domingo, 18 de dezembro de 2011

Mamy nas festividades de fim de ano


Mamy entrou no meu quarto às 8h da madrugada pedindo a módica quantia de 10 dinheiros. "Pra comprar umas coisinhas", justificou. E lá foi ela, lépida e fagueira. Retornou há pouco, quase 3 da tarde, trazendo em mãos 2 DVDs notadamente adquiridos no comércio ambulante: um do Michel Teló e outro do Seu Jorge.

Diante da minha expressão de horror ao constatar que meu suado capital fora empregado naquele lixo, se apressou em explicar o porquê da aquisição: Mamy participará do amigo oculto da Associação de Moradores e Amigos do Morro do Estado. E os citados DVDs foram os presentes escolhidos pela sujeita que ela tirou.

Que alívio, minha gente! Mamy tem lá sua personalidade peculiar, mas o máximo de mau gosto musical que já manifestou foi um apego pelo Exaltasamba. Minha progenitora, creiam, tem vinis do Led Zeppelin guardados como um tesouro! O bom gosto musical, porém, não se estende aos eventos aos quais frequenta. Afinal, imaginem o nível de um amigo oculto cuja participante pede de presente esse tipo de produto?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mamy e a mudança

Mamy, essa pitoresca criatura humana, passa por uma fase difícil. Se bem que a palavra "fase" não se aplica muito a mamy nesse caso, uma vez que minha progenitora se considera a mais desafortunada das criaturas desde que veio ao mundo, lá por meados dos Anos Dourados. A verdade é que mamy, assim como aquela hiena da Hanna Barbera, gosta de reclamar da vida.

E um acontecimento recente em nossas vidas tornou-se para mamy um prato cheio para essa prática que tanto aprecia: fomos intimidos a deixar o imóvel em que moramos. A casa deverá ser devolvida ao proprietário graças a um imbróglio de herança. Mas para mamy, a justificativa jurídica é pura balela! Nosso despejo, óbvio, é resultado de uma teoria conspiratória do proprietário, da mulher dele ("aquela maluca"), da imobiliária e do mundo com o intuito de, por assim dizer, ferrá-la.

- Quero tirar essa história a limpo, esse negócio de herança tá muito estranho, esbravejou mamy, já ameaçando: - Se eu passar pro aqui depois e tiver outra pessoa morando, vai dar merda!

Mas os ataques de fúria não duram muito. O que mamy gosta mesmo é da prática da vitimização:

- Não consigo mais dormir com essa história da mudança. Estou com taquicardia! Acordo deprimida todos os dias.

E foi pior eu argumentar que a taquicardia deveria ser minha, afinal, é do meu bolso que sairá a grana do aluguel certamente mais alto. Tive que ouvir uma lição de moral digna de personagem abnegado de novela.

- Pra você, tudo se resume a dinheiro!


Na tentativa de aplacar-lhe os ânimos, convidei mamy para me fazer companhia em uma conversa com o advogado sobre os trâmites legais da recisão do contrato. Quem sabe explicações mais didáticas a demoveriam da ideia de que tudo não passa de implicância da mulher do proprietário, "aquela maluca"?


Não foi a melhor das ideias, leitores. Mamy não só saiu do escritório ainda mais convencida de que somos vítimas de uma maquiavélica conspiração como me deixou em situação de absoluto constragimento na pequena salinha. A chacota começou logo que adentramos o recinto. O advogado não havia chegado ainda e a notícia do atraso foi transmitida por um subalterno, sujeito que mamy simplesmente não suporta. O protesto foi veemente:

- Minha filha trabalha, não pode esperar! E eu não tomei nem meu café pra chegar aqui cedo! Isso é muita irresponsabilidade!

Tentei pedir calma, afinal, eram só 10 minutos de atraso. Mas fui interropida por outra lamúria:

- Ainda tenho que olhar pra cara desse escroto!

