quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O príncipe que virou sapo-continuação

Num domingo, viajando de volta pra casa, o carinha sentado ao meu lado começou a puxar conversa.

Depois de alguns minutos dedicados a apresentação básica (estuda aonde, faz o que, onde mora), engatamos uma conversa interminável. Não é que o carinha era deveras agradável? E com um agravante: era gato! Ô! Muito gato. Fortinho, mas sem parecer aqueles funis bombados. Alto, uma perfil interessante...hum...depois de meses no mais completo abandono, algo me dizia que aquela viagem teria tudo pra ser lucrativa...

E assim viemos pela BR-101...num bate-papo ininterrupto, mó afinidade...

A certa altura do campeonato, o rapaz me chamou pra comer uma pizza quando chegássemos, "num lugar perto da sua casa, pra eu poder te levar até a portaria depois", propôs, num gesto fofíssimo. Pizza e portaria, olha que máximo! Nada de me chamar pra conhecer o apartamento dele ou a coleção de cds. Ou de se oferecer pra conhecer o meu.

Ou seja: além de gato e inteligente, não era do tipo que jogava papo nas moças do ônibus para comê-las em seguida! Tudo perfeito. Até desembarcarmos na Novo Rio...

Sei que vão me chamar de má, de preconceituosa, de fresca. Sei que vou ser execrada pelos politicamente corretos pelo que fiz. Mas estava além das minhas forças, foi quase involuntário.

Lembrem-se que eu estava sentada à esquerda do carinha. E que o interior do ônibus não é muito bem iluminado. Portanto, via pouco o lado direito do seu rosto. Pois é...acho que ele não sentou na janela por acaso...

Descemos do ônibus e fomos caminhando até uma lanchonete pra comprar uma bebida. Estava distraída, olhando os chocolates no balcão, quando levei um dos maiores sustos da minha existência:

"-Ei, quer água ou refrigerante?", me perguntou o fofo. Mas ele não era mais fofo. Pelo contrário. Era um ogro! Aaaaaaaaa! Ele tinha uma cicatriz enoooorme. Do lado do rosto que ficara escondido no ônibus. Tadinho! Não era um cicatriz qualquer. Era abjeta, ia da orelha à boca. Deformava o rosto do pobre. Caraios...e agora?, pensei. Já havia aceitado o convite pra pizza, mas o apetite tinha ido embora (em todos os sentidos).

Me sentia péssima! O carinha era tão legal...Que culpa tinha de ter uma cicatriz? E se foi um acidente grave, que matou alguém da família dele? E se tivesse jeito com plástica? Ai...Mas não dava. Era mais forte do que eu. E ao invés de tentar abstrair, tive uma das atitudes mais escrotas da minha biografia. Acreditem: simulei um desmaio pra fugir da pizza. Disse que tinha pressão baixa (o que de fato é verdade), que deve ter sido a viagem, muito cansativa, que deveria, enfim, ir pra casa e que a pizza, que pena, ficaria pra outro dia.

Acho que ele acreditou, porque queria me levar pro hospital e tudo. Mas me levou pra casa. E eu, é claro, dei o telefone errado. Por sorte, nunca mais encontrei com o pobre nas viagens...

5 comentários:

Anônimo disse...

PQP GAROTA!!!TÔ RINDO DA SUA SAIDA...MAS TADINHO VC PODIA PELO MENOS TER VIRADO AMIGA DO POBRE EU EINH...IMAGINA ELE JÁ DEVE TER PASSADO POR ISSO OUTRAS VEZES...FIQUEI COM MUITA DÓ MESMO DELE...RSRS...SÓ EU NÉ??PQ PELO QUE VI ,TODOS ACHARAM NATURAL SUA ATITUDE, SUA MÁ!!RSRSR...

Anônimo disse...

Tô passando mal de tanto rir dessa história. Por mais que vc já tivesse me contado, ler os detalhes está sendo muito divertido. E... Tô passando adiante ;-)

Anônimo disse...

Daria R$ 10, pra ver essa cena do desmaio. PQP! Pizza engorda. rsrsrs Beijo!

Musa de Caminhoneiro disse...

Mosca, querido...deve ter sido patético, eu sou péssima atriz. Mas foi o recurso que encontrei na hora, fazer o que?

Anônimo disse...

É Tati, minha musa, desta vez a carruagem virou abóbora bem antes do previsto. Menos mal... pior se você tivesse enchido a cara e só descoberto o detalhe no dia seguinte... estas coisas acontecem e quem não enfrentou algo semelhante, que atire a primeira pedra. :O