segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Coco-vôlei
O Posto 8, trecho da rapaziada alegre da Praia de Ipanema, é mesmo cenário de cenas curiosas. Depois do episódio da limpeza do popô, presenciei outro igualmente prozaico quando curtia um solzinho em uma tarde pós-festas natalinas.
Estávamos eu e meu amigo (e companheiro de tardes praianas) Roberto tomando uma caipirinha quando um grupo de mineiros - desses que chega ao Rio em navios de cruzeiro para o reveillon- chega às areias. Animadíssimos(as), começam a interagir com outro grupo animado(a) de cariocas, que se bronzeava a poucos metros.
Receptivos, os nativos faziam de um tudo para deixar os turistas à vontade. Explicaram a importância do Baixo Gávea na vida social do carioca e responderam à relevante questão: onde fica o Pontal citado na música de Tim Maia? ("O Leme eu sei que é ali perto de Copacabana", observou um mineiro).
O gesto de maior demonstração de receptividade, porém, ficou por conta de um moço sarado. Esgotado o repertório de dicas culturais e geográficas, ele decidiu propôr aos novos amigos alguns, digamos, esportes praianos. E nada de frescobol e futevôlei! Criativo, o rapaz sacou um elástico - desses que prometem um "corpo perfeito sem muito esforço" em canais de televendas - e começou a demonstração. Com o artefato envolto nas pernas (observe a foto), agachava e levantava sob o olhar atento dos visitantes, que logo aderiram.
Como o elástico, no entanto, era um só, a rapaziada arranjou logo outra brincadeira para animar a praia e, é claro, exibir os trabalhadíssimos bíceps e tríceps: o original coco-vôlei. Após sacar os frutos já esvaziados de água da lixeira, começaram a arremessá-los um para o outro, improvisando uma divertida disputa. Quase aplaudi! Diversão garantida e contribuição para a limpeza da praia, uma vez que os cocos, que poderiam sujar a areia, foram inteligentemente reciclados. Quem sabe vira moda?
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
As tchutchucas do Maracanã
A disputa de bola entre Fluminense X Barueri (não dá pra qualificar aquilo como um jogo de futebol) foi um dos episódios de maior sofrimento coletivo que já presenciei no Maracanã. Todavia, uma torcedora me chamou a atenção por contrastar com o clima geral. Enquanto uma mistura de ira e melancolia tomava conta de todos, a citada moça soltava sonoras gargalhadas na arquibancada. Alheia ao futebol do nível técnico de uma pelada no Aterro, a sujeita se distraía jogando de um lado para o outro as madeixas- tingidas em um tom amarelo-ovo- e falando ao celular.
O que a faceira jovem fora fazer no Maraca, eu não sei. Mas pelo gestos, pelo shortinho (que deixava à mostra a pôpa do popô) e pelo blush (em quantidade que a deixava a fuça da boneca Emília), só me resta uma certeza: a blondie se dirigira ao estádio para fazer qualquer coisa, menos assistir à partida de futebol.
Mas a protagonista do episódio acima não está sozinha. Ela é mais um espécime de um grupo conhecido pelos frequentadores de estádios de futebol: as tchutchucas de arquibancada. A maioria das tchutchucas é flamenguista, já que pra elas é mais fácil seguir o senso comum e - é claro- a maior concentração de homens. Porém é difícil definir o verdadeiro time da tchutchuca, já que ela torce mesmo é para o clube do namorado ou peguete ou alvo da vez. O do jogador gatinho da vez, tipo o São paulo na época do Kaká, também arrebanha algumas indivíduas.
Animais de hábitos variáveis, podem andar sozinhas, em dupla, em bando ou (como preferem) acompanhadas por um macho da espécie. O macho, a propósito, é o alvo principal dessa categoria de ser humano (?) quando se dirige aos estádios. E elas os subdividem em duas categorias: o brucutu acompanhante, que serve bem furar a fila do mate e para deixar as outras tchutchucas arrancado os pentelhos de inveja na arquibancada; e o restante, que está ali para reparar no quanto aquele top transpassado da Flu Boutique valoriza seus peitos, no quanto sua bunda é melhor que a da tchutchuca ao lado e no quanto, enfim, ele está perdendo enquanto prefere prestar atenção naquele contra-ataque.
