segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Na fila do banheiro


Segue diálogo que protagonizei com uma mocinha ontem, na fila do banheiro do Maracanã:

Eu:
- Essa fila não anda, né?

Mocinha:
- Pois é... o negócio é invadir o banheiro dos homens

Eu (achando que era piada, uma vez que o banheiro masculino encontrava-se com alta concentração de espécimes no momento):
- Tá, gata... Você pode até entra lá, mas não sei se conseguirá sair...

Mocinha (com voz lasciva):
- E você acha isso ruim?

Bem... quem já leu aventuras dessa que vos fala aqui no Musa sabe que não posso ser tachada de moralista e estou um tanto longe de ser uma senhorita puritana. Mas cogitar a possibilidade de ser sodomizada quase simultaneamente por dezenas de membros de torcida organizada num banheiro sujo de estádio de futebol é demais até pra mim.

E a mocinha, paramentada com um shortinho branco que certamente teve que ser rasgado para que saísse do corpo dela, poderia ser personagem do post Tchutchucas do Maracanã.

domingo, 8 de agosto de 2010

Diário de Viagem



No mês de abril, em férias nunca antes tão merecidas, realizei um desejo antigo e puxei meu maracatu pra Pernamubuco, terra do meu ídolo maior, Chico Science, e das pessoas com o sotaque mais foda do Brasil. Minhas aventuras em terras nordestinas foram relatadas resumidamente em uma espécie de boletim de viagem que enviava por email para um grupo de amigas (não diariamente, porque tinha mais o que fazer). As destinatárias se divertiram tanto com as histórias que pediram, imploraram, fizeram novena e, depois de me darem uma vultosa quantia em dinheiro, me convenceram a publicar as mensagem aqui, Ipsis litteris. Seguem os relatos:

Meninas, descobri uma lan house do lado da minha pousada. Óbvio que não vou passar o dia aqui, mas tinha que tirar esse tempinho pra mandar notícias. O que eu posso dizer até agora é que estou num estado de encantamento tão grande que vocês correm o risco de me perder. Esse lugar me abduziu. Sabem o que é você sonhar durante anos conhecer um lugar e se dar conta de que está nele? A emoção é tão grande que eu chorei (juro, chorei) quando pisei no Alto da Sé, de que tanto ouvia falar nas músicas dos meus idolos pernambucanos.

De Recife, conheci pouco. Fui ontem ao Recife antigo, uma area revitalizada da cidade, e adorei. Tem uma feirinha sensacional e a melhor tapioca que um ser humano pode comer nessa vida. Tomei caipirinha de cajá e conheci umas pessoas muito bacaninhas que vão me ciceronear.

O calor, como dizem por aqui, tá "da gota". Mas tem chovido no comecinho das manhãs. Nada que afete a minha festa, já que pra me empaturrar de comidas e bebidas exóticas e baratas não é necessário céu azul.

Os pernambucanos (de todas as classes sociais) são apaixonantes, articulados e politizados. O motorista de táxi que me trouxe do aeroporto deu uma verdadeira aula de história no trajeto. Na tal aula do taxista, descobri que pernambucanos têm uma rixa com baianos. E na briga, é claro, sou mais Pernambuco. Além do axé e do vocalista do Rebolation serem baianos, já pude ter uma ideia da diferença entre os dois estados na escala do meu voo em Salvador. O aeroporto baiano se chama "Dep. Luiz Eduardo Magalhães". O de Recife é "Gilberto Freyre". Bem...

Estou mandando algumas fotos. Volto a entrar em contato, ok?
beijos nas testas

Diário de viagem: o almoço

Meninas, pra isso aqui estar perfeito, só faltava mesmo vocês. Ontem (finalmente) fez uma soleira e eu fui conhecer uma praia de Recife. Se chama praia do Pina, é uma extensão da Boa Viagem, menos tumultuada, mas também habitada por tubarões. A água é muito quente, dá nem arrepio quando a gente entra. Muito diferente das águas geladas do Rio, confesso que estranhei. Vim a convite de um dos moços que conheci na feirinha do Recife antigo, lembram?
Pois é... e né que o moço, muito bem apessoado, me convidou pra almoçar na casa dele e eu, ignorando aquele velho conselho de mamy de nunca aceitar convites de estranhos, aceitei. E acho que fiz bem, viram? O moço, além de não ser um psicopata homicida, fez charque com macaxeira especialmente pra mim.

Bem... o que posso dizer é que do almoço, acabei ficando pro café da manhã. E não sou mais sócia do Clube da Abstinência. Desculpa aí, Rê.


Diário de viagem: bancada por velhos tarados

Nesses últimos dias, me embrenhei num roteiro de descobertas etílicas e gastronômicas desse lugar délicioso (com sotaque). O meu namoradinho nativo (sim, tá rolando um amor) me leva pra cada lugar "da gota" que vocês nem imaginam. (...)

Além da melhor moqueca de polvo que comi na vida, provei uma caipirinha de umbú cajá, a frutinha do "beijo travoso" de Alceu. Aliás, provei não seria o verbo correto. Me empanturrei com nada menos que 10 tacinhas da coisa. Vou ter que importar isso por Sedex, não conseguirei mais viver sem.

