quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Meu primo, um corno feliz

Meu primo Dudu já foi citado neste blog de forma negativa, mas tenho que me redimir com o pobre. Ele é um cara bacana. Dentre os meu mais de 20 primos (sim, tenho mais de 20 primos), ele sempre foi o mais amoroso comigo, do tipo que cozinha pra mim quando vou na casa dele e me apresenta pros amigos como "minha priminha mais bonita". Enfim...Pode-se dizer que é um fofo!

O problema do meu querido primo (além de ser um expert na arte do 171, o que lhe rendeu na família o apelido de Agostinho Carrara) é a incapacidade que ele tem de lidar com certos, digamos, deslizes conjugais de sua digníssima. Ou seja, como se diz na linguagem popular...meu primo é corno. E do tipo conformado.

Meu primo conheceu a esposa quando ela tinha 13 anos e era bem jeitosinha. Já com ele, coitado, a natureza não foi muito dadivosa nesse sentido. Mas a jovem parecia apaixonada, apesar dos poucos atributos físicos do namorado. Pouco tempo depois, se casaram. Não necessariamente por causa da paixão da menina, é verdade. O fato é que o pai dela- um cara bronco do interior - pegou meu primo com a boca na botija e o obrigou a desposá-la na base do facão.

Enquanto a mocinha era uma recém-desvirginada indefesa, expulsa de casa pelo pai, meu primo tava bem na fita, encenando o papel do "malandrão suburbano apresentando o mundo pra mulherzinha capiau". O problema é que ele apresentou até demais...e ela começou a gostar!

Os vestidinhos costurdos pela mãe não tardaram a dar lugar a shorts curtíssimos, que desconcertavam os tios nas reuniões familiares (inclui-se papai, que não era santo). E ela gostava! Quanto mais percebia que estavam olhando, mais curtas as vestimentas ficavam.

Até que, não satisfeita em provocar apenas o constrangimento dos tios (e a fúria de suas respectivas esposas), ela começou a alçar vôos mais altos. E a chegar em casa altas horas da madruga, deixando o rebento, ainda bebê, aos cuidados do meu primo, que sempre a aguardava ansiosamente, sem dar um pio.

Um dia, o pobre acabou esperando mais do que das outras vezes. Uma semana, pra ser mais exata. Falo sério, caros leitores. A prima saiu de casa com a roupa do corpo numa sexta à noite (sem o rebento, naturalmente) com um "volto já" e só retornou no sábado seguinte. Após uma busca angustiante que mobilizou até os parentes mortos, soubemos por uma amiga em comum que a desaperecida estava na casa de um caboclo em Saquarema. Mandou avisar que estava viva e muito bem de saúde, mas que não deveriam esperá-la.

Ou seja, a mulher havia chutado o balde. Pro desespero do primo, que só chorava. E pro meu, que fui designada pela minha tia pra ser o ombro amigo e evitar que ele "fizesse uma besteira." De quebra, ainda tinha que ajudar a tomar conta do rebento.

Bem, felizmente (ou não) ela acabou retornando ao lar na semana seguinte. Como se nada tivesse acontecido. Se não fosse o bronzeado e o visual hippie adquiridos, poderia até ter alegado um seqüestro e todos acreditariam, tamanha era a cara de vítima da sujeita. E o meu primo? A aceitou de bom grado.

Palavras dele:

"-Eu tenho que ser compreensivo com ela. Não deve ser fácil ter um filho aos 14 anos. E ela tem direito de se vingar, porque eu já fui uma cara muito galinha."


continua abaixo...

3 comentários:

Anônimo disse...

Nelson Rodrigues se remexendo muito! uahauhau q bom q ela voltou! Haverão mais histórias!hehehhe

Anônimo disse...

Primo sempre dá assunto, né? mas uma coisa é certa, andar de fuca ou ser corno, uma das duas alternativas é sempre certa para todo mundo. PS: Tem os azarentos que conseguem realizar as duas opções.

Anônimo disse...

Ei, muito legal este blog... Adorei seus textos. Longos e, no entanto, nada de cansativos. Conheci na comunidade jornalistas blogueiros. Abraços.