É pertinente ressaltar que mamy falou alto, que o escritório possui dimennsões reduzidas e que o "escroto" em questão certamente ouviu o sutil comentário.

A chegada do advogado foi tensa. O homem justificou o atraso dizendo que tivera uma crise de hipertensão. No que mamy concluiu (também em voz pouco baixa):

- Também, obeso desse jeito!


E se vocês já estão com dó de mim, não imaginam o que eu passei durante a nossa conversa com o profissional de Direito. Primeiramente, o referido tentou explicar que deveria notificar a locatária, no caso minha tia, para formalizar a recisão. No que mamy logo retrucou:

- Sou irmã dela, pode falar comigo mesmo.

O homem (com paciência inexplicável) insistiu que tratava-se de um indispensável trâmite legal e perguntou se a minha tia, a locatária, ainda é viva. Ocorre que o coitado não sabe, mas titia, coitada, foi acometida por um grave problema de saúde recentemente. Embora já esteja em franca recuperação, mamy se apressou em responder:

- Viva ela é, mas tá quase morrendo.

Prevendo que a pressão do advogado desta vez, sim, subiria a ponto de matá-lo, mandei mamy calar-se e perguntei se havia um modo de notificar titia sem exigir dela um esforço físico. O pobre tentou me explicar, mas foi novamente interropido por uma debochadíssima questão de mamy:

- A casa do vizinho também pertence aos proprietários da minha. Mas eles tavam fazendo festinha no domingo. Achei estranho, né? Receber notificação de despejo e fazer festa? Ou eles não receberam?



Mais uma vez o pobre homem explicou o imbróglio. E generoso, coitado, ainda comunicou que havia um imóvel disponível, caso nos interessássemos. Só havia um porém: era localizado no inóspito bairro de Alcântara, município de São Gonça. Até aí mamy até se conteve. Mas sugerir uma casa em Gonça era ferir demais o orgulho dela:

- Alcântara, aquele lugar horrível? Minha filha é jornalista, meu filho. Querem me despejar, tudo bem! Mas me arranjem um lugar decente pra morar!

Já a sós comigo no elevador, se despediu com essa:

- Com essa gente é assim! A gente não pode perder a pose!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Se for dançar, só malhe o glúteo


Em novo horário na labuta, perdi um privilégio adquirido quando saía da firma na hora em que a carruagem vira abóbora: ser conduzida pra casa diariamente por um confortável táxi. Nos primeiros dias foi deveras sofrido. Até redescobrir o trajeto ideal da inóspita Barra da Tijuca a Niterói, bucólico município vizinho onde resido, enfrentei entreveros como sacolejar em pé num lotado ônibus do metrô - que a empresa, numa manobra caozeira, batizou de "metrô na superfície"- e ser encurralada no banco do coletivo por uma obesa que, não satisfeita em se empanturrar com uns biscoitos fedorentos, fez o jogador do Flamengo e soltou, sem pudores, ininterruptos flatos durante a viagem.

O ser humano, todavia, se acostuma a tudo que é sacrifício (taí a mulher do Michel Temer que não me deixa mentir). E eu posso garantir-lhes que não só estou resignada com as viagens diárias como passei a ver até certa graça, analisando meus companheiros de viagem de forma, digamos, sociológica. Na noite de hoje, por exemplo, tirei até meus fones de ouvido pra ouvir as conversa de uma moçoila que fez um sem número de ligações no trajeto Princesa Isabel-Icaraí a bordo da van. Os papos iam de informação sobre a localização ("Tô na Ponte, porra") à confirmação de um camarote na Ita Show com um amigo, carinhosamente chamado de "sua bicha":

- Conseguiu o vip, né, sua bicha? Não sou mulher de ficar espremida, não!

