quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Diálogo que tive hoje com uma pessoa meio joselita lá do meu trabalho:

Eu:
-Soube que vai fazer uma cirurgia no olho. O que é?
Ela:
-É uma esponja que está crescendo sob a minha pálpebra
Eu:
-Caraio! Esponja? Como assim?
Ela:
-É, um tumor, tipo uma esponja. Já viu uma hemorróida? Então, é igualzinho, a mesma textura


Puta quil pariu!! O que leva uma pessoa a achar que eu já me prestei ao papel de ficar olhando um cu alheio pra observar a textura de uma hemorróida?

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Páginas da Vida

Tudo bem que virou lugar-comum falar mal das novelas de Manoel Carlos. Mas não posso deixar passar em branco uma esquisitice que detectei em Páginas da Vida (da qual-confesso- sou espectadora). Nos capítulos da semana passada, os personagens dos núcleo infantil e aborrecente da novela -a menininha com síndrome de down e o Francisco e os chatíssimos Gisele e Luciano, respectivamente- apareciam em seus primeiros dias de aula na escola. Em outra cena, um grupo de personagens conversava sobre os preparativos para o Natal.

Diante de tal cenário, uma dúvida passou a me atormentar:

Se a novela se passa nos dias atuais (o que é comprovado pela conversa dos personagens acerca do Natal) e estamos em dezembro, eles não deveriam estar entrando de férias ao invés de aparecerem retornando às salas de aula? Ou será que nas escolas do Leblon o ano letivo começa em dezembro?

Falando em Páginas da Vida...

Corroboro aqui um comentário que ouvi outro dia na fila do cinema. Como puderam colocar uma criança tão feia pra representar o filho da Ana Paula Arósio com o Edson Celulari? Será que não perceberam que o moleque, apesar dos olhos azuis, parece o cão chupando manga? Deve ser filho de algum diretor...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Na moita

De todas as historias relatadas neste blog, a que contarei a seguir certamente parecerá a mais inverossímil. Porém, acreditem: assim como todas as outras, trata-se de um caso realíssimo. E que seria trágico, não fosse uma dos episódios mais cômicos que já presenciei nesta vida. Embora seja um tanto constrangedor, compartilharei o causo com meus dez fiéis leitores...

Eu era afim de um cara que trabalhava com uns amigos. Como fazíamos parte do mesmo grupo, esbarrava sempre com o alvo em botecos, festas e afins. E como sou um pouco cara de pau nesse quesito, não fazia muita questão de esconder o meu interesse pelo referido sujeito. Em bom português: dava mole mesmo!

Como não é das tarefas mais difíceis prum homem perceber que está sendo assediado, o rapaz não tardou a sacar o que se passava. E talvez tocado pela minha falta de sutileza, resolveu contra-atacar.

Era uma festa num campus da Uff, fomos juntos com o mesmo grupo de amigos em comum de sempre (jornalista só anda junto, ô raça). Ele já chegou cheio de amor pra dar. Me lançava uns olhares, trazia bebida... pensei logo: "hi...hoje vai." E foi mesmo!

Num determinado momento, ele me propôs que déssemos uma fugida do barulho da festa e decidimos ir pra um lugar do campus bastante conhecido dos estudantes, uma espécie de, digamos, namoródromo. Uma área bacana, gramadinha, com vista pra Baía de Guanabara, a lua cheia, enfim... um pedacinho um tanto propício para romances fortuitos surgidos em festinhas do campus.

E lá ficamos por algum tempo, do qual não me lembro de ter calculado, mas que certamente passou de uma hora. Pros que já estão neste momento imaginando uma cena daquelas que costumavam ser interrompidas pelo Jason em Sexta-Feira 13, aviso: não rolou sexo. Por mais que fosse cara de pau de dar mole pro cara, não o seria a ponto de ficar pelada no gramado de um lugar público.

No entanto, confesso que vivemos momentos assim... de troca calorosa de afetos, se é que me entendem. E depois ficamos lá, olhando a lua cheia e conversando amenidades.

De repente, percebo uma movimentação numa moita, que ficava logo abaixo de onde estávamos sentados. Será um bicho? Uma cobra? Pensei. Não, era uma cara!! Com cara de mais assustado que nós, levantou-se, ajeitando as calças e, com as mãos pro alto, gritou:

"-Calma, não é um assalto!"

E nós, perplexos e sem entender bulhufas, ficamos ali parados, sem dizer uma palavra sequer, esperando o desenrolar daquela aparição surreal. Desenrolar este que veio com a seguinte explicação por parte do sujeito:

"-Não fiquem com medo de mim, não sou ladrão. Vim aqui cagar e vocês chegaram, começaram a namorar aí, fiquei com vergonha de sair. Mas vim só cagar, não fiquei olhando nada não. Tô saindo, fiquem à vontade."

E saiu apressadíssimo, sem olhar pra trás, enquanto fazia questão de relembrar, aos berros: "Tava só cagando, não vi nada não!"

Caída a ficha, nos demos conta de que o sujeito ficara mais de uma hora agachado ali, com a bunda de fora, espiando a nossa calorosa troca de afetos. Tudo para não parecer inconveniente. Não preciso nem dizer que tivemos uma crise de riso tão incontrolável que não houve mais clima pra romance naquela noite.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Onde foi parar o bom-senso?


Depois da edificante declaração de Nana Gouvêa- já comentada aqui- achei que não faltava mais nada para o fim dos tempos. Até abrir a Revista de domingo do Globo (que por sinal, é uma bosta) e dar de cara com uma "matéria" com um tal de Reinaldo Lourenço. Estilista, ele exibia aos leitores um pouco do seu estilo de se vestir. A seção, intitulada "Entrando no Armário" (mas que pelo naipe do figura, deveria ter sido rebatizada de "Saindo do Armário"), começava bem.

"Reinaldo Lourenço (???), a mulher Gloria Coelho (???) e o filho Pedro (?????????), cada um com seu estilo, formam a família mais fashion do Brasil."

Família mais fashion do Brasil?? Ah, tá! No texto, detalhes que justificam o título, tão relevante em terras tupiniquins.

"(...)Criou uma coleção chamada Um sonho de Valsa(...)"

"(...)No guarda roupa pessoal também é o rei do mix. A calça é justa e foi comprada numa loja de moda punk em Paris(...)"

"(...)Acalmou o punk com a clássica camisa branca Dior, na qual John Galliano não perdeu a oportunidade de bordar uma libélula negra, símbolo da monarquia."

E continuava...

"Posou de Dior da cabeça aos pés, no apartamento da amiga Bya Aydar" (famosa quem???) explicando:

-Não faço mais coleção masculina. Ultimamente, tenho vontade de vestir camisa branca e de usar peças clássicas de forma contemporânea. A fantasia está no jeito que componho meu look- afirma Reinaldo, dirigindo a foto.
-Pode me fotografar aqui, na frente desta porta, fica mais aristocrático.

Aristocrático? Pois é...

Numa hora dessas é que eu concordo com o ex-chefe de polícia Hélio Luz, quando dizia que se o Rio fosse mesmo violento, peruas não fariam compras no Fashion Mall enquanto mortos de fome armados observam tudo da Rocinha. Ainda bem que não tenho ímpetos homicidas...caso contrário, não sobraria um aristocrático de Dior pra contar a história.

Outro caso emblemático de escrotidão explícita é o de Suzana Vieira. Mais nova "gatinha" do pedaço, deu uma surtada depois de uma sucessão de lipos, botox e drenagens linfáticas. Retrocedeu à adolescência! É flagrada em bailes funk dançando chão-chão-chão com figurinos, digamos, não muito adequados a uma senhora já vovó. Não satisfeita, casou-se com um soldado PM (que era segurança da Grande Rio)!!! e apresenta o digníssimo como se fosse a última coca-cola do deserto.

São freqüentes suas aparições em Caras e outras publicações do gênero proferindo clichês do tipo "tenho que me proteger da inveja" ou "ter marido bonito e gostoso incomoda", como se a ambição de toda mulher fosse fisgar um soldado PM, ex-segurança da Grande Rio, e que usa correntes de ouro com pingente de inicial.

Outro prazer de Suzana (quem será a besta do assessor de imprensa dessa sujeita)? é relatar- com detalhes picantes- a rotina sexual vivida com o cônjuge PM. Não é raro ver estampado na capa dos jornais Extra, Meia Hora- e outros veículos lidos pelos usuários da Supervia- manchetes como: "Marcelo revela: Suzana é insaciável." Ou "Suzana Vieira em eterna lua-de-mel: Transamos todos os dias."

Noites ininterruptas de sexo era o mínimo que o maridão PM, que passou a freqüentar Ilha de Caras e festinha globais graças ao casório, poderia fazer para retribuir, não??

sábado, 18 de novembro de 2006

Ficando gostosa


Nota que li, estupefata, no jornal Extra de ontem:

Perguntada sobre o que anda fazendo ultimamente, a "modelo"(?) Nana Gouvêa respondeu:

"-Tenho ficado gostosa, cada vez mais. Ou você acha que não dá trabalho ficar com esse corpão?"