Na torcida do Fluminense - pra exemplificar com maior conhecimento de causa- existe um elemento que torna mais fácil a identificação de uma tchutchuca de arquibancada: um indefectível vestidinho verde e grená de comprimento similar aos usados em zonas de meretrício. Meu irmão, barangueiro confesso, até hoje se vangloria por ter presenciado a comemoração de uma adepta do modelito que, num momento da empolgação, executou movimentos mais espontâneos e deixou à mostra uma lingerie com as cores do clube.
Contudo não sou uma moralista, como podem estar pensando. Quer ir pro Maracanã, Morumbi, Barradão ou São Januário de shortinho desfiado e piercing de umbigo à mostra, que vá! O que me irrita mesmo nas tchutchucas é o fato de elas se interessarem tanto por futebol quanto eu por matemática financeira e, ainda assim, acharem que têm direito a um lugar nas aquibancadas.
E aos que me acusam de antidemocrática, desafio: assista a um jogo no qual o seu time joga com João Paulo na lateral enquanto ouve uma sujeita dessas entoando gritinhos estridentes ou impropérios do tipo: "Amor, o Obina não vai entrar?"
O que a faceira jovem fora fazer no Maraca, eu não sei. Mas pelo gestos, pelo shortinho (que deixava à mostra a pôpa do popô) e pelo blush (em quantidade que a deixava a fuça da boneca Emília), só me resta uma certeza: a blondie se dirigira ao estádio para fazer qualquer coisa, menos assistir à partida de futebol.
Mas a protagonista do episódio acima não está sozinha. Ela é mais um espécime de um grupo conhecido pelos frequentadores de estádios de futebol: as tchutchucas de arquibancada. A maioria das tchutchucas é flamenguista, já que pra elas é mais fácil seguir o senso comum e - é claro- a maior concentração de homens. Porém é difícil definir o verdadeiro time da tchutchuca, já que ela torce mesmo é para o clube do namorado ou peguete ou alvo da vez. O do jogador gatinho da vez, tipo o São paulo na época do Kaká, também arrebanha algumas indivíduas.
Animais de hábitos variáveis, podem andar sozinhas, em dupla, em bando ou (como preferem) acompanhadas por um macho da espécie. O macho, a propósito, é o alvo principal dessa categoria de ser humano (?) quando se dirige aos estádios. E elas os subdividem em duas categorias: o brucutu acompanhante, que serve bem furar a fila do mate e para deixar as outras tchutchucas arrancado os pentelhos de inveja na arquibancada; e o restante, que está ali para reparar no quanto aquele top transpassado da Flu Boutique valoriza seus peitos, no quanto sua bunda é melhor que a da tchutchuca ao lado e no quanto, enfim, ele está perdendo enquanto prefere prestar atenção naquele contra-ataque.
Na torcida do Fluminense - pra exemplificar com maior conhecimento de causa- existe um elemento que torna mais fácil a identificação de uma tchutchuca de arquibancada: um indefectível vestidinho verde e grená de comprimento similar aos usados em zonas de meretrício. Meu irmão, barangueiro confesso, até hoje se vangloria por ter presenciado a comemoração de uma adepta do modelito que, num momento da empolgação, executou movimentos mais espontâneos e deixou à mostra uma lingerie com as cores do clube.
Contudo não sou uma moralista, como podem estar pensando. Quer ir pro Maracanã, Morumbi, Barradão ou São Januário de shortinho desfiado e piercing de umbigo à mostra, que vá! O que me irrita mesmo nas tchutchucas é o fato de elas se interessarem tanto por futebol quanto eu por matemática financeira e, ainda assim, acharem que têm direito a um lugar nas aquibancadas.
