A disputa de bola entre Fluminense X Barueri (não dá pra qualificar aquilo como um jogo de futebol) foi um dos episódios de maior sofrimento coletivo que já presenciei no Maracanã. Todavia, uma torcedora me chamou a atenção por contrastar com o clima geral. Enquanto uma mistura de ira e melancolia tomava conta de todos, a citada moça soltava sonoras gargalhadas na arquibancada. Alheia ao futebol do nível técnico de uma pelada no Aterro, a sujeita se distraía jogando de um lado para o outro as madeixas- tingidas em um tom amarelo-ovo- e falando ao celular.
O que a faceira jovem fora fazer no Maraca, eu não sei. Mas pelo gestos, pelo shortinho (que deixava à mostra a pôpa do popô) e pelo blush (em quantidade que a deixava a fuça da boneca Emília), só me resta uma certeza: a blondie se dirigira ao estádio para fazer qualquer coisa, menos assistir à partida de futebol.
Mas a protagonista do episódio acima não está sozinha. Ela é mais um espécime de um grupo conhecido pelos frequentadores de estádios de futebol: as tchutchucas de arquibancada. A maioria das tchutchucas é flamenguista, já que pra elas é mais fácil seguir o senso comum e - é claro- a maior concentração de homens. Porém é difícil definir o verdadeiro time da tchutchuca, já que ela torce mesmo é para o clube do namorado ou peguete ou alvo da vez. O do jogador gatinho da vez, tipo o São paulo na época do Kaká, também arrebanha algumas indivíduas.
Animais de hábitos variáveis, podem andar sozinhas, em dupla, em bando ou (como preferem) acompanhadas por um macho da espécie. O macho, a propósito, é o alvo principal dessa categoria de ser humano (?) quando se dirige aos estádios. E elas os subdividem em duas categorias: o brucutu acompanhante, que serve bem furar a fila do mate e para deixar as outras tchutchucas arrancado os pentelhos de inveja na arquibancada; e o restante, que está ali para reparar no quanto aquele top transpassado da Flu Boutique valoriza seus peitos, no quanto sua bunda é melhor que a da tchutchuca ao lado e no quanto, enfim, ele está perdendo enquanto prefere prestar atenção naquele contra-ataque.
Na torcida do Fluminense - pra exemplificar com maior conhecimento de causa- existe um elemento que torna mais fácil a identificação de uma tchutchuca de arquibancada: um indefectível vestidinho verde e grená de comprimento similar aos usados em zonas de meretrício. Meu irmão, barangueiro confesso, até hoje se vangloria por ter presenciado a comemoração de uma adepta do modelito que, num momento da empolgação, executou movimentos mais espontâneos e deixou à mostra uma lingerie com as cores do clube.
Contudo não sou uma moralista, como podem estar pensando. Quer ir pro Maracanã, Morumbi, Barradão ou São Januário de shortinho desfiado e piercing de umbigo à mostra, que vá! O que me irrita mesmo nas tchutchucas é o fato de elas se interessarem tanto por futebol quanto eu por matemática financeira e, ainda assim, acharem que têm direito a um lugar nas aquibancadas.
E aos que me acusam de antidemocrática, desafio: assista a um jogo no qual o seu time joga com João Paulo na lateral enquanto ouve uma sujeita dessas entoando gritinhos estridentes ou impropérios do tipo: "Amor, o Obina não vai entrar?"
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Gafe
Estava eu num momento entediante de labuta quando sou interrompida por uma impertinente janelinha pipocada no meu monitor: alguém deseja me adicionar à sua lista de contatos no messenger corporativo. A solicitante é uma pessoa de nome Sandy Bahia, de quem nunca ouvira sequer falar na firma.
No momento seguinte, a estagiária - que também fora contemplada pelo pedido de Sandy Bahia- me pergunta (via messenger) se eu conheço a misteriosa amiga quase-homônima da filha de Xororó.
Ah, benditos sejam a discrição e o silêncio... virtudes que nos ajudam a conviver com outros seres humanos sem ameaças de linxamento ou excomunhão. E que se fossem levados em conta pela minha pessoa, me impediriam de ter optado por ignorar o messenger para responder à estagiária em alto e bom som:
- Sei lá quem diabos é essa tal de Sandy Bahia! Nunca vi mais gorda! E com esse nome esquisito, deve ser fake. Nem vou aceitar o pedido.
A sequencia de observações pouco elogiosas à quase-homônima da esposa de Lucas Lima foi interrompida por um amigo, que me alertou (via messenger):
- Cala a boca! Sandy Bahia é a menina nova da equipe de arte. Tá sentada aqui do meu lado.
O desespero, que já era sem tamanho, ficou ainda maior quando, olhando em direção ao meu amigo, me deparei com o semblante de Sandy, que me fitava com um sorriso amarelo.
Submergir no chafariz da pracinha do Downtown foi, sim, uma hipótese considerada naquele momento...
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