Pois é...considerando que "manter um corpão" exige vultosos investimentos em academia, dieta, lipos, drenagem linfática e outros recursos não menos dispendiosos, gostaria sinceramente de saber como a moça faz para arcar com tudo, já que, como foi revelado pela própria, a única atividade que tem praticado é a de "ficar gostosa?" Será que ela descobriu uma fórmula mágica para torná-la remunerável?

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Sai que é sua, Osti

Este blog nunca mais será o mesmo. O leitor mais assíduo desse espaço e grande amigo da autora, Ostiano Simões, o nosso querido Osti, nos deixou no último domingo. Flamenguista e autêntico carioca da Pavuna, Osti era uma das pessoas mais irônicas e divertidas que conheci. Era mestre em uma das artes que mais admiro: a de sacanear e falar mal dos outros. Mas não pensem que era mesquinho ou fofoqueiro! Pelo contrário. Conheci poucas pessoas mais sinceras e sem rodeios que o Osti. Além de ter sido, sem nenhum exagero, um dos seres mais generosos e solidários que já passaram por este plano.

Osti foi meu primeiro chefe em jornal. Nunca esqueço do dia em comecei a trabalhar com ele, na editoria de Esportes. Nunca tinha colocado meus pés numa redação e quase morri de medo quando ouvi aquele negão enorme, de quase dois metros de altura e mais um tanto de largura (Osti parecia o Seu Figueirinha da Diarista) me perguntando, com um vozeirão de intimidar:

"-Gosta mesmo de futebol ou disse isso só pra conseguir o estágio?"

Eu respondi que gostava muito e até entendia razoavelmente bem.

"-É? E pra que time torce?"

"-Fluminense", respondi

"-Ah! Então já vi que não entende é porra nenhuma!"

Com o tempo, descobri que era tudo pose. Na verdade, Osti era um coração mole. E apesar dos esporros e da cara de mau, protegia os estagiários como se fossem filhos. Quando ele soube que haveria demissões na editoria de Esportes, me mandou pra Geral só pra eu escapar da degola. E pra eu “aprender a ser repórter de verdade”. Tinha uns gestos carinhosos, embora fizesse de tudo pra omitir isso, afinal, tinha que manter a fama de durão. Quando ia sair do Esporte, me mandou cobrir as comemorações do centenário do Fluminense. Tenho certeza que foi uma espécie de prêmio. Porém, quando voltei com a matéria pronta, toda boba, e fui perguntar sua opinião, me veio com o seguinte comentário:

"-Considerando que foi feita por uma mulher- e tricolor- até que ficou boazinha"...

Esse era o Osti...

(continua)...

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Sai que é sua Osti- continuação

Uma das raras pessoas que fazia questão de manter vivas as amizades, mesmo quando as vidas dos amigos tomavam rumos diferentes. Como morava na Pavuna (lá onde o vento faz a curva), não tinha carro e e era um tanto preguiçoso, nunca aparecia nas nossas festinhas, reuniões e encontros etílicos. No entando, sempre ligava pra saber notícias e nunca passava muito tempo sem se manifestar via e-mail, orkut e outras maravilhosas comodidades da era tecnológica. Deste blog, Osti era quase co-autor. Além de comentar todos os meus posts (todos mesmo, não é força de expressão) foi de uma brincadeira dele que surgiu a idéia do nome que batizou essa página (há um post contando a história).

Ultimamente, seu passatempo preferido era sacaner meu pobre time à beira do rebaixamento. Mas ele era um filho da mãe tão engraçado que nossa rivalidade futebolítica, ao invés de me irritar, só rendia boas gargalhadas. Um dia antes do jogo entre Flamengo e Vasco pela final da Copa do Brasil, me deixou um recado no orkut perguntando pra quem eu torceria. Respondi que não sabia ainda, mas que dificilmente seria pelo Vasco. Foi o suficiente pra ele creditar a vitória do Flamengo à minha torcida e me eleger a "Musa da Copa do Brasil". Me mandou trezentos recados, e-mails e torpedos de celular com coisas do tipo: "obrigado, minha musa, você é pé quente"! Por vários dias seguidos...

Uma pessoa normal acharia o repertório suficiente pra sacanear um rival derrotado. Mas não um flamenguista pentelho (e criativo) como Osti! Não satisfeito com o arsenal de e-mails, recados no orkut e torpedos de celular, ele foi capaz da proeza mais inacreditável que um flamenguista já conseguiu pra me sacanear.

Um dia, abro (mais um) e-mail dele com a seguinte mensagem.

"Oi, minha musa. Ainda comemorando o título rubro-negro? Tenho certeza que sim. Em agradecimento à sua torcida, fiz essa pequena homenagem. Pode abrir, não é vírus"

E lá estava, em um arquivo anexo, a foto que segue. O pilantra roubou do meu álbum no orkut e deve ter passado horas no photoshop fazendo essa montagem. Nunca disse isso a ele, é claro, mas ri pra cacete. Também nunca exibi a foto, porque nem meu senso de humor foi capaz de anular a ojeriza que senti ao me ver com essa maldita indumentária do urubus. Agora, que o flamenguista mais bacana que conheci acaba de ir embora tão precocemente, deixo isso tudo pra lá. Em homenagem a ele, retribuo publicando aqui a "homenagem" que, tenho certeza, ele fez pensando em mim com muito carinho.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Meu primo, um corno feliz

Meu primo Dudu já foi citado neste blog de forma negativa, mas tenho que me redimir com o pobre. Ele é um cara bacana. Dentre os meu mais de 20 primos (sim, tenho mais de 20 primos), ele sempre foi o mais amoroso comigo, do tipo que cozinha pra mim quando vou na casa dele e me apresenta pros amigos como "minha priminha mais bonita". Enfim...Pode-se dizer que é um fofo!

O problema do meu querido primo (além de ser um expert na arte do 171, o que lhe rendeu na família o apelido de Agostinho Carrara) é a incapacidade que ele tem de lidar com certos, digamos, deslizes conjugais de sua digníssima. Ou seja, como se diz na linguagem popular...meu primo é corno. E do tipo conformado.

Meu primo conheceu a esposa quando ela tinha 13 anos e era bem jeitosinha. Já com ele, coitado, a natureza não foi muito dadivosa nesse sentido. Mas a jovem parecia apaixonada, apesar dos poucos atributos físicos do namorado. Pouco tempo depois, se casaram. Não necessariamente por causa da paixão da menina, é verdade. O fato é que o pai dela- um cara bronco do interior - pegou meu primo com a boca na botija e o obrigou a desposá-la na base do facão.

Enquanto a mocinha era uma recém-desvirginada indefesa, expulsa de casa pelo pai, meu primo tava bem na fita, encenando o papel do "malandrão suburbano apresentando o mundo pra mulherzinha capiau". O problema é que ele apresentou até demais...e ela começou a gostar!

Os vestidinhos costurdos pela mãe não tardaram a dar lugar a shorts curtíssimos, que desconcertavam os tios nas reuniões familiares (inclui-se papai, que não era santo). E ela gostava! Quanto mais percebia que estavam olhando, mais curtas as vestimentas ficavam.

Até que, não satisfeita em provocar apenas o constrangimento dos tios (e a fúria de suas respectivas esposas), ela começou a alçar vôos mais altos. E a chegar em casa altas horas da madruga, deixando o rebento, ainda bebê, aos cuidados do meu primo, que sempre a aguardava ansiosamente, sem dar um pio.

Um dia, o pobre acabou esperando mais do que das outras vezes. Uma semana, pra ser mais exata. Falo sério, caros leitores. A prima saiu de casa com a roupa do corpo numa sexta à noite (sem o rebento, naturalmente) com um "volto já" e só retornou no sábado seguinte. Após uma busca angustiante que mobilizou até os parentes mortos, soubemos por uma amiga em comum que a desaperecida estava na casa de um caboclo em Saquarema. Mandou avisar que estava viva e muito bem de saúde, mas que não deveriam esperá-la.

Ou seja, a mulher havia chutado o balde. Pro desespero do primo, que só chorava. E pro meu, que fui designada pela minha tia pra ser o ombro amigo e evitar que ele "fizesse uma besteira." De quebra, ainda tinha que ajudar a tomar conta do rebento.

Bem, felizmente (ou não) ela acabou retornando ao lar na semana seguinte. Como se nada tivesse acontecido. Se não fosse o bronzeado e o visual hippie adquiridos, poderia até ter alegado um seqüestro e todos acreditariam, tamanha era a cara de vítima da sujeita. E o meu primo? A aceitou de bom grado.