E ainda tem esse detalhe, senhores... a referida embarcou na Princesa Isabel (uma rua de Copacabana composta por estabelecimentos dedicados à prática do meretrício, esclareço para os não-cariocas). E a conclusão imediata de que a moça era uma das profissionais do logradouro pode parecer preconceituosa da minha parte, afinal, também embarquei na Princesa Isabel. Mas se vocês vissem a distinta, haveriam de concordar.

E se o figurino (e o fato de ela ter saído de um do prédio acima da Boite La Cicciolina munida de uma malinha) não eram suficientes pra minha constatação, transcrevo pra vocês o trecho de uma conversas via Nextel:

-E aí, marida? Tô chegando, hein! (...) Então, menina! Amanhã você vai malhar comigo, vamo malhá só perna. Ontem não deu pra malhar perna, só malhei glúteo! (...) Preguiçosa nada, piranha! Quando eu malho perna não consigo dançar! Malhando só o glúteo, fico descansadinha e dou show".

Tão vendo? Foi só relaxar na viagem e manter os ouvidos atentos pra aprender essa valiosa dica para performances.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cena noturna

No Pão de Açucar, vejo o caixa preferencial sem nenhum velhinho na fila e me dirijo até ele pra pagar meu miojo e 1 garrafa de vinho barato. Em seguida, chega uma moça, mais deteriorada fisicamente do que exatamente sexagenária. E a caixa pra mim:

- Senhora, esse caixa é preferencial pra idosos. Ceda o seu lugar à senhora atrás de você
No que a referida retruca:

- Que senhora, minha filha? Idosa é o cacete.

domingo, 10 de julho de 2011

Cartão postal

Sujeito no aeroporto liga prum amigo a fim de dizer o endereço no qual se hospedará na Cidade Maravilhosa. E lê, em tom de soletração:

-Rua Mem de Sá, Lapa, Rio De Janeiro

E ao ouvir do amigo uma pergunta que provavelmente era "qual o ponto de referência?", respondeu sem titubear:

- Referência? Aqueles "marcos" da Lapa.

domingo, 5 de junho de 2011

Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis


Amigo posta no Facebook uma foto onde ele aparece (todo paramentado de smoking) dançando com a mulher vestida de noiva. Eis que um ser humano posta, abaixo da imagem, a seguinte pergunta: "Seu casamento?"

O episódio me lembrou a seção "Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis" da revista MAD. E me inspirou algumas soluções para tão peculiar sentença. Aí vão:

-Seu casamento?

-Não, uma festa à fantasia.
-Não, a minha digníssima estava casando com outro. Eu era um convidado malandro que a arrastou prum cantinho do salão depois dessa contradança e destrui a união antes da noite de núpcias. O nosso enlace se deu meses depois.
- Não, montagem. Não tínhamos dinheiro pra cerimônia e um amigo bom de Photoshop fez essa pequena homenagem pra realizar o sonho da minha esposa.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

A lista do sex shop


Das merdas que você faz ao longo dessa vida, certamente as que ganham maior repercussão são executadas no ambiente de trabalho. E há duas categorias de passo mal dado na firma: os que geram demissão e os que tornam o seu autor alvo de toda a sorte de galhofa, escárnio, piadas, enfim... um conjunto de esculachos que os psicólogos do Jornal Hoje chamariam de bullying. E é nessa segunda categoria que se enquadra a garoteada (vulgo lapso) cometida por um nobre coleguinha aqui da redação na data presente.

Ocorre que o moço - um dedicado profissional do help desk - aproveitou uma madrugada de ócio para fazer umas comprinhas virtuais, certamente com o intuito de dar aquela apimentada na relação, uma vez que o site visitado pelo rapaz, o Coliseu, trazia uma variada gama de artigos daqueles que você encontra ilustrados em menus de motel.

A graça, porém, não está no fato do moçoilo ter gastado parte significativa do seu ordenado de help desk na aquisição dos artigos, mas na forma como o episódio veio à tona. O negócio é que o coitado, creiam vocês, esqueceu a nota fiscal - que trazia, além de nome e endereço do comprador, todos os produtos devidamente discriminados- na gaveta de uso comum a todos os help desks.

