Quantas vezes Nani / Tantas vezes Nani / Eu te desenhei / Num papel de pão /Tempestade clara / Sol do meu Saara /Eu te bronzeei / Sem você notar
Alguém se recorda desses lúdicos versos? Trata-se de um trecho de 'Nani', do grupo Art Popular, um clássico do pagodinho trash dos anos 90. A canção foi puxada por um figura durante uma viagem de van rumo à Teresópolis, onde assistiríamos ao casório do irmão de uma amiga da faculdade. O utilitário fora fretado somente para a nossa turma pelo pai do noivo, o que acabou transformando a viagem numa típica excursão colegial. Com uma diferença: na hora da cantoria, decidimos trocar a seqüência de 'chora bananeira' por pagodinhos trash dos anos 90. Era uma espécie de competição pra decidir quem resgatava o maior número de pérolas. E a galera, que não é de bobeira, arrasou. Teve até um momento 'coreografia' protagonizado pelo meu amigo e hoje colega de
sirvirço Fabrício Yuri.
Rolou 'Inaraí'
(seu corpo é um mar por onde eu quero navegar); 'Lua Vai'
(Lua vai, iluminar os pensamentos dela); Pagode na Cohab
(avisa ao chamburcy que tem danone à vontade)... E por aí foi. O que não imaginávamos é que o filé do repertório pagodeiro só nasceria alguns anos depois. Não tem Soweto, Negritude Junior, Katinguelê do Salgadinho e nem Karametade!! O pagode, caros leitores, evoluiu. E literalmente falando. O baticum entrou na era virtual, vejam vocês. Em tempos de orkut e msn, ninguém mais desenha a amada num papel de pão. Os
pagodêro do novo milênio choram com a sua 'nem' na webcam e tem arrepios ao receber scraps da eleita em genuíno miguxês.
Não tão entendendo nada? Pois conheçam agora a canção
'Fiquei muito feliz', dos
gatinho antenado Luciano Becker E Maicon Simpatia,
do grupo
Swing e Simpatia. Tomei a liberdade de inserir algumas observações, mas nada que impossibilite a análise da sensacional letra. Deliciem-se...
Fiquei muito feliz
Quando vi sua chamada perdida no meu celular
Quando ouvi sua mensagem de voz pedindo pra perdoar
Ali eu vi que a fria tempestade passou,
ali eu vi que a fria tempestade passou
Liguei meu PC (em casa ou na lan?)
Quando entrei no meu Orkut, só dava você (Visualizei: a fotinho do avatar da moçoila é uma daquelas tiradas com a câmera apontada para o espelho. Botou o cabelitcho (loiro com 2 palmos de raiz preta) para o lado, uma 'brusinha' da PXC e mandou ver)
quando li seu scrap, me fez entender(O seu scrap? Um só? Mas não 'só dava' a gatinha?)
Que o nosso amor nunca morreu e nem vai morrer
Logo em seguida eu entrei no meu MSN, comecei a tremer
Pois você estava Ooooon, não deu pra conterNa webcam choramos depois de nos ver (não encontrei palavras pra inserir observações nesse trecho...)
Eu não estou querendo generalizar (no dicionário: tornar geral; não fazer restrições individuais; vulgarizar)
Nem ser tão radical em que vou te falar
Te amar como eu te amo ainda está pra nascer (será isso o 'generalizar'???????????)Não merecia um terço desse meu sofrer (essa eu vou roubar pra falar pro Washington e pro Renato Gaúcho)
Você não tem noção do quanto em mim doeu
Mas acho que a lição agora aprendeu
Cuide do que é seu
Fiquei muito feliz...É isso aí, leitores! Exclusão digital que nada. A internet chegou definitivamente a todas as camadas da sociedade. É um grande passo rumo ao primeiro mundo, tá pensando o que?