Palavras dele:

"-Eu tenho que ser compreensivo com ela. Não deve ser fácil ter um filho aos 14 anos. E ela tem direito de se vingar, porque eu já fui uma cara muito galinha."


continua abaixo...

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Meu primo, um corno feliz- continuação


Não preciso dizer que o episódio foi um escândalo na família, com direito a reunião de tios para convencer o rapaz a honrar as cuecas que veste e o sobrenome do clã. Mas o pobre, apaixonado, foi irredutível. Queria a mulher de volta ao aconchego do lar, não importava o que ela tivesse feito durante a semana de "férias conjugais".

Uma cena ocorrida naquele dia não me sai da cabeça. Enquanto o pai dele, desolado e fora de si, gritava pelo quintal da casa que "preferia um filho morto a um filho corno", papai, sacana, dizia pro meu primo: "Liga, não, rapaz. Lavô, tá nova".

O fato é que eles voltaram às boas. Nesta e em todas as outras vezes em que ela resolveu tirar "férias conjugais", "viver novas experiências", "pensar melhor na vida" ou "tirar um tempo para si mesma". Numa dessas, meu primo chegou ao fundo mais fundo que um corno pode chegar: chamou o amante pra uma conversa.

Palavras dele:

"-Disse pro cara que ele pode estar com ela agora, mas ela me ama e vai voltar pra mim. Ainda falei pra cuidar dela, ou vai se ver comigo! Não podia perder a classe!"

Pois é...

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Frases sensacionais que ouvi recentemente de personagens de novela (e que gostaria de ter cacife pra dizer):


"-Trabalhar pra que, se eu tive a sorte de ter um pai rico e um marido que dá duro por mim?"


(Carmem, de Páginas da Vida)

Outra...

Garçom figurante:
"-Abro o champanhe agora ou a senhorita vai esperar seu acompanhante?"

Leona:
"-Acompanhante? Querido, olhe pra mim. Eu sou jovem, bonita, rica, poderosa...e loura! Eu me basto. Abra meu champanhe agora!"

(Leona, de Cobras e Lagartos)

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Minha família é mesmo fantástica! Mais um episódio

A minha mãe sempre foi magra. E gostosa! Aos 35 anos, tinha uma cinturinha invejável, a bunda dura, pernas sem celulite e mantinha o manequim 38, apesar dos dois filhos, dos dez maços semanais de cigarro, das doses quase diárias de martini e chivas e de não conseguir se manter numa academia por mais de uma semana.

Como é inerente a quase toda mulher bonita, mamy é cruel. Nunca perdeu uma oportunidade de espezinhar das feias e desprovidas de encanto. As gordinhas então, sempre foram o principal alvo de seus comentários. “O marido de fulana tem uma amante? Também, quem vai querer comer uma gorda daquelas”

Eu mesma, apesar de ter saído de seu ventre, nunca escapei das críticas. Pelo contrário, sempre fui até mais penalizada que as outras, talvez porque me culpe por não ter herdado seu genes da magreza eterna.

"-Com a sua idade eu não tinha essa barriga! Culote então, nem pensar!" A frase: "Você puxou àquela mulherada gorda da família do seu pai" é praticamente uma gravação, que ela faz questão de entoar como um mantra nos meus ouvidos.

O uso de fotos comparativas é uma estratégia utilizada à exaustão.

"-Olha essa foto! Eu tinha 30 anos, mais do que você tem hoje. Olha como eu era e olha como você é." E conclui, com uma dispensável profecia catastrófica: "Imagina como estará quando chegar na minha idade?"

O problema é que, apesar das duras críticas da minha mãe ao meu sobrepeso, ela não contribui muito pra me ajudar a perdê-lo. Aliás, até atrapalha. Como eu trabalho o dia inteiro para prover o lar, mamy fica responsável pelas tarefas domésticas. Divisão de tarefas mais do que justa, não acham?

Pois é...e o que ela poderia fazer por uma filha penando em (mais uma) dieta? Cardápios light, no mínimo. No entanto, o que rola no menu é uma alternância de feijão com carne-seca e lingüiça frita, costelinha de porco com purê de batatas e outras iguarias igualmente calóricas.

Hoje, depois de ser surpreendida na rua por uma chuva torrencial, perder 10 pratas e brigar com um taxista que tentou me enrolar num trajeto achando que eu era turista, chego em casa cheia de fome e vou ver o que tem pro almoço. Nada mais apropriado para meus objetivos: uma suculenta feijoada. Com direito a farofa de ovo!!!

"Mãe, é pra eu cortar os pulsos?" , perguntei.

-Quem tá gorda é você. Eu e seu irmão não temos culpa. Se não quiser, não come o feijão. Tem alface na geladeira!

Isso é que eu chamo de espírito solidário...

*Para não acharem que exagerei na descrição do primeiro parágrafo, olhem essa foto da minha progenitora, em seu aniversário de 45 anos!!!!!!

Desventuras: o príncipe que virou sapo

Essa desventura é um pouco diferente. Ao contrário das outras fábulas relatadas aqui, a história a seguir não tem um rapaz como vilão...mas eu mesma! Explico:

Meus pais moraram um tempo em Macaé (pra quem nunca ouviu falar, cidade no Norte do Estado do Rio, distante cerca de 3 horas da capital). Pois é...como é de praxe nas cidades pequenas, quase todos os jovens de lá vinham pra capital ou pra Niterói fazer faculdade. Como as passagens são caríssimas, a prefeitura da cidade (que arrecada uma grana de royalties de petróleo) disponibilizava uns ônibus para os pobres universitários irem visitar seus pais nos fins de semana.

Eu nunca morei em Macaé de fato, pois quando meus pais foram pra lá eu já estava na faculdade. Mas nada impedia que eu usufruísse do ônibus para ir visitá-los. E era o que eu fazia, quase todas as sextas-feiras.

E foi numa dessas viagens que protagonizei o mico amoroso que relato a seguir...

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O príncipe que virou sapo-continuação

Num domingo, viajando de volta pra casa, o carinha sentado ao meu lado começou a puxar conversa.

Depois de alguns minutos dedicados a apresentação básica (estuda aonde, faz o que, onde mora), engatamos uma conversa interminável. Não é que o carinha era deveras agradável? E com um agravante: era gato! Ô! Muito gato. Fortinho, mas sem parecer aqueles funis bombados. Alto, uma perfil interessante...hum...depois de meses no mais completo abandono, algo me dizia que aquela viagem teria tudo pra ser lucrativa...

E assim viemos pela BR-101...num bate-papo ininterrupto, mó afinidade...

A certa altura do campeonato, o rapaz me chamou pra comer uma pizza quando chegássemos, "num lugar perto da sua casa, pra eu poder te levar até a portaria depois", propôs, num gesto fofíssimo. Pizza e portaria, olha que máximo! Nada de me chamar pra conhecer o apartamento dele ou a coleção de cds. Ou de se oferecer pra conhecer o meu.

Ou seja: além de gato e inteligente, não era do tipo que jogava papo nas moças do ônibus para comê-las em seguida! Tudo perfeito. Até desembarcarmos na Novo Rio...

Sei que vão me chamar de má, de preconceituosa, de fresca. Sei que vou ser execrada pelos politicamente corretos pelo que fiz. Mas estava além das minhas forças, foi quase involuntário.

Lembrem-se que eu estava sentada à esquerda do carinha. E que o interior do ônibus não é muito bem iluminado. Portanto, via pouco o lado direito do seu rosto. Pois é...acho que ele não sentou na janela por acaso...

Descemos do ônibus e fomos caminhando até uma lanchonete pra comprar uma bebida. Estava distraída, olhando os chocolates no balcão, quando levei um dos maiores sustos da minha existência:

"-Ei, quer água ou refrigerante?", me perguntou o fofo. Mas ele não era mais fofo. Pelo contrário. Era um ogro! Aaaaaaaaa! Ele tinha uma cicatriz enoooorme. Do lado do rosto que ficara escondido no ônibus. Tadinho! Não era um cicatriz qualquer. Era abjeta, ia da orelha à boca. Deformava o rosto do pobre. Caraios...e agora?, pensei. Já havia aceitado o convite pra pizza, mas o apetite tinha ido embora (em todos os sentidos).

Me sentia péssima! O carinha era tão legal...Que culpa tinha de ter uma cicatriz? E se foi um acidente grave, que matou alguém da família dele? E se tivesse jeito com plástica? Ai...Mas não dava. Era mais forte do que eu. E ao invés de tentar abstrair, tive uma das atitudes mais escrotas da minha biografia. Acreditem: simulei um desmaio pra fugir da pizza. Disse que tinha pressão baixa (o que de fato é verdade), que deve ter sido a viagem, muito cansativa, que deveria, enfim, ir pra casa e que a pizza, que pena, ficaria pra outro dia.

