terça-feira, 5 de junho de 2007

Desventuras, o retorno

Capítulo de hoje: o vegetariano

Meus leitores mais antigos devem lembrar, mas comecei a escrever uma série aqui no Musa sobre as minhas desventuras amorosas, que acabou não sendo concluída. Até porque, o número de insucessos no campo amoroso é tanto que acho que o blog ficaria pequeno para abrigá-los. Enfim...

O fato é que estava lendo o Homem é Tudo Palhaço, excelente blog de quatro coleguinhas jornalistas que relata, como o nome sugere, palhaçadas dos nossos amigos do sexo masculino quando me veio na memória uma palhaçada de um rapaz com quem tive um envolvimento tempos atrás. Aliás, vieram na memória muitas palhaçadas, uma vez que o gene da vacilação está no DNA de todos os moçoilos que cruzam o meu caminho. Mas enfim...Decidi me ater a história que vou contar a seguir. Pelo grau de bizarrice, verão porque merece ser priorizada na hierarquia das palhaçadas.

O moçoilo, à primeira vista, parecia um príncipe! Mas não resistiu a um olhar mais atento e se revelou um sapo mais cedo do que eu esperava. Pra dizer a verdade, acho que a culpa foi até minha, porque eu tenho um tendência a ser, digamos, otimista demais. Vejo que o cidadão é mala ou pela saco e dou crédito assim mesmo, por achar que o ser humano sempre é passível de salvação. Tolinha, eu! Quase 30 na cara e ainda não aprendi...

Bem, vamos ao causo. O personagem em questão, como sabem, parecia um príncipe. Era inteligente (embora gostasse de Diogo Mainardi), gentil, e esteticamente interessante. Por isso ignorei os primeiros sinais de potencial pela-saquice como o fato de o bonitão não beber (nada, nem aquele golinho do brinde), não comer carne e não gostar de samba. Enfim...Ninguém é perfeito, pensei eu.

O problema, porém, é que com o passar do tempo fui constatando que não era só a carne bovina que o meu príncipe dispensava. Tenho motivos fortes para afirmar: o rapaz também não me parece muito chegado à carne humana. E entre estes indícios, um dado estatístico inquestionável: nos quatro meses em que durou o romance, só tivemos um, digamos assim, momento de intimidade uma única vez! Isso mesmo. Umazinha só! Falta de oportunidade, devem estar pensando alguns leitores. Você dificultava pro rapaz, imaginarão outros. Mas está longe disso. Eu sou uma musa decidida e sem pudores para tomar inciativas.



E foi com essa falta de pudores e a cabeça povoada de pensamentos pecaminosos que eu escolhi um vestidinho azul com um decote sugestivo para sair com ele num sábado. Lua cheia no céu, a família viajando e a casa só pra mim...Tudo propício, né? Seria, se o bonitão não tivesse feito o favor de colocar todos o meu planos por água abaixo.

E ao contrário do que diz aquele ditado racista, o cidadão não fez a merda só na saída não. Já estreou bem, me pegando às 6h da noite (???) e me levando para um romântico...RODÍZIO DE MASSAS!!!! Puta que pariu! Nada contra massas (minha silhueta de musa de caminhoneiro, aliás, deve-se em parte a elas). Mas vocês hão de convir que se empaturrar de canelone não é muito aconselhável antes certas atividades, se é que me entendem. Além disso, que clima romântico resiste a um lugar barulhento, cheio de crianças brincando de esconde-esconde sob as mesas, sob a trilha sonora de "parábens pra você", cantados em versões engraçadinhas a cada cinco minutos naquelas mesas de aniversariantes lotadas? Pois é...

Mas quando eu estou in love, quase nada me abala. Abstraí tudo e, é claro, comi pra cacete. Mas nem o fato de ter ficado com a barriga cheia a ponto de mal conseguir respirar impediu que eu fosse embora dali cheia de amor pra dar...Porém, a recíproca não era verdadeira. Leitores, creiam: o bonitão foi me deixar em casa (onde eu estava sozinha, vale lembrar) às 11h da noite e se despediu no carro mesmo. Nem os meus nada discretos convites para uma subidinha o seduziram. Disse que tinha que acordar cedo para meditar ou algo assim, numa tal grupo filosófico lá do qual ele era adepto. E o pior: não era desculpa esfarrapada, uma vez que o moçoilo me ligou quando chegou em casa e engatou uma conversa de meia hora! Ou seja: não foi comer outra!

Olha...eu acho até que se fosse esse o caso, eu perdoaria. Mas me deixar lá, toda solícita, pra ir se concentrar para uma meditação ou algo parecido é demais, né não? Será que meu vestido azul não agradou??