domingo, 23 de janeiro de 2011
Minha família fantástica: Mamy é má
Que mamy gosta de falar mal da vida alheia, todos que já leram esse blog devem saber. Para a minha progenitora, por exemplo, se referir às pessoas pelo nome com o qual elas foram batizadas é tarefa difícil, diria quase impossível. Os seres humanos, quando citados por mamy, são quase sempre "aquele feio", "aquela gorda", "aquela com cara de velha", etc.
O que ainda não mencionei é que a vocação de mamy para espezinhar o seu semelhante é aguçada por um grupo especial de criaturas: os vizinhos. São eles os alvos de seus comentários mais maledicentes, objeto de suas mais complexas teorias socio-antropológicas, enfim... os vizinhos estão para mamy assim como Cabo Frio para os mineiros. Um dos preferidos é o rapazote que mora sozinho no apartamento ao lado. Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, recebi dela uma, digamos, descrição crítica do sujeito:
- "Já viu o magrelo que veio morar aqui? Cara esquisito! Parece uma cambachirra! E é cheio de marca de pereba nas costas".
E antes que eu pudesse digerir o fato de mamy ter perdido minutos do seu dia analisando a anatomia dorsal do novo vizinho, ela me chega com outra informação importantíssima sobre o pobre:
- "É corno! A mulher dele não para em casa. Sai cedinho e só volta de madrugada, isso quando volta. Nessa semana ela dormiu fora 3 dias!"
E como, Senhor Jesus, mamy tinha acesso a todas essas informações sobre a rotina da esposa do vizinho?
- "Eu reparo, ué! Você é que é lerda, não vê nada!"
Quando o magrel..., digo, o vizinho enfim se divorciou ("era corno, não disse?"), mamy adotou como passatempo observar as conquistas amorosas do rapaz. E, pasmem: chegou a insinuar que eu poderia vir a me tornar uma delas.
- "Ele até que arruma umas meninas bonitinhas, como pode? Acho que tem tanto veado no mundo que as mulheres tão aceitando qualquer coisa. Aí, Thatiana! Quem sabe ele é um bom partido?"
Ok. Felizmente, o amigo "cambachirra" ficou de lado quando mamy arranjou um passatempo muito mais interessante: mudou-se para cá uma família composta por um ex-bandido, uma moça destaque de escola de samba e uma mocinha modelo em início de carreira, filha do curioso casal. A família e a casa -sempre frequentada por dezenas de gays puxa-sacos da musa da Sapucaí - são para ela um deleite, uma fonte inesgotável de fuxico e teorias maldosas. A primeira é a de que o traseiro da mãe (enorme, reconheço), é fruto de cirurgia plástica.
- "Já viu? Aquilo não pode ser natural, ninguém tem uma bunda daquele tamanho!"
Mas a segunda, que ela deve ter levado mais tempo pra elaborar, é sem dúvida a mais fantástica. Segundo mamy, a curvilínea vizinha é, na verdade, um travesti. E o marido (pobre homem) "come todos aqueles veados que frequentam a casa deles".
Pois é, leitores. Eu quando eu achava que a maldade de mamy com os vizinhos já tinha atingido sua pontuação mais alta na escala de vilania, me deparo com a seguinte cena ainda há pouco: Na ponta dos pés e sorrateira, mamy observava algo pela janela da sala. Volta e meia, soltava um sorrisinho maligno. Ao perceber minha presença, me chamou:
- "Vem ver, vem ver! Ó lá o hippie! Doidão!"
E lá estava um novo vizinho, um estudante de História barbudo, se escorando nas paredes da escadaria. Completamente bêbado, ele não conseguira passar do terceiro degrau.
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14 comentários:
chorando de rir. literalmente chorando, digo. fiquei muito curioso de conhecer a mãe da musa. saber com que nome ela me batizaria!!!
o que seria uma 'cambachirra'???
Fiquei com a mesma dúvida do Fabrício! E... Estava com saudades das histórias de mamy. Mais uma pergunta: como ela me chama, hein?
Hahahahaha! Parece que sua mãe e a minha nasceram da mesma barriga. O pior é que eu, politicamente correta que sou, sempre me esforço pra não rir dos comentários maledicentes de mammy. E quem disse que eu consigo?
Gente, segundo mamy, cambachirra é um passarinho meio esquisito. E Nailoca, creia: ela não te colocou nenhum apelido. Sinta-se uma privilegiada.
Ídola!
Tudo desejo reprimido. Sua mamy terá de reencarnar homem para poder ser gay. Aí será o paraíso e acabará a maledicência...
PS: o Musa tem tudo para virar livro...
Também fiquei curiosa...como mamy me chama? Filhota? =)
Mari, mamy virou sua fã. fenômeno raríssimo!
Thati, só não falo para transformar isso em filme, porque perderíamos o seu talento para com a linguagem literária. A linguagem cinematográfica não daria conta! Sou mega fã de sua mamy, e a temo! Acho melhor que ela não me conheça, sou um apanhado de estereotipos negativos... hahahahahahahhhaha Não para de escrever não, me mato de rir!
Morrendo de rir com o relato...rsrsrs. Acho que sua mãe só perde para os porteiros do meu prédio que, pasme, passaram a me ignorar desde que me viram chegando da redação às 7h da manhã...Nem preciso dar mais detalhes desse pré-julgamento, né?! O fato é que me divirto com isso...rsrsrs. Beijos
Sensacional! Mas uma dúvida: o bêbado não passou do terceiro degrau ou do terceiro grau? (rsrs) Bjs, Marcio
Gente, a mulher do ex-bandido é travesti? Amo a imaginação de mamy!! E quando vai sair o livro, Thati?
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