Acho que ele acreditou, porque queria me levar pro hospital e tudo. Mas me levou pra casa. E eu, é claro, dei o telefone errado. Por sorte, nunca mais encontrei com o pobre nas viagens...

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Frases que li ainda há pouco na porta de um banheiro na Cobal do Humaitá:

"Nomear as coisas é tirar 80% da essência que elas têm"

E uma outra, abaixo, com uma setinha indicando para a primeira:

"Pega a minha essência e balança"

sábado, 21 de outubro de 2006

Ainda bem que não é hereditário...

Minha família é mesmo fantástica! Vejam só que papo edificante entre mamãe e meu irmão durante o almoço de hoje:

Meu irmão:
-Vai votar no Sérgio Cabral?
Eu:
-Tá maluco. Não voto em ladrão!
Meu irmão:
-E daí! Todo mundo rouba! Eu mesmo, se tivesse lá, roubaria muito!

Nesse momento, mamy, que até então estava na cozinha (de onde não deveria ter saído), aparece para, como sempre, dar razão e reforçar os impropérios que o meu irmão diz:

-Tá é certo! O importante é fazer. Se roubar e fizer, não tem problema nenhum. O Sérgio Cabral rouba, mas fez o alargamento do canal do Cajuru (???). Vou votar em quem? Na sapatão da Denize Frossard?

Meu irmão(em tom mais elevado, depois de ganhar uma aliada):
-E digo mais. Não só roubaria muito como também empregaria minha família toda. Até o Dudu (um primo nosso de caráter duvidoso). Aliás, o Dudu seria meu chefe de gabinete! (gargalhadas)

Mamy:
-Errado é desviar dinheiro de merenda escolar e hospital. Mas qual é o problema em superfaturar uma obra? O fulano, amigo do seu pai, superfaturou uma obra na prefeitura de Macaé e comprou logo uma cobertura em Ipanema. Tá com a vida ganha! E você (pra mim)? Fica aí com esse papo ético, por isso é que tá pobre e devendo ao banco!

Meu irmão:
-Não adianta falar, mãe. Ela é otária! Trabalha com político e ainda não conseguiu tirar nenhum proveito

E pra finalizar, muito puto, me pergunta:
-Em que mundo você vive? Não existe mais ninguém igual a você hoje em dia

Nesse ponto, ele não deixa de ter uma certa razão...

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Desventuras amorosas- mais uma da série

O micareteiro

No começo ele era como os outros. Lindo, gentil, interessante...Se referia a mim como "amor da minha vida" e outros clichês do gênero que, apesar do lugar comum, sempre funcionam. Mas o final dessa história não poderia ser mais desastroso: o referido sujeito me trocou por uma micareteira num carnaval em Salvador!

Ele era policial da Core (odeio policiais, mas abri uma exceção). O conheci na época de repórter, quando cobria uma incineração de drogas no Aeroporto do Galeão (não consigo me acostumar a chamar de Internacional Tom Jobim). Ele estava no grupo que fazia a segurança do secretário de segurança (desculpem, mas não achei um sinônimo para segurança).

Cheguei atrasada na pauta- o que sempre acontecia no jornal de ótima estrutura em que trabalhava- e fui pedir uma informação a ele. Juro que o escolhi aleatoriamente. Tudo bem, o cara era gato. Mas quem é do Rio sabe. A Core é composta por homens gatos. Aliás, gatíssimos. O que significa que se tivesse adotado o critério beleza pra escolher minha fonte, teria pedido informações aos 20 que estavam lá. Enfim, foi ele...

Embora fosse impossível ignorar que a minha fonte era um belo exemplar da espécie, estava tensa por ter me atrasado, por ainda ter duas pautas pra apurar, enfim...Sem clima pra puxar qualquer assunto que não fosse o diabo da informação de que precisava pra matéria. E foi justamente isso que intrigou o rapaz. Acostumado a ouvir com freqüência todo tipo de cantada, ele deve ter se sentido ofendido quando uma moça se aproximou dele apenas pra perguntar se "estavam incinerando só maconha ou havia cocaína também".

Acho que mexi mesmo com o ego do rapaz. O fato é que me ligou três dias depois. E antes que pensem que eu dei meu cartão ou coisa assim, acreditem: ele descobriu sozinho! Viu meu nome no crachá, ligou pra redação é pediu. Tava muito afim de mim, né? Pois é...Era o que parecia, até o bendito carnaval.

Depois do tal telefonema, começamos a sair. Como já havia dito, o homem prometeu amor eterno e outras bobagens que a gente acredita quando quer. Era um doce e razoavelmente inteligente, embora insistisse em colocar um maldito cd do Asa de águia (urgh) no som do carro. A trilha sonora acabava com o meu humor, e ele percebia. Talvez por isso, não tenha me convidado pra ir passar o carnaval com ele em Salvador.

Tá certo! Eu não poderia ir porque estava trabalhando. E porque odeio axé e trio elétrico! Mas ia gostar de ser convidada...Até pra dar uma de liberal! "Não posso, querido, estou de plantão. Mas não se prenda por minha causa. Vá e divirta-se. Fico te esperando"

A última frase ao menos eu tive o gostinho de falar, quando ele me ligou horas antes de viajar dizendo que me "amava". Achei tão convincente que decidi, seguindo o conselho da minha amiga Flavinha Risso, ignorar que ele iria beijar várias e recebê-lo de volta na quarta-feira com "cara de paisagem". Afinal, pegação de carnaval começa e termina no carnaval, não é mesmo? Sim, quando trata-se de outras pessoas. Mas como era comigo...

O fato é que o cidadão voltou de viagem, me ligou e disse que tinha conhecido uma mulher no bloco do Chiclete (urgh), ela era do Rio, morava no bairro dele (olha só!!) e a coisa teve um happy end. Agora digam: sou ou não um ser azarado no quesito amoroso? Só um ser azarado tem um peguete empolgadíismo, quase a seus pés, que conhece uma mulher da mesma cidade ( e do mesmo bairro) no carnaval da Baía e resolve levar a frente um romance de carnaval! Aaaaaaaaaa

Bem, mas como dizia meu ex-chefe Celso Junior... "melhor dar azar do que dar a Zé". Certamente, não teria muito futuro com um sujeito que escuta Asa de Águia no carro e compra abadá pro Chiclete. Definitivamente, não perdi muita coisa...

terça-feira, 10 de outubro de 2006

"Só proteína"

Ainda estou feliz solteira, mas um momento de carência recente até me fez pensar em rever meu fechamento pra balanço. Vontade que deu e passou depois de uma constatação que tive na primeira noite em que sai com essa intenção: a quantidade de homens babacas disponíveis é maior que a demanda. Odeio generalizações, mas começo a desconfiar que aquelas máximas de revista feminina são verdadeiras: os homens interessantes da minha faixa etária, ou estão casados, ou não são chegados! Impressionante...

Relatarei um episódio que ilustra minha teoria. E mais uma vez, mostra que não tenho mesmo sorte com o sexo oposto...

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

"Só proteína"-continuação

Fomos curtir um sambinha no Carioca da Gema, eu e duas amigas. Sem qualquer intenção que não fosse a de curtir o samba e tomar umas cervas, juro! Ao contrário dos homens que estavam lá, uns mauricinhos metidos a cult que te chamam pra dançar (embora dancem mal pra cacete) e, se aproveitando da proximidade natural ao ato, tentam te tascar um beijo no final. Não existe mais dança despretensiosa na night...um saco!

O fato é que acabei vítima de um espécime desses. Descia as escadas que dão pro salão, quando o cidadão me abordou. Apesar da cara de playboy limpinho, incorporou uma batinha hype ao visual, certamente pra parecer um autêntico boêmio moderninho da Lapa. Como era de se esperar, ele me chamou pra dançar, mas não sabia dançar. E tentou me tascar um beijo no fim da dança...o que na verdade, acabou conseguindo, confesso! Sabem como é...cerveja, uma dose de carência (mais física que afetiva)...fudeu!

Bem, dei lá o beijo no carinha, mas, assim como a dança, achei meio mais ou menos. E dei a velha desculpa do banheiro pra sair fora. Mas, como o lugar era pequeno, o figura acabou me achando. Conversava com minhas amigas numa mesa e, quando me dei conta, ele estava sentado do meu lado, ignorando o fato de eu passara meia hora "no banheiro". Enfim...

Justiça seja feita, o escovadinho até que era boa gente. Não chegava a atrapalhar...então, deixei ele por ali.

Quando fomos embora, ele percebeu que íamos fechar a noite em outro lugar e fez uma carinha de "posso ir junto" que acabou me convencendo...dei o nome do lugar e, cinco minutos depois, lá estava ele!
Papo vai, papo vem, fui até achando o sujeitinho agradável e cheguei a deixar de lado minha implicância inicial, até que...veio a comida que havíamos pedido. Um cabrito com arroz de brócolis, uma delícia. Reparei então que ele comia só a carne e nem tocava no arroz. Intrigada, perguntei o motivo. "Estou fazendo a dieta da proteína, não como nenhum carboidrato", respondeu o cidadão.

