segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A anatomia do Extra

Não sou bióloga, médica ou fisioterapeuta. Não entendo patavinas de expressões médicas ou nomes de doenças. Porém, me lembro vagamente de ter aprendido nas aulinhas de biologia da escola o que era "anatomia". Por isso mesmo, levei um susto quando li, dias atrás, esta nota no site do jornal Extra:

MC Marcinho vai se submeter a uma nova cirurgia. O funkeiro, que sofreu um acidente de carro no Ano passado, se interna na terça-feira, no Hospital Quinta D'or, para corrigir uma anatomia no pé. Depois da operação, ele continua fazendo fisioterapia e pode deixar a cadeira de rodas.

"Putz", pensei. "Tô precisando ampliar meu vocabulário! Anatomia também é nome de uma enfermidade que acomete pés acidentados e eu não sabia"?? Mas pelo visto, não sou só eu que desconheço o significado da palavra no contexto acima. Cismada, consultei o dicionário Priberan e lá estava:

Anatomia
do Lat. anatomia < Gr. anatomé, incisão, dissecação
s. f.,
ciência que trata da descrição e estrutura dos organismos animais ou vegetais; arte de dissecar;
fig.,
exame meticuloso.


Alívio! Não foi o meu vocabulário que encolheu. É só o cérebro do coleguinha, autor da nota, que precisa de uma anatomia. Urgente!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Aniversário do Musa


Gente...eu, embora blogueira de sucesso, sou mesmo muito desligada, dispersa e tonta. Não é que só hoje fui reparar que o Musa de Caminhoneiro, esse verdadeiro fenômeno virtual, sucesso absoluto de público e crítica, completa seu primeiro ano de existência? Pois é, leitores...Uma primavera. Quem não acredita, pode conferir na listinha à esquerda, referente ao histórico de posts. Tá lá: agosto de 2006, primeiro mês da lista.

O Musa foi resultado de um gesto impulsivo meu (aliás, como são quase todos os meus gestos). Cheguei em casa um dia meio irritada e tive vontade de compartilhar aquela irritação com alguns amigos e conhecidos e, de quebra, rir um pouco de mim mesma e da situação. O que não esperava na época é que ficaria tão famosa! Na verdade, a ficha ainda não caiu. Outro dia, quando fui abordada na rua por um fã que declarou ser leitor assíduo do Musa (e apaixonado pela autora), confesso que fiquei deveras constrangida. Afinal, minha modéstia me impede de encarar com naturalidade manifestações tão exacerbadas de admiração. Tanto que evito revelar minha verdadeira identidade e até suprimi informações pessoais do meu perfil.

Porém, para minha surpresa, abro hoje minha caixa de emails e me deparo com uma série de mensagens em homenagem ao Musa. Todas de fãs com certo prestígio! No entanto, foram tão generosos que me permitiram reproduzir para vocês, caros leitores, suas declarações. Aí estão algumas:

O Musa de Caminhoneiro é uma das poucas coisas que me atrai na internet ultimamente. Intrigante, divertido e atual, o Musa é uma prova de que há vida inteligente no universo blogueiro. Parabéns, Musa!
Luiz Fernando Veríssimo

Parabéns pelo primeiro aniversário do blog. Aproveitando a oportunidade...Quer casar comigo? Se acha que estou indo muito depressa, tudo bem. Ficaria feliz se aceitasse um convite pra jantar. Beijos
Wagner Moura


Alegrias, as desmedidas. Dores, as não curtidas. Orgasmos, os múltiplos. Domicílios, os temporários. Blog, o Musa de Caminhoneiro.
Bertold Brecht (psicografado por Lucius)

E você, leitor anônimo? Sua homenagem também é importante pra mim. O que mais te agradou nestes 12 meses de Musa? O que não agradou? Deixe a sua mensagem de parabéns
para o blog e a autora, muito agradecida (e envaidecida) retribuirá com um post especial sobre as homenagens.

E viva o Musa!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Se eu perder esse 100...


Como meus leitores sabem, sou uma Musa jornalista classe média, mal-remunerada e com bocas para sustentar, o que me obriga a incorporar hábitos de classe D à minha rotina, como encarar o transporte coletivo para me locomover. Desnecessário dizer que jornalista mal-remunerada e com bocas para sustentar não pode ter carro, tampouco andar de táxi. Porém, jamais deixo de dar minha saidelas com medo de encarar um coletivo. Se há lugar em que um ônibus chegue, lá estarei eu!

Uso muito o Charitas-Gávea (nine nine six), a van Charitas-Ipanema e o Santa Rosa-Vila Isabel (703) para chegar aos meus destinos. Mas o meu preferido, sem dúvida, é o POP Niterói-Praça XV, o 100. Exemplo raro de eficiência e pontualidade no universo do transporte coletivo urbano, o querido hundred está sempre à disposição "dos passagêro". Tô saindo da Lapa às 3h da madruga e preciso voltar pra Nikit? É só me dirigir ao Mergulhão da Praça XV e lá estará um 100 me esperando. Tão certo quanto a ressaca do dia seguinte! Perdi aquele? Basta esperar 15 minutinhos para que outro 100 estacione, em ponto de bala, pra me conduzir de volta ao aconchego do lar. E rápido! No trânsito livre da madruga, o hundred leva exatos 20 minutos para chegar ao outro lado da baía. E por módicos R$2,50!!