As comidinhas das praias também são sensacionais. E aqui tem négodi choque de ordem, não. De caldinhos à ostras, come-se de tudo pagando no máximo 2 real.

Ontem fui a Porto de Galinhas, sempre ciceroneada pelo meu romance nativo. A praia principal é linda, mas eu não curti muito a frequencia. Só tem coroas endinheirados e turistas gordos e branquelos, daqueles que pagam 50 dinheiros por 10 minutos de passeio de jangada. Mas a prainha do lado, Maracaípe, é uma coisa... Surfistas, maconha, silêncio, caipirinha barata e uma barraquinha que faz um caranguejo sensacional.

Quando voltei, aconteceu uma coisa curiosa. Já sem o meu nativo gostoso, fui comer um crepe num restaurante chiquezinho na Boa Viagem. Na hora de pagar a conta, o garçom me disse que já haviam quitado a despesa por mim. E me apontou uma mesa de coroas abastados (pelo papo que levavam, certamente caciques políticos daqui). Um deles me ergueu um copo de uisque pra avisar: "Fui eu". Embora avexada, tive que ir agradecer. Constrangedor! O restaurante inteiro me olhou e certamente viu na minha pessoa uma teúda e manteúda. Mas dos males, o menor. Pelo menos livre-me de um substancioso prejuízo no meu orçamento da viagem.

beijo travoso
Morena Tropicana

Diário de Viagem: A Bogeda de Véio

Arretaaaaaadas!! Andréa me mandou uma mensagem falando que viu Alceu elogiando um lugar aqui de Olinda. Mal sabia ela que esse seria o tema de hoje do diário de viagem da Morena Tropicana. Trata-se da Bodega do Véio. É um lugar tão fascinante que não dá pra descrever só com fotos e palavras: fiz uns vídeos pra vocês.

O Bodega é uma espécie de mercearia interiorana, daquela que vendem secos e molhados, sabem? É um balcão apenas, onde só se chega pra pedir cerveja (muito, muito, muito gelada) e afins. Mas o charme e o encanto do lugar passam longe da falta de espaço. A começar pelo dono, que é chamado de... Véio! Uma das figuras mais fantásticas que conheci na minha aventura nordestina. A decoração do lugar também é sensacional. Tem foto de Luiz Gonzaga na Bodega com dedicatória pro Véio, tem um quadro lindo do meu ídolo maior, Chico Sciense e até- acreditem - a certidão de nascimento de Lampião pendurada na parede. Uma coisa misssstchica (como diria Andréa embriagada)!


Do lado de fora, só gente bacana. Em pé, sentadinhas no meio fio, em cadeirinha improvisadas... indescritível. As pessoas vêm puxar conversa, tocam instrumentos, dedicam música pra você... parece que todos são seus amigos de infância (...) No fim, ainda esticamos no Bar da Alama, outro lugar arretado que tem um banco de praça na decoração.


O detalhe sórdido do meu relato de hoje fica por conta do momento piranhagem da viagem. Meu nativo, de cu doce, não quis vir pra Olinda. O que eu fiz? Peguei um gatinho diliça na Bodega chamado (*), tão nativo e tão arretado quanto, porém mais privilegiado anatomicamente falando, se é que me entendem. Mas enfim... como sou volúvel, mas tenho coração, fui almoçar e fazer um afago no namoradinho nativo hoje. Só que... vou encontrar com o (*) na serenata em Olinda daqui a pouco. Ou sejE: agora, tenho um namoradinho em Recife (pro dia) e outro em Olinda (pra noite). Adaptando Alceu: "Aqui em Pernambuco, mão importa de onde vem a manga: eu quero é o gosto e o sumo".

Beijo
La Belle de Jour e de Nuit

Diário de viagem: Caruaru

Lá em Caruaru, conheci um boteco que voces iam amar. Só gente bacana, papos otimos e um dono que é o maior figuraça que ja conheci. O charme do lugar fica por conta do tratamento digamos... pouco convencional do dono para com a freguesia, incluindo objetos atirados e comentarios pouco elogiosos aos namorados das moças. Adorei o cara! Havia um número significativo de rapazes bem apessoados, diga-se de passagem, mas não fiz uso de nenhum. Minha vida amorosa na capital já está por demais atribulada pra eu me meter a arranjar um rabicho também no agreste, né?

Voltando de Caruaru, ainda fui num showzinho duma banda massa (giria daqui) num pub de olinda. Bebi muita vodka (barata), fiquei amiga do dono, dos músicos... tão amiga que beijei o percussionista no fim da noite (umas 9h manhã). Ontem, curti a ressaca e sai à noite com o olindense anatomicamente privilegiado. Mas como, vocês sabem, não posso desiludir nenhum dos meus xodós... neste exato momento, escrevo pra vocês da casa do recifense, enquanto ele ta preparando uma macaxeira pro nosso almoço.

muitos beijos
Doida das lantejoulas

Diário de viagem: dedo podre interestadual

Quando eu digo que alguns episódios só acontecem na minha vida soa como exagero. Mas leiam o relato a seguir.