Puta que pariu! O que eu podia esperar de um ser que, além de fazer a dieta da proteína, ainda segue dieta num fim de noitada, em plena sexta-feira???????? Num fode...

Na hora da despedida, a velha estratégia: dei o telefone errado!

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Que decepção, bonitão...


Ele era o menino mais bonito da cidade. Não acho que era o mais bonito do estado, do país, do sistema solar! Nossa, um Deus! E era rico! Tinha jet ski, lancha, um carro cheio de sacanagem...

Eu estava no 1º ano do segundo grau (na minha época, já disse aqui, ainda não era "ensino médio"). Ele acabara de chegar do Rio pra passar um ano em Araruama, cidadezinha provinciana da Região dos Lagos Fluminense onde eu morei durante parte da minha vida. Desnecessário dizer que o galãzinho provocou um furor sem proporções entre as menininhas da cidade. Pra nós, acostumadas a ver sempre as mesmas caras, nos mesmos lugares ( a cidade é tão pequena que, quando calhava de acontecer duas festas no mesmo dia, uma delas ficava as moscas), qualquer novidade masculina era um acontecimento. Imagina então uma novidade daquele quilate? Bem...mas como nada é perfeito, esse cidadão também não podia ser. E eu descobri isso da pior forma possível! Explico...

Era um sujeitinho meio esnobe. As feias, as mais ou menos, as lindas...todas as meninas da cidade se ofereciam explicitamente! Mandavam recadinhos na cara dura, jogavam charme...enfim, algumas, como se diz no linguajar de boteco "abriam as pernas" pro cara! E ele? Nada. Não só não pegava ninguém, como ignorava solenemente a mulherada. Nem um sorrisinho, um oi...nada! Estava sempre com o mesmo grupinho de amigos homens e não se dirigia a nenhum outro ser que não pertencesse a trupe, comportamento que não tardou a provocar comentários maldosos sobre sua masculinidade entre os meninos da cidade.

Ocorre que um membro do tal grupinho de amigos puxa-sacos dele (sim, eram todos baba-ovos incansáveis do bonitão) namorava uma grande amiga minha na época. E foi assim que eu tive o privilégio de conhecer o figura. Fui a uma festa com o casal de amigos e ele estava lá. E falou comigo! Não só falou comigo, como sorriu pra mim!! Se não fosse uma adolescente tão modesta e cheia de complexos, perceberia até que ele deu um molezinho pra mim!! Nossa...será? Todas as bonitonas da cidade querendo o cara e ele de olho em mim?? Mas e o meu cabelo sofrível, o meu diastema dentário, será que ele não reparou??? Não, eu estava vendo coisas...

Tava nada! Deu mole pra mim mesmo! Mandou recado pela minha amiga!! AAAA! Queria que chegasse logo a segunda-feira pra eu contar pra todo mundo na escola. Me sentia fodaça, todos os meus complexos de adolescente haviam desaparecido.

Uma semana de expectativa e chegou o sábado, dia em que havíamos marcado de sair. Fui prum barzinho com a minha amiga e o namorado e ele chegou pouco depois. Não dá pra descrever meu deslumbre quando vi o bonitão descendo do carro e vindo em nossa direção. Eu o via meio em câmera lenta, feito aqueles galãs de filme água com açúcar. Imaginava uma cena romântica, eu e o bonitão, trocando beijos na beira da praia (só beijos mesmo, visto que na época ainda era uma menina pura e intocada) ao som de uma musica do Bom Jovi (sim, já gostei de Bom Jovi, e daí?). Pobre de mim...não imaginava a desilusão que estava por vir...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Que decepção, bonitão...Capítulo final

Percebi que o clipezinho romântico que eu idealizara viraria filme de terror tão logo o bonitão chegou. Éramos quatro na mesa do bar. Eu, minha amiga e o namorado e mais um carinha, de quem não me lembro bem. Depois de falar com todos, calorosamente, passou por mim como se não me conhecesse e foi pegar uma bebida. Ao voltar, se limitou a me olhar e dar uma sorrisinho amarelo, daqueles que não deixam aparecer os dentes à mostra. Não sabia se sentia raiva ou vergonha. Todos na mesa me olhavam como se dissessem: se fudeu! Não sabia onde enfiar a cara.

E assim se passaram horas...ele falava com todo mundo e mal olhava pra minha cara. "Deve ter percebido que não sou lá essas coisas", pensava. "Vai ver que minha amiga mentiu, ele não mandou recado nenhum! Quis me sacanear, a filha da puta"...

Bem, o fato é que, apesar de todos os prognósticos me desfavorecerem, a coisa acabou mudando de figura...

O meu casal de amigos foi embora e, desiludida, decidi ir com eles. No meio do caminho, supresa!! O bonitão parou o seu carrão ao lado no nosso e me chamou pra dar uma volta com ele. Até pensei em recusar, fazer um cu doce...ah! Que orgulho o que! Vou lá!

Saí toda saltitante e entrei no carro dele. Não vou descrever aqui como se sentia no momento pra evitar clichês ridículos como "minha pernas tremiam", ou "meu coração ficou acelerado". Além de tudo, vocês devem imaginar como se sente uma adolescente de 16 anos ao ser convidada para "dar uma volta" por um carinha bonito, rico, popular e cobiçado por todas as suas amigas...

Porém, como disse no começo da história, o clipezinho romântico virou filme trash. A começar pelo local escolhido pelo bonitão para a nossa noite romântica. Estávamos pertinho da praia, com o reflexo da lua cheia...mas o cidadão, sabe-se lá porque, parou o carro numa mísera ruazinha inexpressiva. Pros que pensam que ele queria ficar num lugar deserto para aproveitar-se sexualmente de mim, esqueçam. A rua era sem graça, mas não necessariamente deserta. Um grito, e apareceria alguém pra me salvar do tarado.

Mas definitivamente, não era o caso dele...Aliás, muito pelo contrário. A única tara que o bonitão tinha era por ele mesmo e por brinquedinhos de menino rico. "Tá vendo esse som do carro? Custou $$$! Meu pai trouxe dos EUA", propagandeou ao colocar a música.

Depois alguns minutos falando do som (e sem me dar um beijinho sequer) ele resolveu mudar de assunto. O tema agora era o cachorro, "de raça raríssima, com criadores só em São Paulo, poucos canis no Brasil". AAAAAAAA

Depois do cachorro, foi o jet ski. E a calça importada que havia comprado mas nunca usara, a reforma da casa que custara "uma fortuna"...

E assim foi alternado a conversa (que tava mais pra monólogo, já que eu não tinha estômago pra dialogar com aquele babaca esnobe). Percebendo minha indiferença, o mauricinho resolveu mudar a estratégia. E o que poderia ser mais atraente que seu valioso patrimônio? Ele mesmo, claro! E começou a me perguntar o que eu achava dele, a quanto tempo eu pensava em ficar com ele, se eu achava o cabelo dele bonito...puta que pariu!!

Já estava pensando em simular um mal súbito e ir embora quando ele decidiu fazer o que eu esperara desde que recebi o bendito recadinho da minha amiga: me beijar. E foi aí que toda a decepção que eu tivera até aquele momento...se transformou em um decepção maior ainda!!!

Caraio...o cara beijava muito mal. Nunca vi daquilo. Naquela época, meu currículo no quesito ainda era um tanto modesto, mas eu já tinha parâmetros pra saber: era um beijo horroroso! Desnecessário dizer que fui embora mais que desiludida...na verdade, fiquei até meio indignada. Mas tudo bem, ainda restaria como consolo o triunfo sobre as invejosas da cidade. hehehe

Mas nem esse gostinho o filho de uma égua deixou pra mim. Começava a contar a história pra mulherada na escola na segunda-feira seguinte quando ele chegou. E sabem o que fez? Me ignorou solenemente. Nem o sorrisinho amarelo rolou, nem um oi, nada! Que ódio!

Além de beijar mal, ser arrogante, narcisista e ostentador, ainda tirava aquela onda? Mas o pior foi o que a explicação que, segundo a minha amiga, ele deu pro fato de ter me tratado feito um poste. "Ela ficou muito apaixonada por mim. Perdeu a graça."

E essa é só a primeira história...

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Desventuras amorosas- Introdução

Desencontros, escolhas erradas, atitudes indevidas ou, simplesmente, azar. Não se pode apontar a razão exata, mas é fato que alguns seres humanos não nasceram predestinados ao sucesso no campo amoroso. E é fato, inquestionável, que eu me incluo nesse grupo de desafortunados.

"Ah, não faça drama", dirão uns. "Nem vem, ainda há muitas histórias por vir", palpitarão outros. Bem, pra comprovar a veracidade da minha teoria, relatarei aqui alguns infortúnios sentimentais inacreditáveis. Todos verídicos! Tirem suas próprias conclusões...