Todavia, como alegria de pobre ou dura pouco ou é incompleta, o usuário do Niterói-Praça XV enfrenta lá seus percalços. E o pior deles, sem dúvida, é atravessar a Ponte embalado pela Rádio Nativa FM, "o amor do Rio". Preferida por 8 entre 10 motoristas de ônibus (o restante ouve a FM O Dia), a Nativa FM toca coisas que vão de Wanessa Camargo a Calypso, de Bruno e Marrone a Sandy e Junior e, é claro, o tema romântico do casal de protagonistas da novela.

Mas o filé da programação eles deixam mesmo para a madruga. Uma seleção criteriosíssima! Meu passeio Praça XV-Niterói no fim de noite já teve como fundo musical canções de Biafra, Agepê, Benito de Paula, Kátia (a cega) e Jane Duboc. Só clássicos! Quando tenho sorte, ainda embarco a tempo de pegar a "tradução da noite", aquela atração clássica que consiste na tradução quase simultânea da letra de uma canção romântica internacional por um locutor de voz empostada. Espetacular! Principalmente quando viajo levemente embriagada, o que ocorre em 100% dos casos.

E como pobre tem mesmo que pagar de alguma forma quando a esmola é muita, os condutores do 100 não só ouvem a rádio Nativa FM- o amor do Rio- como ouvem alto, muito alto. A ponto de eu nunca conseguir ouvir meu ipobre no ônibus, uma vez que a música que sai do fone é sempre abafada pelo "som ambiente" do coletivo.

Dia desses fui pra Lapa tomar uma cerveja, esquecer o pescoção do jornal e cumprir outras missões. Saltitante, queria chegar logo e, é claro, me dirigi ao ponto do 100. Como sempre, o meu coletivo preferido estava lotado. Afinal, um meio de transporte tão eficiente não poderia deixar de ser o mais procurado. Por isso mesmo, o 100 carrega todo tipo de gente à noite. De peão de estaleiro aos roots com camisetas de Bob Marley, que vão pro shows de reggae na Fundição. Tem também as patricinhas pobres de Gonça, com seus cabelos emplastrados de creme, os marinheiros que embarcam na Ponte e os neo-pobres quase comuns como eu, que simplesmente não têm carona ou grana pro táxi. Outro espécime social encontrado é a quarentona solteira (e à perigo), que sai toda paramentada para ir a um forró muito trash que rola nas insalubres imediações na Rodoviária Novo Rio. E foi uma dessas, uma gordinha deveras assanhada (que embora mal conseguisse passar pela roleta vestia uma blusinha de malha justíssima e uma saia mais justa ainda), que travou o seguinte diálogo com o cobrador:

- Aí, Nem! Passa na Rodoviária?
- Passa, sim. Vai lá no forrozim?
- Claro, meu filho. É hoje que eu vou dançar muito. E beijar muuuuuuito!
- Ih, então você vai gostar. Aquilo lá é o paraíso.


E a gordinha concluiu, toda faceira e rebolativa:
- Não quero encontrar o paraíso, não. Quero é o inferno!!

Que experiência antropológica interessante é viajar de 100...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Malditas caixas de supermercado!

Quem tem o privilégio de me conhecer, sabe o quanto sou uma musa boazinha, fofa (em ambos os sentidos) e tolerante. Todavia, quando algo ou alguém consegue a proeza de me tirar do sério, sou pior que o Fernandinho Beira-Mar. Como diz mamy, "dou ataque". Se tivesse tendências homicidas (ou andasse armada), já teria matado gente por aí. E entre as minhas vítimas, certamente estariam as caixas do Texas House, um estabelecimento meio açougue, meio supermercado localizado no meu bairro.

O fato é que as moças, além de incompetentes, são burras (muito burras), lentas e muito, muito mal-educadas. Bom dia, boa tarde e boa noite são expressões inexistentes no vocabulário das mesmas. O que seria até tolerável, se as piranhas não nos atendessem com uma cara emburrada ("cara de cu", como dizia papai) de acabar com o possível bom-humor de qualquer um. Sorriso na cara, só quando olham pros cornos da "cálega" ao lado pra combinar o programinha da noite ou pra falar mal de alguma outra "cálega" que não se encontra presente.

- E aí, katyanny. Vai lá hoje mermo? Duvido! Ruim de Róbso deixá, hein?
- Ruim nada, minha filha. Cansei de dar confiança pra hómi. Já falei pra ele que hoje é dia de sair cas minhas cálega. Ele não foi pro Castelo sozinho cos cálega dele? Então?