E aos que me acusam de antidemocrática, desafio: assista a um jogo no qual o seu time joga com João Paulo na lateral enquanto ouve uma sujeita dessas entoando gritinhos estridentes ou impropérios do tipo: "Amor, o Obina não vai entrar?"
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Gafe
Estava eu num momento entediante de labuta quando sou interrompida por uma impertinente janelinha pipocada no meu monitor: alguém deseja me adicionar à sua lista de contatos no messenger corporativo. A solicitante é uma pessoa de nome Sandy Bahia, de quem nunca ouvira sequer falar na firma.
No momento seguinte, a estagiária - que também fora contemplada pelo pedido de Sandy Bahia- me pergunta (via messenger) se eu conheço a misteriosa amiga quase-homônima da filha de Xororó.
Ah, benditos sejam a discrição e o silêncio... virtudes que nos ajudam a conviver com outros seres humanos sem ameaças de linxamento ou excomunhão. E que se fossem levados em conta pela minha pessoa, me impediriam de ter optado por ignorar o messenger para responder à estagiária em alto e bom som:
- Sei lá quem diabos é essa tal de Sandy Bahia! Nunca vi mais gorda! E com esse nome esquisito, deve ser fake. Nem vou aceitar o pedido.
A sequencia de observações pouco elogiosas à quase-homônima da esposa de Lucas Lima foi interrompida por um amigo, que me alertou (via messenger):
- Cala a boca! Sandy Bahia é a menina nova da equipe de arte. Tá sentada aqui do meu lado.
O desespero, que já era sem tamanho, ficou ainda maior quando, olhando em direção ao meu amigo, me deparei com o semblante de Sandy, que me fitava com um sorriso amarelo.
Submergir no chafariz da pracinha do Downtown foi, sim, uma hipótese considerada naquele momento...
segunda-feira, 6 de julho de 2009
O PF não morreu
Leitores, estou estupefata! Alguém se lembra de que publiquei aqui no Musa um post de lamento pelo fechamento do saudoso motel Praia das Flexas, uma meca do amor niteroiense?
Releia o post: "Triste fim do Praia das Flexas"
Pois é. Tratou-se de um lamento precipitado. Em seu primeiro furo jornalístico, o Musa comunica que o Praia, ao contrário do Michael Jackson, não morreu. É com grande alegria que compartilho com vocês o comentário deixado no referido post:
O Hotel e Bar Praia das Flexas não morreu e essa obra não é o fim do PF. Por volta do final de 2010 estaremos reabrindo o PF com seu novo visual. Veja algumas fotos de como ele vai ficar: http://www.fotolog.com.br/hpfinga
Moral da história: para quem pensou que o Praia era uma espécie de Mesbla do entretenimento adulto, tá aí um exemplo de que um estabelecimento comercial bem-sucedido sempre pode superar crises e enfrentar mudanças com prosperidade. O Praia não só vai reabrir, como vai reabrir com luxo, vindo possivelmente a se tornar o point mais requintado e classe média alta da cidade para a prática da cópula.
Só espero que as propagandeadas mudanças não onerem o valor do período...
sábado, 6 de junho de 2009
Os "gominhos" do bonitinho
Pode ser falta de sorte, falta de investimento no setor, falta de alternativas no mercado, urucubaca de algum ex... enfim, as causas são indefinidas, mas um fato é inquestionável: estou numa fase de, digamos, poucas ofertas sentimentais. Vulgarmente falando, enfrento uma popular "seca". E - como determina a Lei de Murphy - nada é tão ruim que não possa piorar ainda mais, ainda fui vítima de uma das piores abordagens de toda a minha história de tentativa e erro a procura de um par decente.
Sábado de outono, friozinho sem chuva, novas roupa, novas madeixas... tudo propício para uma noite com final feliz numa festinha de aniversário de duas amigas no Cinemathéque, em Botafogo. Lugar bacaninha, música boa, amigos reunidos... eis que surge o primeiro sinal de que a noitada prometia surpresas. O meu chefe (sim, o patrão do sirviço) também resolveu prestigiar o eveiinto. "Vou ter que segurar o tchan", pensei, antes de perceber que ele já olhava com expressão irônica para o copo de vodka nada singelo que me fazia companhia.