No, woman no cry


Deve ser coisa de canceriana, não sei...mas o fato é que sou chorona. Choro à toa mesmo, pelos motivos mais banais. Nas festinhas da escola do meu filho, fico até meio escondida pra evitar o mico certo: sempre choro! O último episódio desse tipo ocorreu na festa junina deste ano. Pensei: "Ah, dessa vez não vou me esconder. Não vou chorar por uma simples quadrilha de uma turminha de pirralhos!" E fiquei lá, na primeira fila de mães, pra fotografar o rebento. Mais uma vez, passei vergonha. Foi só o moleque entrar vestido de caipira e começar a dançar pra eu me debulhar em lágrimas. E não são lágrimas discretas, daquelas de canto de olho, que a gente enxurra disfarçadamente. Choro de tremer a boca, feito atriz canastrona de novela mexicana. Patético!

Algumas atrações televisivas também são um problema para uma pessoa assim...de emoções afloradas como eu. Aquelas matérias sobre crianças famintas com AIDS na África, por exemplo, sempre me fazem chorar. Até aí tudo bem, acho até compreensível. Deve haver outras pessoas que choram por isso. O problema é que eu derramo lágrimas assistindo a casos do Linha Direta, finais de novela e, acredite, quadros do programa "Caldeirão do Huck" (aqueles em que as pessoas concorrem a prêmios).

Um sábado de ressaca desses, assistia ao programa citado, mais precisamente a um quadro chamado Pulsação. O que vem a ser? Um sujeito vai lá, reponde a meia dúzia de perguntas do tipo cultura de almanaque e, se acertar todas, leva 50 mil pra casa. Nada mal, não? Principalmente se o participante for bem pobrezinho e do tipo esforçado, como o rapaz que concorria no dia em que eu via o tal quadro. Com a grana do prêmio, pretendia reformar a casa da mãe- numa favela carioca- e guardar uma parte pra concluir a faculdade de engenharia. Numa crise de pieguice explícita, me comovi com a história do menino. Ignorando que o progama era gravado e que minha vibrações positivas de nada adiantariam, comecei a torcer por seu êxito nas respostas. Vibrava a cada escolha certa do rapaz! E ele até que era espertinho, embora não soubesse que a tuba não é um instrumento de corda...

O fato é que o menino ganhou. E eu derramei rios de lágrimas quando soltaram aqueles papeizinhos picados no cenário. A cena já seria patética se eu a tivesse protagonizado somente pras paredes. Mas como não há mico sem platéia, ela estava lá. E formado por um grupinho de uns cinco amigos do meu irmão, seres tão sensíveis quanto o Zeca Bordoada da TV Pirata. Acho que não preciso reproduzir as gargalhadas e os comentários proferidos...

sábado, 9 de setembro de 2006

Acidente na Lagoa: e se fosse na avenida Brasil?

O acidente que matou cinco jovens na Lagoa, no último domingo, abalou o Rio. Não se fala de outro assunto. Numa romaria curiosa e macabra, centenas de pessoas de todo o país, enchem de mensagens as páginas do orkut das vítimas, com quem nunca trocaram uma palavra.

Os jornais suitam o caso todos os dias, com direito a uma página inteira do Globo dedicada a carta escrita pelo pai de uma das vítimas. Com tanta repercussão, as autoridades já começaram a anunciar medidas para "evitar novas tragédias". A polícia investiga se o jovem que guiava o carro comprou bebida em frente a boate. A prefeitura já anunciou a instalação de novos pardais eletrônicos para coibir o excesso de velocidade. Uma juíza de menores pediu aos pais vigilância incessante a rotina dos filhos.

Realmente foi uma lástima. Já perdi muitos amigos em acidentes de carro e, como mãe, tento mensurar o que é perder um filho de forma tão abrupta. No entanto, penso que há mais que simples comoção por trás de tanto alarde.

Era um grupo de cinco jovens bonitos, ricos, moradores da Zona Sul, saindo de uma boate na Lagoa num Honda Civic. Assim foi descrita uma das vítimas pelo Globo: "Ivan morava em Ipanema e frequentava a praia do Arpoador. Ex-aluno do Andrews,estudou teatro no tablado(...)".

Minha dúvida é: fossem eles feinhos, com caras de suburbanos, saindo da Via Show num Monza lotado e se espatifassem na Avenida Brasil, teriam sua morte alardeada como a maior tragédia urbana carioca dos últimos tempos?

Desconfio que não...e não pensem que trata-se de preconceito às avessas da minha parte. É um palpite baseado em fatos. Basta lembrar de casos recentes noticiados pela imprensa carioca pra percebermos o quanto ela ainda é elitista.

Em 2003, uma adolescente de classe média morreu durante uma troca de tiros entre policiais e um assaltante no metrô da Tijuca. Como agora, houve cobertura por meses nos jornais, sociólogos e especialistas em segurança pública analisavam o assunto em programas de TV, houve passeata e o escambau. Tudo bem, coitada da menina, a violência deve debatida e analisada, mas peraí! Deixemos a hipocrisia de lado. Outros jovens morrem aos montes, todos os dias, vítimas de balas perdidas, execuções e tiroteios nos morros da cidade e pouco se fala sobre o assunto. Por que será? A verdade é que a vida humana vale menos quando o humano em questão é pobre.

Os pais da Zona Sul sabem que favelados morrem jovens no Rio de Janeiro. Porém, acreditam que seus filhos, no belo cenário em que vivem, aparentemente protegidos do tráfico, dos bondes, da polícia, das guerras entre CV e ADA, não correm tantos riscos. Até que um dia, se deparam com uma cena até então improvável em plena Borges de Medeiros: cinco corpos estirados, cobertos com aquele sinistro plástico preto. A constatação choca: eles também são vulneráveis.

E a imprensa, feita pro seu "público alvo"- outros pais de classe média, em sua maioria- mostra-se também estupefata. Basta observar o título usado pela revista Época na matéria sobre a menina morta no Metrô: "Poderia ser sua filha"

domingo, 3 de setembro de 2006

Léo Loirinho


-Alô. Oi, Douglas, tudo bem? Fiquei sabendo que o Léo tá aí no morro, fala com ele que eu vou aí fazer uma visita
-Não vai dar Tati...você não sabe o que aconteceu?
-Não...o quê foi?
-O Léo morreu. Foi assassinado, mais de 10 tiros. Acho que foi a polícia, não tenho certeza. Até agora não entendi direito...


Léo Loirinho. Era chamado assim pela molecada da favela, a maioria negra, da qual ele destoava com sua pela branca e seu cabelo russinho. O conheci nas festas e eventos do projeto social em que trabalho lá no morro, quando ele tinha uns 15, 16 anos. Diferentemente dos outros garotos, quase não falava e sempre me encarava com um olhar meio desconfiado, "boladão", como eles dizem, o que me fez acreditar, durante um bom tempo, que não ia com a minha cara.

Me enganei. Em pouco tempo, ganhei um parceirinho. Quando ia a festas no morro, ele sempre bancava o garçom-guarda-costas. Enchia meu copo, arranjava coisas pra eu comer, pegava carro emprestado pra me levar em casa...e ainda me protegia de eventuais cantadas inconvenientes. "Respeita ela, que é a professora!"

A casa do Léo é uma das mais bonitas da comunidade. Embora humilde, como todas por lá, tem uma área espaçosa de onde se tem uma vista pra deixar donos de cobertura com inveja: a baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor...volta e meia íamos todos pra lá comer peixe na brasa, feito na folha da bananeira. Quando fiz 28 anos, decidi comemorar meu aniversário no morro e ele me ofereceu a casa dele. Acho que foi o melhor aniversário que tive. Até os meus amigos, que ficaram meio ressabiados de subir a favela, se acabaram.

No fim da festa, ele me aparece com um bolinho pequeno, todo rosa, com meu nome escrito. Ele havia encomendado e guardado na geladeira da vizinha até o fim da noite, pra me fazer uma supresa. "Comprei pra você, pra nunca mais esquecer de mim".

Vi o Léo pela última vez num forró lá na favela. Faz uns cinco meses. Ele tava meio estranho...como sempre, veio perguntar se eu queria alguma coisa e eu, brincando, respondi: "Um Whisky, Leozinho". Dez minutos depois, pro meu total espanto, ele volta com uma garrafa de Black Label.

Não entendi nada! Como aquele moleque havia sacado um Black Label na favela? Aliás, como ele havia arranjado grana prum Black Label? "Tô com dinheiro, Tati. Virei patrão agora".

A resposta me deixou com medo. E uma tremenda angústia. Quem trabalha com jovens de favela sabe que a fronteira entre o bem e o mal é mais tênue pros moleques. Por isso, sempre estamos preparados para perder alguns deles. Como aconteceu com o Luizinho, logo que comecei a participar do projeto...