E o idiota do cliente, que pegou uma fila da porra pra comprar a carne mais barata do lugar (pobre tem mesmo que se fuder), fica ali plantado, esperando a boa vontade das piranhas em registrem o produto, anunciarem o valor e receberem pela compra. Enfim, fazerem o trabalho para o qual elas são pagas. E que certamente, não é o de ficar de conversa fiada na hora de atender o incauto cliente que, como eu, ajuda a pagar o salário das miseráveis.

E quem acha que eu tô pegando pesado ao me referir às "trabalhadoras" como piranhas, dê uma passadinha no Texas House. De preferência à noite, num horário próximo ao fim do expediente. Aposto meu dedo mindinho esquerdo e uma garrafa de wisque como você passará por situações como a que eu acabei de passar, há poucos dias, com uma delas. Tô eu quietinha em casa, meio irritada, quando mamy me manda ir lá comprar pão pras crianças (sim, crianças. um priminho pentelho estava aqui, o que contribuía mais para a minha irritação). Acabei indo por puro interesse, já que precisava dos serviços de babá de mamy para dar uma saidela naquela noite. Maldita hora! Além de encarar fila pra comprar a porcaria do pão, ainda peguei uma caixa das piores da espécie.

Com a cara coberta por uma maquiagem medonha (deve ser aquela maybelline, que vende na farmácia), a sujeita "atendia" um senhor que estava na minha frente. Além de não olhar na cara do pobre, passava suas mercadorias com a velocidade de uma lesma, enquanto papeava com a cálega à sua esquerda:

- Vou vazar já já. Tô de saco cheio disso aqui já. Inda tenho que dar meu passeio.

E o pobre do senhor? Que culpa tinha se ela estava de "saco cheio"? Que interesse teria no "passeio" da vagabunda? Chega a minha vez. Ela também não olha na minha cara e emenda outro papo apropriadíssimo para o momento:

- Kélen, que horas isso aqui fecha no reveillon? Quero ver a queima de fogos em Copacabana, vou logo avisando. Não passo das 7h aqui!

"Pulta quil pariu!! Estamos em agosto e a filha da mãe já pensa em matar trabalho no último dia do ano!!! Num fode!! Vai ser preguiçosa assim na casa do caraio!!", pensava eu que, a esta altura, já mal me continha de tão irritada!! Mas ainda me continha. Até notar que a cidadã- obviamente por estar com a cabeça no reveillon, no passeio, no macho que tem estômago pra comê-la ou em qualquer outra coisa que não fosse o trabalho- passou o meu pão duas vezes na registradora. E queria me cobrar o preço dobrado.

- Deu R$ 1,80, senhora
- Não. Você passou duas vezes.
- Passei não, senhora. R$ 1,80, por favor.
- PASSOU SIM!! SE PARAR O PAPO COM A SUA AMIGA E OLHAR PRO CAIXA, VAI VER QUE ESTÁ REGISTRADO ALI: QUANTIDADE: 2! DÁ PRA VOCÊ FAZER O SEU TRABALHO DIREITO PORQUE EU ESTOU COM PRESSA??? (aos berros)

Pensam que ela ficou constragida com meu chilique? Não, caros leitores. O meu carma é sempre pesado. E as caixas do Texas House não conhecem limites. Ao invés de pedir desculpas, a desgraçada espera eu pagar e virar as costas pra mandar a seguinte:

- Tá nervosa, hein?

Pensei em voltar. Mandar tomar no cu? Chamar o gerente? Como naquele momento não conseguiria fazer outra coisa que não fosse voar no pescoço dela, fui embora. Mas confesso que estou arrependida até agora!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Profissãozinha de m...

Diálogo entre os personagens Fernanda e Mateus na Novela Paraíso Tropical, capítulo de ontem:

Mateus:
- Eu quero fazer faculdade de jornalismo. Mas não quero ser repórter investigativo feito o meu avô não. Quero escrever sobre música
Fernanda:
- Ih ó...dizem que jornalista só vive duro...

A cena municiou mamy, que não pôde deixar de comentar: "Viu?! Depois você diz que é implicância minha. Até o Gilberto Braga chama jornalista de duro!

Foda foi ter que dar razão. E ainda dizem que novelas não retratam a realidade...

sábado, 4 de agosto de 2007

Filosofia suburbana

Adesivo que vi hoje, no vidro de um Monza velho, lá em Madureira:

"Deus vê tudo + não é X-9"

Caso contrário, seria o todo-poderoso levado para um microondas lá na favela da Grota?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Coisas do jornalismo...

Acreditem: recebemos, dia desses, o seguinte aviso de pauta na redação:

NOTA DE FALECIMENTO: Tieta, uma das mascotes do Instituto Vital Brazil morreu no início da semana, durante a madrugada, quando foi "abraçada" fortemente pela amiga Rafaela, com quem dividia a casa. A sucuri de dois anos e dois metros de comprimento não resistiu aos mais de 90 quilos e cinco metros da Rafaela.

Um adendo: a "nota de falecimento" estava no pé de um release sobre o sistema de aquecimento do serpentário do Instituto Vital Brasil cujo título era..."Aquecendo Cobras"!!!