E como nada nessa vida é tão ruim que não possa piorar, a referida nota foi encontrada pelo maior dos sacanas da equipe de HDs, o bravo Uiliam. Extasiado com a descoberta, ele correu para compartilhar o achado com a pessoa da firma que certamente mais vibraria ao saber que o cliente do Coliseu é chegado a adereços, digamos, pouco convencionais nos momentos da cópula.

Sim, a honra de ser a primeira a saber foi minha. E como há coisas nessa vida que precisam ser compartilhadas, explanarei aqui exemplos dos itens que hoje incrementam a vida a dois do nosso amigo. São eles:

- masturbador hole que simula dupla penetração; (#soufoda)
- anel peniano borboleta reutilizável;
- cremes corporais nos sabores caipirinha e amarula; (devem cair bem nesse friozinho)
- livro "sexo tântrico avançado"; (significa: ele já superou o nível básico)
- spray boka loca morango; (esse eu decididamente não consigo imaginar para que se destina)
- fantasia empregada; (uhu)
- vibrador ponto G com ondas;
- anel massageador stretchy cockring; (uhu)
- gel massageador anal dream com microcápsulas

Finalizo informando que a lista foi colada na mesa dos help desks - ao lado da foto do comprador - sob o título "compras do mês". Ressalto ainda que as compras totalizaram 1,3 kg, o que mostra o ânimo do rapaz, uma vez que os artigos são um tanto diminutos. É muita juventude, minha gente!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Unidos do Coletivo: o bloco de um dia ruim


O sol raiava e alguns seres humanos já se deslocavam rumo aos blocos nesse calorento domingo pré-carnavalesco no Rio de Janeiro. Eles saltavam lépidos e fagueiros pelas ruas da Zona Sul enquanto eu seguia para aquele outro município, a Barra da Tijuca, com a finalidade de trabalhar. Sonada, meio febril e com um lado da parte interna da minha bochecha mutilado pelo aparelho ortodôntico, não posso descrever como bom humor o que sentia naquele momento.

Na volta, lá pelo fim da tarde (e dos blocos), tomo a inteligente decisão de pegar um ônibus em Ipanema, depois uma viagem que alternava sacolejos e minutos parada em engarrafamentos num 382 sem ar condicionado e cheirando a óleo queimado. Após 1 hora e 8 minutos de espera, (sim, contei), vem o esperado coletivo, já bem cheio.

Pelo menos consegui lugar num daqueles bancos altinhos anteriores à roleta. Já ensaiava um cochilo quando, no ponto seguinte, o coletivo é ocupado por umas duas dezenas de cidadãos embriagados e mal cheirosos, com aquelas caras de fim de bloco. Pra piorar a já desesperadora situação, constatei que os cidadãos era em sua maioria playboys. E a cada ponto o confortável coletivo era ocupado por mais e mais sujeitos e mocinhas com as mesmas características. Alguns identificavam "lesques" camaradas no corredor do coletivo, mesmo a metros de distância. Uma festa:

"Coé, Vitinho! Porra, viado!! Tava aonde, caralho! Peguei duas, porraaaaa!!"

O volume máximo do meu ipod já não era suficiente para me manter alheia à tanta juventude e empolgação. Para completar, o pedacinho de paz ao lado do meu banco é ocupado por um grupo composto por duas patricinhas com caras de calouras de Direito e um bobo alegre, certamente migrante das micaretas.