Mas o Léo também? Não, não podia ser. Sabia que já tivera um envolvimento com o tráfico, mas havia se regenerado. Consegui uma bolsa pra que ele e mais dois meninos fizessem um curso no Senai e, depois de formado, ele conseguiu um bom emprego num estaleiro. E tinha acabado de ser pai. Parecia feliz. Parecia...

Logo depois do episódio do Black Label, soube que ele teve um problema sério com a polícia. Antes de fazer julgamentos, liguei pra saber o que havia acontecido. "Melhor você não saber. Vou ter que ir embora pra São Paulo. Acho que não vai me ver nunca mais".

Infelizmente, aquela despedida foi mesmo profética. Três meses se passaram. Ontem a noite, soube que ele estava de volta ao morro, viera visitar a mãe e os amigos. Falei pra um dos meus alunos: "avisa ao Léo que amanhã vou lá ver como ele está".

Não deu tempo. Uns policiais o encontraram antes. Um amigo dele, que viu tudo, disse que foram mais de 10 tiros, a queima-roupa. Ninguém sabe ao certo porque, talvez nunca saberá. Gostaria apenas que a notícia que o Douglas me deu ao telefone fosse a última desse tipo. Mas, infelizmente, tenho a impressão de que não foi...

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Antes só...

Uma amiga fez um comentário ontem que me fez refletir sobre a minha atual (e recente) condição de solteira. Ela disse que eu sou igual a Isabel da novela do Manoel Carlos. Pra quem não sabe, a Isabel é a personagem da Viviane Pasmanter, uma fotógrafa bem sucedida que vive sozinha com um cachorro e parece ser bem feliz assim. Tirando a parte do "bem sucedida", eu acho que pareço mesmo com a Isabel. Cheguei a conclusão que não preciso de namorado, marido, ou afins, pelo menos não agora. Estou me sentindo assim...livre!! Ficar solteira, definitivamente, é uma maravilha...

No domingo, por exemplo, eu tive um dia que seria impossível se estivesse namorando. Aproveitei que estava em casa sozinha (coisa raríssima) e peguei um filme, comprei um vinho e umas coisinhas pra preparar um almoço (só pra mim). Fiquei lá, ouvindo um Fundo de Quintal nas alturas (sem homem pra reclamar que prefere rock), preparando meu almoço (sem homem pra perguntar "falta muito pra ficar pronto?" a cada cinco minutos) e tomando meu vinho (sem homem pra insinuar "vai ficar doidona, hein"). Depois vi o meu filme, li um pouco e dormi até dizer chega. Perfeito!!!

Pros que estão achando que é papo de mal amada ou falso discurso de "mulher-metida-a-bem-resolvida-que-no-fundo-tá-doida-pra-casar", apresento alguns argumentos que confirmam minha tese. É perfeito estar solteira porque:

1- Não preciso depilar a virilha semanalmente;
2- Posso sair com um grupo de amigos na sexta e com outro no sábado, sem dar satisfações a ninguém;
3-Não preciso dar desculpas esfarrapadas para não fazer sexo quando não estou a fim;
4- Não preciso me preocupar com meu hálito quando acordo;
5- Posso programar viagens, fugidas e passeios sem ter que consultar a agenda de ninguem;
6- Vou sozinha a encontros de colegas de profissão, o que significa que não terei que passar pelo constrangimento de incluir um namorado num assunto sobre o qual ele não entende porra nenhuma;
7- Não corro o risco de ser traída ou de levar um pé na bunda;
8- E, o melhor, posso paquerar a vontade...hehehe


Portanto...mulheres encalhadas, sorriam! Ficar sozinha pode sim ser a melhor opção.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Issaaaaaaaaaaa

Tinha que ser na província de Araribóia...

Quem é de Niterói sabe: período eleitoral é época da Kombi do Issaaaaaaaaaaaaaaaa circular pela cidade. Quem é Issaaaaaaaaaaaa? De longe, o maior figuraça deste pleito. Alias, deste e de outros. Em 2002, estava lá. Em 2004, também. Vereador ou deputado, não importa! Issaaaaaaaaaa quer um cargo eletivo! E tenta chegar lá da forma mais prosaica possível. O cara não tem cabos eleitorais distribuindo seus panfletos nas ruas ou tremulando bandeiras com seu numero. Também desconheço a existência de placas, faixas e qualquer tipo de material expositivo da candidatura Issa na cidade.

Ele divulga sua candidatura circulando pelas ruas da Província em uma Kombi branca. Durante as viagens, acena sorridente pras pessoas, enquanto um irritante jingle ecoa dos alto falantes do carro:

Chegou a hora
Faça justiça
Pra estadual vamos votar no Issa
Ele só pensa no bem comum
Vote 11 621


E o refrão (surreal):

Issaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

O jingle é o mesmo em todas as campanhas. Ele deve ter gravado em outros tempos e reaproveitado pra economizar. Seria cômico, se não fosse trágico. Não sei porque, mas Issaaaaaaaaaa incluiu minha rua em seu itinerário diário. Portanto, ouço esta merda diariamente, e o que é pior, às 8h da manha. Inclusive aos sábados e domingos!!!!

O mais impressionante é que o troço pegou. Efeito osmose! Outro dia, tomava um café numa lanchonete do meu bairro quando passa a famigerada Kombi. Todos repetiam, as gargalhadas, o refrão Issaaaaaaaaaaaaaaaaa. Hoje, quando vinha trabalhar, presenciei o mesmo fenômeno. Dezenas de pessoas...Casaizinhos, idosos, vendedores de loja, entregadores de papeizinhos. Quase todos gritavam Issaaaaaaaaaaaaa quando a Kombi passava no centro de Niterói!! Impressionante...

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Para reflexão de todos, uma frase dita com freqüência por um amigo, o jornalista Antônio Figueiredo:

- De concessão a concessão, se chega a prostituição.

Sábio Figueiredo...

Musa de caminhoneiro

Muita gente tem me perguntado o porquê do nome deste blog e decidi que está na hora de explicar. Quem deduziu que se trata de uma referência a minha pessoa, estava certo. A musa em questão sou eu mesma. E antes que pensem que estou "me achando" por ter me intitulado musa, quero deixar claro que o pseudônimo não é uma auto-exaltação. Ao contrário! Bem, vamos a explicação...

Quem me conhece sabe que incorporei alguns centímetros à minha silhueta de uns tempos pra cá. Fenômeno, aliás, que meu amigo e ex-chefe Ostiano, profético, havia previsto na distante copa de 2002, quando eu era estagiária de esportes de O Fluminense, e modéstia à parte, dona de um ajeitadinho manequim 38. Nessa época, devorava sem medo significativas fatias de pizza e generosos raposões do Riviera (um clássico da redação de O Flu) e não engordava um grama sequer.

Pois Osti (para os íntimos)- que é flamenguista e pegava no meu pé porque era estagiária e tricolor- praguejava:

"Tati gorda! Pensa que vai ser magrinha assim pro resto da vida? Você vai engordar"!

E citava como exemplo uma ex-repórter do jornal que, segundo ele, ostentava uns 150 kg depois de ter sido eleita, nos tempos da máquina de escrever,"a mais gostosa da redação".

Bem...o fato é que, como sempre desconfiei, praga de flamenguista costuma ser forte. Porra, Osti! Não é que as calorias ingeridas no período de sedentarismo da redação começaram a fazer efeito mesmo? Dos tempos de manequim 38, só restaram minhas calças jeans aposentadas no cabide...Hoje não passam da coxa!

É verdade que não me tornei necessariamente uma baleia (ainda) mas fiquei assim, digamos, "bem fornida de carnes". Como a maioria das mulheres brasileiras, não faço o tipo esguia como a aquela exígua modelo da abertura de Belíssima. O que significa que grande parte dos 10 kg adquiridos nos últimos dois anos (sim, foram 10 kg) concentraram-se cruelmente no meu quadril (vulgo culote) e na..."parte traseira" da minha anatomia! Conclusão: virei o tipo que ouve aquelas cantadas de pedreiro, caminhoneiro, entregadores de água...Pérolas do tipo: "Que saúde, hein morena?!" ou ainda: "Que coxão, hein?!" O fato é que meu ibope anda alto junto às classes populares. Em outro jornal onde trabalhei, poderia ter sido eleita a "Miss Garagem", tal era o sucesso que fazia com os motoristas.

Constatei definitivamente esse "dom" num episódio ocorrido recentemente. Era um periodo em que estava quase esférica, com minha auto-estima lá em baixo, me achando roliça e fora de forma. Sempre que saía de casa, ouvia os mais variados tipos de elogio dos peões da obra da Ceg que acontecia na minha esquina. Já havia até me acostumado e atétirava de letra. Até que um dia, um dos peões- um rapaz desprovido dos dentes incisivos, coitado- vira-se sorridente para outro que trabalhava ao lado e diz:

-Alá, fulano. Ela hoje tá cheia de graça!