Tudo bem, a presença do meu chefe não era exatamente um problema (embora a cada minuto alguém viesse me alertar para o fato). O incoveniente maior era a inércia dos espécimes do sexo masculino (belos exemplares, diga-se de passagem) do recinto, que não correspondiam à minha predisposição a, digamos, interagir naquela noite.
Eis que sou abordada por um espécime muito bem apessoado. Tudo bem, ele vestia uma camisa pólo. Mas ninguém é perfeito, né? Bem... voltemos à abordagem. Eu consumia uma caipirinha ladeada por algumas amigas e ele, também ladeado por amigos, executava movimentos que me pareciam uma tentativa de dança. E entre um passinho e outro, me lançava olhares nada sutis. Até que resolveu evoluir à etapa seguinte do processo, usando a minha caipirinha como gancho para a puxada de assunto. Seria até uma jogada criativa, não tivesse o moçoilo perdido o tom com uma abordagem digna de cena de filme da Márcia Imperator. Compartilho:
- E aí?, perguntou-me.
- Sua caipirinha é de limão?
- É, sim. Quer provar?
- Não... só queria saber de uma coisa... dá pra sentir os gominhos na sua boca?
Ao invés de responder, optei por ir buscar outra caipirinha. E terminei a noite beijando um moço paramentado com uma camisa do Flamengo.
A mistura álcool + carência faz uma mulher cometer delitos imperdoáveis...
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Minha família fantástica: novo causo
Meus primos cornos: depois do feliz, o agressivo
Não sei se todos sabem da história, mas tenho um primo assumidamente corno (conheça a saga do pobre: parte 1; parte 2). Pois é... quando os parentes já pareciam resignados com a tolerância do meu ente querido à infidelidade da esposa, eis que outra bomba explode no seio familiar: a diginíssima senhora de um outro primo também resolveu, digamos, comer capim em outras pastagens. O já pitoresco fato tem um aspecto que o deixa ainda mais curioso: o galhudo da vez é o irmão mais novo primeiro corno. Ou seja: cornitude, naquele setor da minha família fantástica, é genético. Olhem que idiossincrático fator de união fraternal!
Unidos pelas galhadas, no entanto, os irmãos diferem na postura diante da cornitude. Enquanto meu primo Dudu, o corno mais velho, é notadamente passivo, meu primo Fabiano, o galhudo mais tenro, é do tipo boi brabo. Pobre rapaz... Primeiro, recusou-se a permitir que a esposa abandonasse o lar. "Mato ela", esbravejava para terceiros e em ameaças diretas à moça, que lhe renderam um processo pela Lei Maria da Penha.
E enquanto conseguia, quase literalmente, prender a cônjuge em casa, não dava à pobre um minuto de folga. Fiscalizava o celular, cheirava as roupas em busca de um odor suspeito e, na falta de recursos para pagar um detetive, abandonou o emprego para fazer, ele mesmo, o papel de investigador. Passou a dedicar seus dias à tarefa de seguir a então supostamente infiel senhora. Não há relatos de flagrante, mas ele garante: "Provas eu não tenho. Mas ela me meteu um galho, sim! Todo mundo sabe."
O fato é que pelo Ricardão ou pela conduta psicopata do marido, a moça, enfim, o abandonou. E vendo-se sem emprego, sem mulher e, sobretudo, sem nenhum bom senso, meu pobre primo chifrado e abandonado deu pra passar as tardes aqui, no meu aconchegante lar. O tema das conversas (na verdade, monólogos) é sempre o mesmo: espezinhar "aquela safada" e chorar as pitangas. Frases do tipo "Ela nunca foi uma boa esposa, eu é que sempre cozinhei" ou "Sem mim, ela vai voltar a ter nome sujo no SPC" são recorrentes. Sem contar o dia em que a ex-esposa também apareceu para uma conversa pacífica que acabou se transformando numa troca de xinamentos e tabefes no meu portão. Até hoje cumprimentamos os vizinhos com um sorriso amarelo por conta do episódio.