Na falta de um vendedor de balinhas na área, o sujeito em questão resolveu adotar como o passatempo da sua viagem uma brincadeirinha marota: morder a axila direita de uma das mocinhas com cara de caloura de Direito, que mantinha os braços esticados para se segurar na barra de ferro do coletivo. E enquanto o bobo alegre se ocupava de mordiscar a axila da moçoila, a referida se distraia repreendendo seu algoz aos gritinhos - com voz aguda e esganiçada - seguidos de um "ai, seu chatooooo". E as mordidas seguidas pelos berros estridentes se sucederam até Niterói, onde desembarquei aliviada e ansiosa pra tomar um banho, me esticar na cama e ver o Oscar. O dia ruim havia acabado. Pelo menos foi no que eu acreditei até chegar em casa e descobrir que havia um lado da minha rua sem luz. Adivinhem qual era?



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mamy e suas convicções


Não sei se já contei aqui, mas mamy cultiva um péssimo hábito. Na verdade (quem é leitor no Musa sabe), ela cultiva vários hábitos ruins, mas abordarei neste relato o que mais me incomoda: o de contar podres do meu passado a qualquer incauto que apareça aqui em casa e se aventure a engatar com ela um papo.

Ocorre, porém, que apesar dos indícios que apontam o contrário, meu passado nem é tão negro assim. Muito boa aluna na escola, não-usuária de narcóticos e virgem até idade avançada pros padrões da época, considero ter sido, quando jovenzinha, o que se convencionou chamar "uma boa moça". O negócio é que até as boas moças cometem lá seus deslizes. E o meu foi cair de amores por um sujeitinho de índole duvidosa, que viria futuramente a ser o pai biológico do meu rebento.

E foram esses citados desvios de conduta - a paixonite pelo vadio e a consequente prenhês do mesmo - que fizeram mamy me condenar, sem direito à fiança, a ouvir essa história ressuscitada a cada discussão como argumento para me penalizar ou para mostrar aos meus convivas o quanto ela - e todos com quem tenho laços consanguíneos - sofreram:

- Ela já fugiu de casa com a roupa do corpo pra viajar com ele. O pai chorava feito criança, relatou dia desses para a amiga Andréa.

Todavia, creio que o objetivo maior de mamy ao descrever esses lapsos da minha juventude com pormenores dos quais sequer eu me lembro - até porque já se foram uns 15 anos desde o acontecido - é mesmo o de se vangloriar. Afinal, o desfecho feliz que a história teve, uma vez que um dia me curei da paixonite pelo tal moçoilo, só ocorreu graças a quem? Sim, a ela mesma. Mamy!

Mas como? Perguntarão os incautos leitores. Pois lhes respondo reproduzindo aqui as palavras da minha própria "salvadora":

-Muita macumba, meu(a) filho(a)! Ah, se eu não tivesse apelado pra todos os meus santos...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pra quem "ama" o verão

Tem gente eu foca na praia, showzinho no Arpoador e eventos, modismos... Mas pra mim, verão no Rio é sinônimo de acordar no meio da madrugada com o pescoço empapado de suor; de ter a pressão arterial próxima de zero e um estado quase constante de letargia; de não conseguir tomar um banho frio porque a água do chuveiro é sempre quente e de estar sempre com aquela cara brihando sem nenhuma dignidade.

E se o calor intolerável não é argumento pros insanos que insistem em dizer que "amam o verão", apresento o derradeiro: o verão é a estação dos infernais hits baianos. Fiquem com o de 2011 e pensem nisso.

http://www.youtube.com/watch?v=-DR6TIc4Z-4

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A patricinha "sequestrada"


Resumo da história relatada pelo taxista que me conduziu hoje do pé do Morro do Estado, onde resido, até Icaraí: Bela mocinha abastada foi à favela em busca de pó branco e sexo com meliantes. Achando que poderia pagar o primeiro usando o segundo como moeda, acabou presa na boca. Ao ligar para o pai para pedir a grana, disse que fora "sequestrada" no asfalto. Resultado: polícia na favela, traficantes furiosos e a mocinha jurada de morte.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Minha família fantástica: Mamy é má


Que mamy gosta de falar mal da vida alheia, todos que já leram esse blog devem saber. Para a minha progenitora, por exemplo, se referir às pessoas pelo nome com o qual elas foram batizadas é tarefa difícil, diria quase impossível. Os seres humanos, quando citados por mamy, são quase sempre "aquele feio", "aquela gorda", "aquela com cara de velha", etc.