O que já era um drama, virara então motivo para pensar em suicídio. Me tornara a musa dos peão da Ceg!

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Shopping e celular: O inferno existe


Superado o trauma de ver meu celular comprado há dois meses submergir numa poça d`água, tomei coragem pra ir compra outro aparelho, já que enquanto jornalista assoberbada, atarefada e cheia de compromissos, não posso viver sem o bendito aparelhinho.

Já sai de casa de péssimo humor por ter que entrar num shopping em pleno sábado, coisa que eu odeio. Chegando lá, percebi que o meu calvário seria pior que o imaginado. Era véspera do dia dos pais! Como não tenho mais pai, havia me esquecido completamente deste detalhe. Puta que pariu! Era a visão do inferno!!

Fila na escada rolante, lojas absurdamente lotadas. E a loja da Tim, onde eu deveria ir, era uma das mais cheias. Por que caralhos virou moda presentear pai e mãe com celulares nos seus respectivos dias? Coisa mais cafona! Enfim...

Depois de meia hora de espera, consegui ser atendida e, pra minha total decepção, fui informada que não ganharia desconto em novo aparelho, pois meu contrato tem menos de seis meses. Conclusão: embora meu plano seja de conta, teria que pagar o preço de aparelho pré-pago. Usei de um eufemismo pra mandar a gerente tomar no cu e me dirigi a outra sucursal do inferno aqui na Terra, a Casa & Vídeo, pra comprar um daqueles aparelhos desbloqueados.

Não preciso nem dizer que fiquei meia hora numa fila pra escolher o aparelho, outra meia hora na fila pra pagar, uma encarnação esperando a aprovação do credito e mais um equinócio aguardando o vendedor voltar do maldito estoque. E sai de lá com mais uma prestação...

Como dizia vovó, todo castigo pra pobre é pouco!

O presidente e a Província de Araribóia

Lula ama Niterói. Compreensível, já que a cidade, além ficar pertinho da capital, é cheia de estaleiros e, portanto, cheia de petroleiros e metalúrgicos, o "eleitorado trabalhador" tão fiel ao presidente! Também atrai o chefe maior o fato de a nossa cidade ser governada por um petista. E aí que eu me ferro! Como funcionária de cargo comissionado da prefeitura, sou inevitavelmente "convidada" a participar das solenidades lulísticas aqui na Província de Araribóia.

Já fui à inauguração de plataforma (que ainda não estava pronta), assinatura de acordo para encomenda de petroleiros, e ainda despenquei pro Clube Mauá, na vizinha São Gonçalo, para assistir a uma incrível solenidade de "lançamento de pedra fundamental" de uma nova refinaria da Petrobrás. Nossa! Se existe inferno, acredito que tenha um cenário parecido com aquele.

A temperatura chegava a 40º (quem conhece São Gonça sabe o que significa um dia de calor na cidade)! Centenas de criancinhas (que chegaram em ônibus fretado pela prefeita, que é do PFL, mas afaga o presidente) corriam e gritavam pelo lugar, enquanto mamães e professoras assistiam empolgadas ao discurso do nosso presidente num telão (isso mesmo, não coube todo mundo na parte interna do clube. Grande parte ficou de fora vendo tudo no telão). Enfim...

Mas no quesito perrengue, nada se compara ao que eu passei durante a última passagem do ilustre representante maior da nação por essas bandas...Dessa vez, ele não veio como presidente, mas como candidato, pra fazer um comício. Num fim de tarde de sexta-feira, era prenuncio de um programa inesquecível! E foi...

Quando cheguei, já me deram uma bandeira pra eu incorporar o clima de cabo eleitoral. Com o adorno em punho, pensei que bastava esperar a chegada no presidente-candidato e partir para minha noitada sagrada de sexta-feira. Ledo engano...a organização do comício preparou uma prévia: os candidatos a deputado fariam discursos. Mais de 20 candidatos! Meu consolo foi o discurso de um candidato a deputado estadual campista totalmente fanho, que me rendeu boas risadas naquele momento de mau-humor.

Terminada esta etapa, achei que terminaria também meu calvário. "O presidente vai chagar logo, vai fazer sua fala e eu vou poder ir embora me preparar pro meu sambinha", pensei. Mais uma vez, estava enganada...
O homem só chegou meia hora depois. O que ficamos fazendo nesse ínterim? Ouvindo exaustivamente o jingle É lula de novo, com a força do povo enquanto um cara, que mais parecia um animador de programa de auditório, clamava aos berros:

-Quem vota em Lula, levanta a mãããããão!

Pedido intrigante. Será que algum eleitor do Alckmin sairia do trabalho numa sexta-feira e, ao invés de tomar seu chopp, iria direto para um comício do PT? Bem...

Por volta de 8h da noite, o comício, enfim, acabara. Me preparava pra ir pra casa, me arrumar pro meu sambinha, quando alguém esbarra na minha bolsa, fazendo meu celular ser projetado direto pra uma poça d'água, onde submergiu e...morreu. Era tudo que eu precisava. Com minha conta no vermelho e meu limite do cartão de crédito estouradíssimo, ter que comprar um celular novo. Mas essa história fica pro outro post...

Pelo menos, consegui ir pro meu sambinha...

Sambinha de sexta

Às vezes acho que a proximidade dos 30 me deixou meio chata. Não tenho mais nenhuma tolerância com lugares muito cheios, tumulto, playboysada, musica ruim...por isso não vou mais a boates, chopadas e recuso educadamente convites para churrascos onde eu sei que vai tocar axé (tenho vontade de cometer atentados quando ouço coisas do tipo "Sou praieiro, sou solteiro...".

E como hoje em dia é difícil encontrar lugares que fujam desse estereótipo, quase não saio mais. Até o Candongueiro-antigo reduto da boemia sambista- passo a ser freqüentado por seres fortinhos de abadá!! Mas felizmente, ainda há lugares que se salvam no Rio de Janeiro. E um deles é o Trapiche Gamboa, no Centro da cidade, para onde fui na sexta à noite com uma amiga.

Lugarzinho simpático esse! Logo que cheguei, fiquei impressionada com a decoração. O lugar é uma espécie de galpão bem antigo, que foi restaurado e ficou uma graça. E a cozinha faz umas comidinhas maravilhosas e baratas. Comemos uns bolinhos de aipim com camarão tentadores. E a música? Sempre tem uma roda de samba, cada dia com um grupo diferente. Não me lembro o nome do que tocou na sexta, mas era simplesmente perfeito. Formado por uns coroinhas simpaticíssimos, tocava sambas de Cartola e Noel a Zeca Pagodinho e Roberto Ribeiro. Dancei até com um garçom!

Mas o melhor do lugar era o público. Gente mais velha, alguns da minha faixa etária... mas ninguém de 18 anos!! Não havia menininhas saradas, de cabelo liso e argolão, que parecem produzidas em série. Nem tampouco bombadinhos de abadá ou hypes de cabelo cacheado. Definitivamente, não é um lugar de "gente bonita". Que bom! Credenciado pra ser frequentado por uma pré-balzaca ranzinza!

Já quis ser a Clarice Lispector

Sempre gostei de escrever, mas nunca fui assim...uma Clarice Lispector. No entanto, a família elogiava minhas "obras". Minhas tias levavam meus escritos para mostrar aos amigos do trabalho e as professoras do primário (sim, na minha época ainda não era "ensino fundamental") diziam pros meus pais que eu tinha um "precoce talento literério".

Deveria ser crime inafiançável enganar crianças...eu acabei acreditando que era aquilo tudo mesmo! E me tornei uma adolescente meio metida a intelectual e chatinha pra cacete! Tinha um livro em que escrevia umas poesias toscas (o qual minha mãe guarda até hoje como se fosse uma obra-prima), fazia o jornalzinho da escola, escrevia peças teatrais (inacreditavelmente ruins) e ganhava com freqüência os concursos escolares de redação, o que levou meu pai a pensar que seria uma escritora famosa.

Bem...se meu pai ainda estivesse por aqui, ele não teria muitos motivos pra se orgulhar, a não ser o fato de eu ter caído na real. Nunca ousei publicar nem um daqueles livrinhos vendidos por hipongas na Lapa. Virei jornalista. Não que todo jornalista seja um escritor medíocre. Até tenho uns coleguinhas que escrevem contos fantásticos.

Mas meu "precoce talento literário", que já não era lá essas coisas, sucumbiu aos exercícios de técnica de reportagem praticados exaustivamente na faculdade...Hoje, só sei fazer um texto que tenha lead. No entanto...vou tentar escrever algumas besteiras por aqui. Escrever diariamente num blog vai, ao menos, justificar a dívida que contraí pra comprar este pc...