima, com criadores só em São Paulo, poucos canis no Brasil". AAAAAAAA

Depois do cachorro, foi o jet ski. E a calça importada que havia comprado mas nunca usara, a reforma da casa que custara "uma fortuna"...

E assim foi alternado a conversa (que tava mais pra monólogo, já que eu não tinha estômago pra dialogar com aquele babaca esnobe). Percebendo minha indiferença, o mauricinho resolveu mudar a estratégia. E o que poderia ser mais atraente que seu valioso patrimônio? Ele mesmo, claro! E começou a me perguntar o que eu achava dele, a quanto tempo eu pensava em ficar com ele, se eu achava o cabelo dele bonito...puta que pariu!!

Já estava pensando em simular um mal súbito e ir embora quando ele decidiu fazer o que eu esperara desde que recebi o bendito recadinho da minha amiga: me beijar. E foi aí que toda a decepção que eu tivera até aquele momento...se transformou em um decepção maior ainda!!!

Caraio...o cara beijava muito mal. Nunca vi daquilo. Naquela época, meu currículo no quesito ainda era um tanto modesto, mas eu já tinha parâmetros pra saber: era um beijo horroroso! Desnecessário dizer que fui embora mais que desiludida...na verdade, fiquei até meio indignada. Mas tudo bem, ainda restaria como consolo o triunfo sobre as invejosas da cidade. hehehe

Mas nem esse gostinho o filho de uma égua deixou pra mim. Começava a contar a história pra mulherada na escola na segunda-feira seguinte quando ele chegou. E sabem o que fez? Me ignorou solenemente. Nem o sorrisinho amarelo rolou, nem um oi, nada! Que ódio!

Além de beijar mal, ser arrogante, narcisista e ostentador, ainda tirava aquela onda? Mas o pior foi o que a explicação que, segundo a minha amiga, ele deu pro fato de ter me tratado feito um poste. "Ela ficou muito apaixonada por mim. Perdeu a graça."

E essa é só a primeira história...