Na última visita, porém, ouvi o relato mais inacreditável desse folhetim. Eu de férias, querendo ver "Senhora do Destino" e curtir uma gripe que me abatera... e adivinhem quem me aparece? Sim, o onipresente primo divorciado. Fiquei fazendo sala e tecendo comentários sobre as vilanias de Nazareth para que o assunto não descambasse para "a safadona". Eis que mamy, que soubera de um delito por ele cometido dias antes, puxa-lhe a orelha:
- Soube que Fulana (a ex) estava na casa da sua irmã (no mesmo quintal que a dele, família pobre mora assim, sabem como é) e você entrou lá sem ser convidado e deu uns catiripapos na moça. Isso não se faz, meu sobrinho!
Foi então que, de pêlos eriçados e com uma expressão que misturava fúria e altivez, o boi brabo, quer dizer, o meu primo, argumentou:
- Dei e dou de novo. Tinha que defender minha honra de homem naquele quintal!
Então tá, né... Como dizia Bezerra: "Malandro é malandro e mané é mané".
Minha família fantástica: outros (e lamentáveis) episódios
Mamy: uma ex-hippie careta
Ócio nada produtivo
Mamy e meus quilos a mais
Mamy e suas discretas observações
Show de reggae? Era só o que me faltava
domingo, 15 de março de 2009
Abordagem frustrante
Desiludida com a vida e com os machos da espécie, uma bela amiga decidiu viajar com outras belas amigas para respirar novos ares, se desligar da rotina, conhecer outros machos da espécie, enfim... voltar a sorrir. O lugar escolhido pelo grupo é um conhecido reduto de bicho-grilos no interior de Goiás.
A estada das alegres moças no místico lugarejo transcorria na mais perfeita harmonia quando um episódio quase põe o processo de recuperação de auto-estima da protagonista da história a perder. Estava o grupo em uma espécie de boate local quando um belo macho da espécie lançou aquele olhar lascivo para ela. Antes que a bela pensasse estar vendo coisas ("Um homem desse me olhando? Deve ser miragem"), o malandro voltou a fitá-la. E sendo a observação cada vez mais veemente, a observada começou a, digamos, demonstrar que estava gostando do coisa. E iniciou um processo de retribuição de olhares e, por que não?, lançamento de sorrisinhos maliciosos.
Foi depois de um desses que o sujeito se dirigiu em direção a ela. E se dirigiu tão lindamente que as acompanhantes da protagonista da história até se afastaram, com o intuito de deixar o alvo livre para o atirador. Que chegou, cheio de ginga, cheio de charme e, olho no olho da (a essa altura) já arrebatada senhorita perguntou:
- Tu tem seda?
terça-feira, 3 de março de 2009
E nasce um verbo!
Não sou supersticiosa (com exceção do que se refere a futebol), mas fui vítima de um episódio lamentável nessa última sexta-feira 13. Meu celular submergiu na privada do banheiro da empresa para a qual presto serviço remunerado. Além do constrangimento do acontecido e de ter moblizado uma equipe de manutenção para desentupir o encanamento do banheiro, fiquei sem a minha preciosa agenda. E tive que desembolsar uma considerável quantia para comprar outro aparelho, o que não foi nada oportuno diante da situação de total periclitância na qual me encontro.
Mas enfim... nem a engenhosidade para explicar de que forma o celular foi arremessado no fundo do vaso sanitário; nem o prejuízo financeiro; nem os números de possíveis companhias para noites solitárias que se foram, literalmente, pelo cano. Nada me estressou mais do que a operação para transferir o meu antigo número para o chip atual. Três dias depois de ter feito o pedido na loja e continuar incomunicável, ligo para o famigerado telemarketing da operadora. Reproduzo a saga:
(gravação maldita de uma maldita voz com carregado sotaque paulistano):
- Digite o número do telefone para o qual deseja atendimeiiiinto
Digitado o número, me contemplam com alguns minutos de espera embalada por aquela musiquinha que desperta ímpetos suicidas (ou homicidas, no meu caso). Até que uma senhorita faz o favor de me atender:
- Claro, boa tarde, com quem falo? (saco)
- Musa
- Pois não, senhora Musa. Para que número deseja atendimeiiiiiinto?