Vocês sabem que me enrabichei por 2 bichinhos na viagem, né? O *, de Recife (com quem passo mais tempo de dia) e o **, o bem dotado, de Olinda, com quem curto as noitadas. Pois eu já vinha descambando mais pro lado do bem dotado, e não só pela vantagem da anatomia. Ainda bem! Porque o recifense se revelou um palhaço de primeira estirpe.

Na segunda-feira, depois de um dia de amor, almocinho e sorvete na cama, ele me chamou pra tomar uma ceveja e depois, voltar pra dormir com ele. Lindo, né? Até que quando estávamos prestes a chegar na casa do referido, liga uma namoradinha dele que está morando em Londres. Até aí, nada demais. Ele já tinha me falado da tal namoradinha e, como não pretendo contrair matrimônio com o rapaz, dei à rapariga a mesma importância que dou a um pombo.




Mas o papo, ele me avisou, iria se estender um pouco, já que ela precisava falar algo "urgente" com ele no MSN. “Meia horinha só”, no entanto, seria suficiente para despachar a rapariga, garantiu ele. Ok! Fui tomar um banho, tomei mais sorvete, deitei na cama dele e fiquei vendo tv. Passou a tal meia horinha, 1, 2... 3 horas depois (sim, isso mesmo que vocês leram) ele AINDA ESTAVA NO MSN.

Eu tinha dado uma cochilada e fui despertada por uma cena de quase sexo virtual protagonizada pelo rapaz. Meu sangue esquentou, óbvio, e eu catei minhas coisas e saí porta afora. O gajo veio atras de mim, com cara de deboche, dizendo: "O que houve? Eu já tava indo, me espera lá". Enquando eu situava o dito cujo, ele recebe uma mensagem: a tal moça de Londres presenciara a saída dele atrás da minha pessoa pela web cam. Ou seja: além de cara de pau e 171, é burro.





Mas o pior ainda estava por vir. Desesperado com o flagra, ele MANDOU eu ir embora!!! Acreditem. Mas eu, que não ia garotear num momento desse, disse ao rapz alguns impropérios antes de bater a porta. Baixaria total. Lamentável, meninas. Era tarde da noite eu tive a maior dificuldade pra conseguir um táxi. E senti muito medo, afinal, estava num lugar que não conheço. Meu consolo foi o taxista, um fofo, que ouviu toda a história, comprou um tampico laranja e um ice pra mim e ainda contou que fora chifrado há pouco por Suliane, sua noiva paraibana, e que sabia exatamente como eu estava me sentindo.

Enfim... acordei aos prantos - mais pela humilhação do que pela perda do babaca - mas compartilhei a história com o Fernando- o funcionário da pousada que está cuidando de mim feito um segurança- e com um casalzinho de Aracaju que está na pousada. Diante dos comentários de todos sobre a falta de macheza do rapaz, até ri da situação. O Fernando, inclusive, se ofereceu pra mandar uns cabras darem uma lição nele. Quase aceitei, confesso.



Depois do caldo entornado, o filho de rapariga já me ligou umas 5 vezes e mandou um sem número de mensagens pedindo desculpas. Trato friamente. Só atendi porque adquiri um prazer sádico de ouvir o cabra se humilhar.

Mas não fiquem preocupadas achando que esse episódio lamantável estragou a minha viagem. Na noite seguinte levantei, sacodi a poeira, fui à festa do vinil na Bodega do Véio e encontrei alento nos braços do olindense anatomicamente avantajado (foto em anexo) que, além de tudo, ainda canta todas as letras do Reginado Rossi. Apaixonei...

Chêro
Morango do Nordeste

Diário de viagem: a aventura chega ao fim

Como tudo que é bom dura pouco, chegou minha hora de partir rumo a cidade maravilhosa. Adeus, umbucaja, adeus namoradinho que canta Reginaldo Rossi, adeus os paparicos de Fernando, minha mucama da pousada... adeus...

Pra finalizar, rapidinhas pernambucanas:

- As palavras "Pitu" e "Maurício de Nassau" são as mais lidas na região;

- Esse bailado na ponta dos pés que dançam aí no Rio é qualquer coisa, menos forró;

- A macaxeira daqui é melhor do que o aipim daí;

- A torcida do Santa Cruz é a mais sinistra e apaixonada do Brasil;

- Todo mundo em Olinda é artista. Mesmo que não desempenhe a função;

- Não ouvi música ruim em Olinda. Nem na barraquinha do fiteiro;

- Pernambucanas cantando "Bonde do Tigrão" com sotaque foi uma das coisas mais engraçadas que já vi;

- Única coisa ruim que vi: um negócio chamado "Parque Dona Lindu" (sim, a mãe do Lula), no Recife. Mais uma obra do Niemeyer totalmente sem propósito;

- Nessa viagem, se fui pobre não lembro.

Chêro e até. Chego hoje, às 22h30.