sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Puta mundo injusto, meu!

De plantão num pré-reveillon pós-noite de insônia e praticamente babando no teclado. Ruim, né? Mas como diz aquela lei de Murphy: sempre pode piorar.

Eis que num intervalo da labuta, leio na edificante Revista Quem que tal de Fiorella Mattheis está em FERNANDO DE NORONHA pegando o gostoso do FLAVIO CANTO. É numa hora dessas que eu pergunto: Caro Deus: por que umas têm tanto e outras tão pouco?

Enquanto a loira, rica e MAGRA Fiorela tá lá naquele paraíso se refestelando com um dos melhores exemplares da raça masculina do Rio de Janeiro, tô eu aqui na Barra da Tijuca, trabalhando, duranga, acima do peso e sem perspectiva de romances a curto prazo.

Onde está a igualdade de direitos? A distribuição de renda? A democracia? Noronha e Flávio Canto? Com um homem desse, Senhor, ela podia estar até em Muriqui!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A saga da garrafinha perdida


Noite alegre, amigos decidem ir ao estabelecimento noturno de nome Casa da Matriz, no bairro carioca de Botafogo, para celebrar a folga natalina e a visita de um estimado camarada fluminense radicado em Belém -onde é bonito e rico, segundo argumento usado pelo próprio quando se estabeleceu por lá. Um dos mancebos do grupo, num gesto de sagacidade, leva de casa uma garrafinha phyna, tipo cantil, preenchida com vodka da marca Absolut e manda você acomodar a mesma em sua sutil bolsinha carteira.

Já ao alvorecer, depois de consumir a quase totalidade do conteúdo da citada garrafa, chegas em casa, na bucólica Niterói, sem a mesma. Conclui que a deixou em algum balcão do estabelecimento (embora não haja registro do esquecimento em sua memória), quando recebe uma mensagem do amigo pedindo a devolução do utilíssimo objeto.

Envergonhada, se compromete consigo mesma a devolver o souvenir, afinal, seu pai (que Deus o tenha) não a criara para deixar os colega no prejuízo por causa de um ato de irresponsabilidade alcoólica.

Mesmo com restrições orçamentárias, passa numa lojinha e desenbolsa uma pequena fortuna por uma nova garrafa / cantil alcoólico para se redimir com o amigo. A ideia é nem falar com o mancebo sobre a perda. No próximo encontro, você entrega a garrafinha nova acomodada em uma bela caixinha de presente seguida de um singelo abraço e de um pedido de desculpa.

Mais pobre, porém tranquila com a consciência e orgulhosa de si por tamanha sagacidade, você acessa a rede social Facebook e se depara com a seguinte mensagem do amigo em questão:

Tô viajando! a garrafinha tá aqui em casa...


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A "mulher" de 12 anos

Sou moça moderna, cosmopolita, cabeça aberta e coisa e tal... Mas o meu lado careta de quem passou a adolescência em uma província moralista vem à tona de vez em quando. E um episódio vivido hoje fez a caipira que existe em mim aflorar de modo a quase tomar conta do meu ser e dele se apoderar para sempre.

Dando uma daquelas zapeadas nos 328 canais da TV paga, paro na Globo News, que exibia uma matéria sobre os malefícios do uso contínuo do salto alto. Pro tema- tão inédito no jornalismo quanto a dieta do Mediterrâneo no Globo Repórter - eu não tava nem aí, afinal de contas, sou meio desajeitada e nem salto alto uso. Mas a personagem principal da reportagem, uma menina gorduchinha, acendeu meu alerta vermelho.

Toda maquiada e vestida feito uma periguete abastada, a rechochuda jovenzinha se comunicava com o repórter por meio de vocabulário compatível ao de uma pós-adolescente frequentadora de boates da Barra da Tijuca. Com um sapato de salto enorme nas mãos, ela explicava: "Esse eu uso na balada, com um vestido mais curtinho". De posse de outro calçado, cravejado de pedras de strass e com salto semelhante a um sapato de passista de escola de samba, ela dizia "curtir uma pizza com as amigas e sair com os pais". Enquanto ela falava, a câmera exibia uma coleção de algumas dezenas de acessórios para os pés dotados de enormes plataformas e saltos agulha.

"E por que diabos uma mocinha rechonchuda amante de salto alto chamaria a atenção de alguém a ponto de virar tema de um post de blog?", devem estar se perguntando. Pois vos digo, leitores. Pelo fato de a esférica jovem em questão ter apenas 12 anos de idade. Eu disse DOZE! Nem peitinho evidente a menina tinha! Se bobear, nem teve a menarca! E já usa salto alto na "balada", combinado com o vestidinho curto. Como assim, leitores? Que mundo é esse? Na minha época de pré-adolescência, lá pelo começo dos anos 90, papai me daria uma boa coça de Samoa se me visse saindo de casa vestida e falando feito uma pequena piranha! Ora essa!

Ok, as coisas mudam, eu passei dos 30, a Xuxa não é a mais a Rainha dos Baixinhos, a coça de chinelo foi abolida da educação e não existe mais festinha americana com dança da vassoura. Mas reafirmo: não consigo conceber como coisa saudável uma menina de 12 anos usar salto alto! Muito menos ir pra "balada" com amigas. Mané balada! A uma criança dessa idade deveria ser permitido no máximo um daqueles rodízios de massa com amiguinhas do balé! Humpf!

Pra quem ainda atribui o protesto acima à minha possível rabugice, descrevo o trecho da reportagem em que a menina se junta à mãe - também dona de uma coleção de saltos altos - para que as duas relatem situações de aperto advindas desse tipo de vaidade.

Repórter:
- Apesar de saber que faz mal, a senhora deixa a sua filha usar o salto alto. Por que?

Mãe imbecil:
- Pois é... ela adora, né? Não tem jeito! Não consigo proibir.

Peraí! Como não consegue proibir, Senhor? A pequena periquete tem renda própria? Ela sai de casa, escolhe seus próprios sapatos no shopping e os arruma no closet em gradação de cor sem que a mãe saiba? Ok. Segue:

Repórter (para a pequena periguete):
- Você já sentiu dores ou levou um tombo por causa do salto?

Pequena periguete (às gargalhadas)
- Uma vez, na balada, eu parei de sentir minha panturrilha. Tive que sentar no chão até a dormência passar, mas não passou. Fui embora me segurando nas minhas amigas, mas não desci do salto! A gente fala uma pra outra: "Aguenta, amiga. Nós somos mulheres, temos que sofrer".

Mãe (rindo feito uma hiena):
- Pois é... mulher pra ficar bonita tem que sofrer.

Então a filha de 12 anos dessa sujeita é uma "mulher"? Então a filha de 12 anos diz num canal de TV que sentou num chão de boate porque teve a panturrilha temporariamente danificada por um salto alto e a criatura sorri? Pois diante desse quadro, eu profetizo sem medo: se com 12 anos a coisa tá nesse pé, quando tiver a minha idade, essa menina já será uma Suzana Vieira.