- Como assim? Já não digitei o número??
- Sim, senhora. É só pra confirmar
Confirmar o que??? Que também sei expressar oralmente além o número digitado no tecladinho do telefone??? A vontade era de mandar a sujeita para o raio que a partisse, mas respirei fundo e falei o número, explicando o que me levara a perder preciosos minutos do meu dia ligando para um serviço de teleatendimeiiiiiinto:
- Pedi a ativação do chip com o meu número antigo há três dias e nada aconteceu. O prazo era de 24 horas. Pode resolver?
- Pois não, senhora Musa (horas depois). Já fiz novo pedido de ativação e deiiiintro de 6 horas o chip estará funcionando.
- Como seis horas, filha? O prazo inicial era de 24, já se passaram mais de 72. Você quer agora que eu espere mais seis?? (berrando)
Me arrependi do gesto grosseiro. Simpática, a dedicada atendente esclareceu:
- Calma, senhora. Esse é o prazo máximo. Possa ser que ative em seis horas, mas também possa ser que esteja ativado daqui a cinco minutos. Vou pedir urgência.
E não é que em cinco minutos o chip estava ativadíssimo? É... possa ser que eu tenha mais carinho pelas moças do telemarketing daqui pra frente...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Cantada de pagodeiro
Conhecem aquela lei de Murphy que diz "Nada é tão ruim que não possa piorar"? Pois ela decididamente rege a minha vida. Principalmente no quesito magnetismo para atrair homem cafona. Depois do fofo que pediu as chaves do meu coração e do rapazote que quis saber se papai era mecânico porque eu era uma "graxinha", achei que já tinha visto de um tudo nessa vida "a nível de" tosquice. Lêdo engano...
Estávamos- eu e amigas da faculdade- usufruindo das futilidades de um encontro mulherzinha no apartamento de uma delas quando notamos que um grupo de espécimes machos do imóvel em frente nos observava. O ápice do voyerismo dos rapazes ocorreu durante nossa performance em uma partida de box no Nintendo Wii. Aquele bando de mulher gritando e dando socos desordenados deve ter mexido com a libido dos referidos, que começaram a se acotovelar na janela para melhor xeretar.
Inebriadas pela alegria do encontro e por alguma quantidade de kiwi diluído em vodka absolut, resolvemos, digamos, dar condição para os pobres. Não pretendíamos ultrapasar o limite do flerte, é verdade. Mas confesso que estava engraçado... Até um dos espécimes jogar água no nosso chopp, ou melhor, no drink de kiwi. Sem camisa e com o pescoço adornado por um cordão dourado, ele se projetou na janela e gesticulou sugerindo que eu fizesse o mesmo. "Ah... o que custa ouvir o que o cidadão tem a me dizer?", pensei. Eis que sou presenteada com a seguinte abordagem:
"Desce aí, pô. Tô carente de você..."
Não seria verso para um belo pagodinho?
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Explanando o divórcio
Gente... tudo bem que o bom senso não é algo inerente aos seres apaixonados. Mas um moço conhecido meu (não vou citar o nome, espero que não seja leitor do "Musa") ultrapassou todos os limites toleráveis de perdição de linha. Provavelmente chutado pela esposa, o referido rapaz decidiu, digamos, compartilhar o drama (e o motivo) com os amigos no orkut. E, além de usar o espaço dedicado ao nome para se rebatizar de "DEUS ABENÇOE O MEU CASAMENTO", estampou no perfil, em letras maiúsculas:
"JÁ VI CASAMENTO ACABAR POR TRAIÇÃO. MAS PORQUE O MARIDO ESTÁ DESEMPREGADO E SEM DINHEIRO É MUITA HUMILHAÇÃO"
A explanação continua na página de fotos do moço, que criou um álbum dedicado especialmente à memória da ex. Mas no lugar de fotos da digníssima, print screens de depoimentos que a amada lhe deixara. Destaque para o título do álbum: "Palavras honestas... ou não".