O que ainda não mencionei é que a vocação de mamy para espezinhar o seu semelhante é aguçada por um grupo especial de criaturas: os vizinhos. São eles os alvos de seus comentários mais maledicentes, objeto de suas mais complexas teorias socio-antropológicas, enfim... os vizinhos estão para mamy assim como Cabo Frio para os mineiros. Um dos preferidos é o rapazote que mora sozinho no apartamento ao lado. Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, recebi dela uma, digamos, descrição crítica do sujeito:

- "Já viu o magrelo que veio morar aqui? Cara esquisito! Parece uma cambachirra! E é cheio de marca de pereba nas costas".

E antes que eu pudesse digerir o fato de mamy ter perdido minutos do seu dia analisando a anatomia dorsal do novo vizinho, ela me chega com outra informação importantíssima sobre o pobre:

- "É corno! A mulher dele não para em casa. Sai cedinho e só volta de madrugada, isso quando volta. Nessa semana ela dormiu fora 3 dias!"

E como, Senhor Jesus, mamy tinha acesso a todas essas informações sobre a rotina da esposa do vizinho?

- "Eu reparo, ué! Você é que é lerda, não vê nada!"



Quando o magrel..., digo, o vizinho enfim se divorciou ("era corno, não disse?"), mamy adotou como passatempo observar as conquistas amorosas do rapaz. E, pasmem: chegou a insinuar que eu poderia vir a me tornar uma delas.

- "Ele até que arruma umas meninas bonitinhas, como pode? Acho que tem tanto veado no mundo que as mulheres tão aceitando qualquer coisa. Aí, Thatiana! Quem sabe ele é um bom partido?"

Ok. Felizmente, o amigo "cambachirra" ficou de lado quando mamy arranjou um passatempo muito mais interessante: mudou-se para cá uma família composta por um ex-bandido, uma moça destaque de escola de samba e uma mocinha modelo em início de carreira, filha do curioso casal. A família e a casa -sempre frequentada por dezenas de gays puxa-sacos da musa da Sapucaí - são para ela um deleite, uma fonte inesgotável de fuxico e teorias maldosas. A primeira é a de que o traseiro da mãe (enorme, reconheço), é fruto de cirurgia plástica.

- "Já viu? Aquilo não pode ser natural, ninguém tem uma bunda daquele tamanho!"

Mas a segunda, que ela deve ter levado mais tempo pra elaborar, é sem dúvida a mais fantástica. Segundo mamy, a curvilínea vizinha é, na verdade, um travesti. E o marido (pobre homem) "come todos aqueles veados que frequentam a casa deles".

Pois é, leitores. Eu quando eu achava que a maldade de mamy com os vizinhos já tinha atingido sua pontuação mais alta na escala de vilania, me deparo com a seguinte cena ainda há pouco: Na ponta dos pés e sorrateira, mamy observava algo pela janela da sala. Volta e meia, soltava um sorrisinho maligno. Ao perceber minha presença, me chamou:

- "Vem ver, vem ver! Ó lá o hippie! Doidão!"

E lá estava um novo vizinho, um estudante de História barbudo, se escorando nas paredes da escadaria. Completamente bêbado, ele não conseguira passar do terceiro degrau.






quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Musa (também) dos taxistas


A pessoa chega em casa de madrugada e descobre que esqueceu a chave. Comovido com o desespero da mesma, o taxista que a conduzira se oferece gentilmente para solucionar o problema. Apesar da silhueta arredondada, que teoricamente restringiria seus movimentos, mostra-se habilidoso: pula o portão, arromba a porta e nem aceita a gorjeta que a pessoa, grata por não dormir na calçada, oferece.

A humanidade tem salvação!