domingo, 12 de agosto de 2012
Mamy na Zona Norte
Em um post anterior, relatei uma breve passagem do que foi o doloroso processo de mudança da família da bucólica e elitizada Niterói para a Zona Norte do Rio de Janeiro. Mamys, a nossa eterna protagonista, sofreu feito um cão abandonado. Frases como "Não tenho mais idade para recomeçar" e "Vou acabar tendo um troço e morrendo de depressão" eram entoadas com frequencia.
Porém, assim como o carnaval para os Los Hermanos, todo drama para mamys tem seu fim. E no presente momento a minha idiossincrática progenitora está, por assim dizer, soltinha no bairro no qual viemos residir. Pop como ela só, mamy é solicitada para eventos, frequenta a quadra do Salgueiro, circula por todos os bares e já faz análises da baixa gastronomia local com embasamento(o caldo de siri do Pinheirão é o melhor da Vila).
Mamys, todavia, nunca está plenamente satisfeita com esta vida ingrata. E dia desses chegou em casa num estado preocupante de revolta. O motivo: incompatibilidades com os "incultos" habitantes da Grande Tijuca.
- Esse lugar aqui... tem jeito, não. Eu até me divirto, mas não dá pra firmar boas amizades.
Intrigada, pergunto o que há de tão repugnante nas criaturas que só fazem paparicá-la e convidá-la pros sambas, feijoadas e bailes no estilo flash back.
- Povo ignorante! Ninguém viaja, ninguém vai pra Região dos Lagos. Só querem saber de bar! - esbravejou indignada esta jetsetter de São Gonçalo, que só põe os pés em estabelecimentos do tipo de 3 a 4 vezes por semana.
E talvez por ter percebido que eu não concordava com tal ponto de vista sobre os novos vizinhos, arrematou:
- Não posso morar num bairro onde ninguém conhece Ferreira Gullar!
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