Seria menos constrangedor tomar um porre e providenciar uma noite de sexo fortuito com uma moça do tipo desapegada, não?
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Seca e protesto no Maraca
O Maracanã, definitivamente, não é mais aquele. Depois que a CBF proibiu a venda de cervejas no estádio, temos que nos contentar em matar a sede pagando 3 real num refrigerante pra não sucumbir à humilhação de consumir uma kronembier, aquela maldita cerveja sem álcool.
E como nada é tão ruim que não possa piorar - conforme reza a lei de Murphy - também privaram a nós, frequentadores assíduos do Maraca, da cervejinha na entrada do estádio, aquela essencial para entrar no clima do jogo. Graças ao tal choque de ordem do Eduardo Paes, nosso maravilhoso prefeito eleito, os amigos camelôs sumiram das redondezas. Foi desolador o que vi ontem no Fluminense X Vasco. Eu ali, sob um calor senegalês, esperando um amigo no Belini... e nem um latão de skol para aplacar a sensação de estar inserida num forno a lenha.
De repente, um lampejo de esperança. Um ambulante de uma estirpe mais malandra teve a feliz ideia de circular o estádio a bordo de uma bicicletinha, ofertando o precioso líquido para sedentos tricolores e vascaínos ali presentes. Sorrateiramente, o trabalhador autônomo aproveitava-se da ausência de fiscalização em alguns trechos e fazia um rápido pit stop para negociar sua mercadoria, que se esgotava antes que PMs e torcedores mais distraídos atentassem para tão abençoada presença.
Foi em um dos pit stops que eu, depois de quase me estapear com um vascaíno mal-educado e desembolsar 4 real, consegui adquirir uma latinha de antarctica quente. A única da noite, que terminou com o meu time eliminado em jogo de nível técnico similar a um Solteiros x Casados no Aterro do Flamengo. Mas tive um momento de diversão (além de mandar o Leandro Amaral tomar no cu): ver o protesto solitário de um tricolor revoltado, que esbravejava contra o prefeito eleito no intervalo:
- Eduardo Paes, quero cervejaaaa!! Filho da puta!! Choque de ordem é o caralho!!, gritava o combativo torcedor, que direcionava o ódio também para os colegas de arquibancada:
- Votaram nele, né? Votaram no Eduardo Paes! Bem feito!!! Tão vendo aí? Todo mundo com sede!! Se tivessem votado no Gabeira, tariam comprando até um baseadinho no Maracanã!
sábado, 24 de janeiro de 2009
Sombrinha pra "batalha"
Sábado, 24 de janeiro de 2009. Dia chuvoso na cidade maravilhosa, 7h da manhã. Estava eu - lépida, fagueira e sorridente - num ponto de ônibus da Praça da Bandeira esperando a condução que me levaria para o aconchego do lar, quando chega ao local um grupo de senhoritas, digamos, fisicamente dispostas demais para aquele horário e praquelas condições climáticas. Paramentadas com figurino um tanto ousado para suas silhuetas rechonchudas, elas conversavam em um dialeto desconhecido pra mim e soltavam gargalhadas que certamente ultrapassavam os níveis de decibeis permitidos por lei.
De onde vinha e para onde iria o nada ortodoxo grupo?, cheguei a pensar. Dúvida rapidamente esclarecida por uma constatação geográfica que havia passado despercebida devido às minhas condições físicas e mentais naquele momento. O referido ponto de ônibus está localizado exatamente em frente à Rua Ceará, reduto da famosa zona de baixo meretrício carioca conhecida como Vila Mimosa, carinhosamente apelidada de VM.
Me senti injusta e malvada. Enquanto eu voltava de uma noite linda e alegre, as senhoritas acabavam de deixar a labuta. E eu ali, julgando criticamente o vocabulário e o figurino daquelas cidadãs guerreiras!
E me senti pior quando uma delas, no momento em que eu tentava me esquivar da chuva para caminhar até a minha condução, me ofereceu gentilmente uma carona no guarda-chuva. E sugeriu ainda que eu subisse antes dela as escadinhas do coletivo:
- Pode ir, nem!
No mesmo clima festivo, parte delas (inclusive a gentil) embarcou no mesmo coletivo que eu. Abri mão do MP3 para tentar extrair algum diálogo que pudesse ser transcrito aqui no Musa, mas continuei não conseguindo traduzir o dialeto das moças. Exceção para a despedida de uma delas que, ao encerrar a viagem, na altura da rodoviária de Niterói, recomendou à cálega:
- Fulana, guarda minha sombrinha na tua casa porque se eu levá, exprana! Mas num vai perdê, não! Vô trabalhá co ela na segunda!
Com curiosidade, mas muita sutileza, olhei para a sombrinha no colo da cálega. Um belo exemplar adornado com paetês de tons prata e rosa-choque. Taí! Excelente opção de acessório para não perder o glamour em dias chuvosos de labuta...
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Minha família fantástica
Mamy, uma ex-hippie careta
Mamy é o que se pode chamar de uma cinquentona (agora sem trema) "prafrentex". Corpo adornado por tatuagens, figurino com clara influência dos tempos em que peregrinou por um acampamento hippie em Cabo Frio, gírias no vocabulário... minha genitora, sob o ponto de vista dos amigos cujas mães fazem tricô, é uma mulher de mentalidade moderna, daquelas que compra camisinhas pros rebentos.
Pura fachada, acreditem. Mamy, na verdade, não passa de uma careta. E das mais moralistas e conservadoras! Da santinha que cultua na sala da nossa casa a cara torta que faz quando desconfia que não dormi exatamente na casa da Andréa- várias atitudes de mamy comprovam que há um paradoxo entre o que ela é o que aparenta ser. Sobretudo a de querer me arranjar um marido provedor. Certa vez, tomávamos café da manhã na copa de nosso lar- mamy e eu- quando sai uma senhorita do quarto do meu irmão, localizado quase em frente ao cômodo em que nos encontrávamos. Lépida, desinibida e fagueira, lá foi a moçoila em direção à mesa:
- Bom diaaaa!!!!! Tudo bem? Sou a fulana, prazer. Posso roubar um pãozinho?
Achei que mamy fosse empacotar ali mesmo. Com a cútis da cor do pote de requeijão, mal conseguia respirar tamanha era a fúria despertada pela ousadia da moça que- não satisfeita em passar a noite praticando atos carnais com meu irmão num lar abençoado pela santinha do altar da sala- ainda teve a petulância de saciar a fome de uma noite pós-coito com o nosso pãozinho!
- Vadiazinha!
O adjetivo foi um dos poucos publicáveis proferidos por mamy logo após a saída da moça. Desabafo seguido da seguinte análise:
- Uma moça de família não dorme assim na casa de um rapaz que nem namorado é!
Moça de família??? O que diria mamy se soubesse que eu já dormi na casa de rapazes com quem não pretendia exatamente estabelecer matrimônio?
A última comprovação de que de mamy é uma semicarola ingênua aconteceu essa semana. Me preparava para sair quando ela me chama, intrigada:
- Queria ver um filme... Tem um aqui dentro do DVD do seu irmão... um tal de "Kid Bengala". Será que é de comédia?
Ao descobrir que a obra cinematográfica em questão pertence a outro gênero, saiu esbravejando pela casa:
- Seu irmão é ridículo, um tarado!! Outro dia achei um tal de "Loirinhas- não-sei-o quê" no armário dele!! Só pode ser carma!! Crio um filho com tanto sacrifício pra se tornar esse tipo de homem que só pensa em putaria!!!
Pobre mamy...
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